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A arte dos cabelos de Luciana Magno

A artista paraense Luciana Magno está há 12 anos sem cortar o cabelo. Medindo pouco mais de 1,50m de altura, a longa cabeleira contorna a sua silhueta e se enrola a seu corpo. Como alternativa para prendê-lo, ela também faz coques e tranças. Mesmo jovem,

A artista paraense Luciana Magno está há 12 anos sem cortar o cabelo. Medindo pouco mais de 1,50m de altura, a longa cabeleira contorna a sua silhueta e se enrola a seu corpo. Como alternativa para prendê-lo, ela também faz coques e tranças. Mesmo jovem, aos 27 anos, não se trata de uma experiência estética com a própria aparência, mas de uma relação com o tempo, para sentir o correr dos dias vendo os fios crescerem, observar as texturas cotidianas, o volume atiçado pelo clima.

Luciana já fez alguns experimentos artísticos com o cabelo e busca desenvolver poéticas em performance, vídeo e fotografia baseado no tempo, como na série “Orgânicos”. Agora, os fios vão servir de tessitura para os punhos de uma rede, mesmo sem ter que cortá-lo. Ela desenvolve o projeto na ilha de Itaparica, na Bahia, em residência artística internacional junto com outras três artistas dos Estados Unidos, uma da Sérvia e outra da Suíça, no Instituto Sacatar. A participação foi o prêmio por ter vencido a categoria Pipa Online em 2015.

“Não cortei meu cabelo e essa rede será uma performance como uma extensão dele. A rede é uma continuidade do meu corpo. Vou fazer tranças no meu cabelo que vão ser o punho da rede. É um elogio à preguiça do povo brasileiro. Entendo o ritmo orgânico do corpo como outro ritmo e tento preservar isso. Fazer esse trabalho na Bahia é simbólico por isso, por ser um estado conhecido como lugar de pessoas preguiçosas, um estereótipo”, conta.

A inspiração para a proposta veio do romance “Macunaíma”, de Mário de Andrade, lançado em 1928. “A rede é baseada na personagem da Mãe do Mato, a Ci, que é uma Icamiaba, as mulheres que vivem sem a presença masculina na tribo. E ela se apaixona por outro índio e tece com o próprio cabelo uma rede para o Macunaíma, para nunca esquecê-la, como um feitiço”, explica Luciana.

Para o procedimento de tecelagem, a artista tem ido a Salvador e se juntado aos profissionais da área. Ela também já passou um tempo na praia do Iguape, comunidade no Ceará, visitando a associação de rendeiras de bilro, que produzem a renda artesanal típica da região. Na Bahia, ela pretende visitar ainda a comunidade de rendeiras em Saubara, cidade do Recôncavo Baiano.

Para a artista, estar no instituto é fundamental para desenvolver a performance. “O Sacatar nos possibilita grande vantagem, pois tem uma excelente infraestrutura. Tenho quarto e ateliê separado, além de alimentação garantida. Então, a gente não se preocupa com subsistência. É aquela ideia do tempo livre, do ócio produtivo, para você utilizar o tempo como achar melhor. Quero pensar no tempo da natureza, o tempo que as coisas demoram para crescer”, diz.

Sacatar é palco para criatividade

Localizado na ilha de Itaparica, o Instituto Sacatar é uma organização sem fins lucrativos que premia pessoas criativas e artistas de todas as idades, disciplinas e nacionalidades, oferecendo-lhes tempo e espaço para se dedicarem às suas produções, de forma que possam trabalhar dentro do contexto cultural da Bahia. O programa do Sacatar fornece passagem aérea, estúdio, quarto e alimentação a artistas escolhidos através de concorridos processos seletivos.

A sede do Instituto Sacatar, situada à beira-mar, anteriormente era a casa de praia do Instituto Feminino da Bahia, de Henriqueta Catharino. Hoje, a propriedade conta com cinco suítes e sete estúdios. Destes, quatro são mais utilizados por artistas visuais, um por escritores e um por músicos e/ou compositores. Há ainda um estúdio para dança e/ou performance, que conta com um camarim e um palco para apresentações.

(Dominik Giusti/Diário do Pará)

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