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Jovem é agredida dentro de bar em Belém

“Fui vítima de assédio e agredida a socos e pontapés. Estou despedaçada. Despedaçada física e emocionalmente, mas não vou me calar”, relata chorando a jovem Myriam Ruth, 22 anos, estudante do curso de Medicina em uma instituição de ensino particular, que

“Fui vítima de assédio e agredida a socos e pontapés. Estou despedaçada. Despedaçada física e emocionalmente, mas não vou me calar”, relata chorando a jovem Myriam Ruth, 22 anos, estudante do curso de Medicina em uma instituição de ensino particular, que afirma ter sido agredida por um jovem no último domingo (10), durante uma festa no Toca Restô Bar, localizado na avenida Braz de Aguiar, no bairro de Nazaré, área nobre de Belém.

Nas redes sociais, o homem apontado como agressor de Myriam se identifica como originário de Buenos Aires e, atualmente, morador de Belém. Ele ainda divulga fotos ostentando sua faixa preta de Jiu-Jistu e posando com medalhas.

Myriam, que também usava a web para compartilhar seus momentos felizes e rodeados de amigos, agora tem em sua página pessoal uma enxurrada de compartilhamentos solidários a violência que sofreu. A foto do olho coberto por hematomas repete-se na timeline tomando o lugar dos posts antes de alegria.

A jovem relata que a confusão no bar iniciou quando compartilhava uma mesa com mais cinco amigas. O agressor teria se aproximado da mesa junto com um grupo composto por outros homens. Após repetidas atitudes invasivas, iniciou-se a cena que terminaria em espancamento.

“Eu cheguei ao bar por volta das 20h e tinha reservado uma mesa. Próximo de meia noite, ele (o agressor) se aproximou da nossa mesa com os amigos e colocou o balde de bebida sem pedir autorização. Eles foram ficando muito próximos e aquilo estava me incomodando. Chamei um segurança e ele não fez nada. Aí, fui até uma segurança mulher e contei o que estava acontecendo. Ela foi até a mesa e pediu para eles se retirarem, mas logo em seguida voltaram e foram se aproximando cada vez mais”, conta.

Ela detalha que logo em seguida veio a violência. “Ele ficou tão próximo de mim e eu pedi para se afastar. Nisso, ele foi e passou a mão em mim e eu disse para ele não tocar. Foi quando ele me deu um soco e eu caí no chão, chegando bater a cabeça na mesa. Ele continuou as agressões, me dando chutes. Minha amiga tentou impedir e também foi agredida. Ele ainda me ameaçou de morte”.

“A Polícia Militar foi acionada e os policiais simplesmente alegaram não poder fazer nada por não ter sido um flagrante, mesmo com muitas testemunhas presentes, já que o rapaz, com auxílio dos amigos, imediatamente fugiu do local”, relatou.

Mesmo machucada, Myriam buscou auxílio na Delegacia da Mulher, no bairro do Marco, porém julga não ter recebido a atenção adequada.

“A delegada sequer me ouviu e se negou a gerar boletim de ocorrência por não ser um crime de violência doméstica, o que todos sabemos, se considera omissão de socorro. A delegada ainda mandou eu ir para casa e tomar um banho. Onde estão as leis do nosso país que deveriam nos proteger?”.

Na segunda-feira (11), a jovem foi encaminhada para o Hospital da Aeronáutica, onde recebeu atendimento e foi emitido um laudo com todas as lesões. Ela também realizou o exame de Corpo de Delito.

Myriam Ruth conta que apenas nesta terça-feira (12) conseguiu registrar um Boletim de Ocorrência na Seccional da Sacramanta.

“Quantas vezes mais vamos ouvir essas histórias? Podia ser uma mãe, irmã ou conhecida nossa. E dessa vez fui eu! Não terei vergonha de gritar aos quatro cantos, isso tem que parar! É criminoso e não vai sair impune. Eu espero que seja feita justiça. Eu estou fazendo acompanhamento psicológico. Estou com medo de sair de casa. É um sentimento de impotência”.

REPERCUSSÃO NAS REDES SOCIAIS

Nas redes sociais, a mãe de Myriam, Jucy Nery, fez um post público indignado da agressão sofrida pela jovem. No texto, Jucy afirma que a “família chora e está indignada pela falta de humanidade e respeito de alguns seres humanos”.

A mãe da vítima levanta questões sobre direitos das mulheres que ainda são violados constantemente. “Em pleno século 21, uma mulher que recusa um assédio descarado é vítima de empurrões, socos e pontapés pelo próprio, pois foi isso que este agressor fez com minha filha. Não vamos nos calar, não temos medo”, escreveu Jucy.

Aflita, ela ainda critica a falta de assistência no atendimento da Polícia Civil. “Ao chegar por com ajuda de suas amigas à Delegacia da Mulher para prestar queixas, sequer foi vista pela delegada de plantão que se recusou a recebê-la e gerar boletim de ocorrência, alegando não se tratar de violência doméstica. Ou seja, uma polícia que teoricamente deveria manter a nossa segurança nos deixou completamente desamparadas!”.

Até a publicação desta reportagem, o depoimento postado nas redes já havia superado 900 compartilhamentos, além de centenas de comentários indignados. Veja:

POSICIONAMENTO DO BAR

O DOL conversou com Pedro Russell, dono do restaurante Toca, onde ocorreu a suposta agressão. Ele confirmou que diversas testemunhas presenciaram a violência sofrida por Myriam Ruth. Segundo Pedro, após a agressão, o jovem foi retirado da festa por seguranças.

O proprietário afirma que foi o primeiro registro desse tipo de incidente no restaurante, durante sete anos de funcionamento, e que ele se coloca “à disposição da polícia e que oferecerá todo suporte para que a justiça seja feita”.

Pedro também comenta que, assim que a polícia encaminhar ofício, as imagens das câmeras de segurança serão disponibilizadas para auxiliar na investigação. “Um caso desses não pode ficar impune. Esse incidente não reflete a imagem do nosso público, que é amigo e se respeita. Nós já identificamos quem é o suspeito e isso foi repassado aos nossos seguranças”, conclui o dono do local.

POLÍCIA CIVIL

Já a Polícia Civil informou, por meio de nota, que “a partir do registro do boletim de ocorrência, realizado na Seccional da Sacramenta, a denúncia será apurada pela Seccional de São Brás, que responde pelo bairro onde está localizado o local do crime. Assim, a vítima será ouvida no inquérito e serão tomadas as providências para identificar o autor da agressão”.

Com relação à denúncia da vítima da agressão sobre o mau atendimento na Delegacia da Mulher, a Polícia Civil afirma que “por não se tratar de violência doméstica e familiar, já que a agressão teria ocorrido em um local público, o crime não está previsto dentro dos tipos penais abrangidos pela Lei Maria da Penha que rege a atuação das Delegacias da Mulher no Brasil”.

A Polícia Civil conclui declarando que a vítima pode denunciar o mau atendimento à Corregedoria Geral da Polícia Civil, por meio de boletim de ocorrência, para que medidas sejam adotadas para apuração dos fatos.

O DOL também entrou em contato com o Polícia Militar e com o suspeito de agredir a jovem e aguarda retorno.

(Ana Paula Azevedo e Hélio Granado/DOL)

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