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Estudante paraense desaparece e Interpol investiga

A última segunda-feira (04) marcou o início de uma história de angústia e desespero para uma família paraense. A estudante de jornalismo Karina Raiol Barbosa, 20 anos, despediu-se dos parentes e saiu de casa afirmando que iria para a universidade, como

A última segunda-feira (04) marcou o início de uma história de angústia e desespero para uma família paraense. A estudante de jornalismo Karina Raiol Barbosa, 20 anos, despediu-se dos parentes e saiu de casa afirmando que iria para a universidade, como fazia diariamente. No entanto, a garota não retornou e, após buscas realizadas junto às autoridades, descobriu-se que a jovem teria saído do país com destino incerto.

Karina era graduanda de Comunicação Social – habilitação Jornalismo, pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Em outubro de 2014, ela fez um curso de língua árabe oferecido pelo Centro Cultural Islâmico do Pará. Durante as aulas, surgiu interesse pela cultura e religião do islã, segundo informações de familiares da jovem.

Em abril de 2015, Karina comunicou aos pais o desejo de se converter ao islamismo. A vontade se concretizou tempos depois, em junho do mesmo ano. Ela adotou costumes da religião, como a vestimenta típica, passando a utilizar o hijab (véu que cobre o rosto das adeptas do Islã), além de camisas de manga comprida, e calças junto com saia longa.

Karina adotou costumes da religião, como a vestimenta típica, passando a utilizar o hijab (véu que cobre o rosto das adeptas do Islã). (Foto: Reprodução/Facebook)

Dentro de casa, a estudante continuava muito próxima da família. “Eu tenho quase certeza que ela foi coagida. Ela tinha um amor muito grande pelos meus pais. Era muito apegada mesmo. Ela também amava meu filho, que inclusive está fazendo aniversário hoje [quarta-feira, 6 de abril]. Ela comentava coisas da religião dela com ele. Ela era apenas uma menina de 20 anos”, contou Karen Raiol, irmã de Karina.

Karen ainda conta que a irmã havia sido recentemente aprovada em um estágio em comunicação social, que iniciaria nesta semana.

ANGÚSTIA

Após não voltar para casa na segunda-feira (04), os familiares de Karina começaram uma busca desesperada pela estudante: a irmã foi até a UFPA, onde ela estudava; o pai foi a hospitais e até ao Aeroporto Internacional de Belém. Nos locais, ninguém tinha informações sobre a garota.

Karen Raiol conta que o celular de Karina, que durante toda segunda-feira estava desligado, deu sinal de que foi ligado na madrugada da terça-feira (05) por pouco tempo. Os familiares tentaram ligar: inicialmente o celular parecia estar ocupado; depois a ligação foi recusada; por fim, o aparelho voltou a ser desligado.

Depois, ao conversar com colegas de curso de Karina, os familiares descobriram que ela não tinha ido à universidade na segunda-feira e que durante o mês de março não frequentou regularmente as aulas de jornalismo.

Professores da graduação também informaram à família que Karina alegava que estava sendo proibida de sair de casa para frequentar as aulas.

SAÍDA DO PAÍS

A pior notícia veio na terça-feira (05). A Polícia Federal informou aos familiares que Karina havia saído do país na manhã desse dia 05, às 5h14, pelo Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo. Segundo a polícia, a estudante utilizou um passaporte lícito para deixar o Brasil, documento que a família desconhecia que a estudante possuía.

Segundo nota encaminhada pela Polícia Federal, tanto o destino da brasileira, assim como o real motivo da viagem ainda são desconhecidos. A PF ainda informou que os depoimentos colhidos junto aos familiares de Karina foram enviados para a Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol).

A Polícia Federal alegou que até o momento “não foi constatado nenhum fato ilícito (crime), pois “a nacional é maior e o passaporte, até então questionado como falso, é verdadeiro”.

QUESTIONAMENTOS

Muitas são as questões que envolvem o caso de Karina Raiol. Uma das principais perguntas que a família faz é como a estudante conseguiu pagar as passagens para fora do estado e para sair do país.

“A Karina não tinha recursos para fazer essas viagens. Fiz uma pesquisa e as passagens para alguns destinos como Istambul estão custando quase R$ 8 mil. Nem ela e nem o meu pai teriam dinheiro para arcar com esses custos. Nem mesmo se ela tivesse guardado dinheiro por muito tempo”, questiona a irmã de Karina.

O fato aumenta as suspeitas da família de que a jovem pode ter sido coagida a fazer a viagem.

Outro questionamento feito pelos parentes de Karina é sobre onde ela estaria indo durante o mês de março, já que não frequentava regularmente as aulas no curso de jornalismo. Para os familiares, Karina alegou que não comparecia o Centro Islâmico desde novembro de 2015.

ISLAMISMO

A informação de que Karina não frequentava a mesquita foi confirmada pelo líder da comunidade islâmica de Belém, Said Mounssif, que também trabalha como pesquisador na Faculdade de Engenharia Naval da UFPA. Ele conta que Karina começou a se afastar da comunidade no final do ano passado, cancelado inclusive contas em redes sociais como Facebook.

Segundo Said, representantes da comunidade perguntaram os motivos do afastamento da jovem e ela alegava que os horários das orações no Centro coincidiam com as aulas dela na UFPA. As frequentadoras da mesquita também haviam perdido o contato com a jovem.

O representante do Islã também teve conhecimento de que Karina estava tomando lições sobre o islã em inglês, possivelmente por meio da internet. “Ninguém sabe o que aconteceu. Estamos surpresos com a notícia. Isso é muito triste e mexeu muito com a gente”, comenta Said.

Ele comenta que o Centro Islâmico Cultural tenta mostrar uma abordagem moderna do islã, que prega a harmonia e convivência com outros grupos religiosos e sociais. “Sempre aconselhamos as pessoas que nos procuram, que estão iniciando no islamismo, para ir com calma. Há muitas informações na internet. O problema é que muitas dessas informações são erradas, que enganam e confundem. Estamos mostrando um islã moderno, que convive com outras pessoas, que não olha o outro como se fosse errado”, afirma Said.

O representante também explica que o Centro Islâmico Cultural do Pará, bem como outros centros do islã no Brasil, critica e não concorda com a ação de grupos extremistas que agem supostamente em nome da religião. “Não concordamos com esses criminosos, bandidos, que estão matando inocentes. O islã não tem nada a ver com essa gente, que não representa os muçulmanos”, declara.

UFPA SE POSICIONA

Após o desaparecimento de Karina, também especulou-se sobre um curso de língua árabe feito pela estudante na UFPA.

Por meio de nota, a universidade informou que “a mesma não participou de nenhum curso de língua árabe existente na instituição”. O referido curso foi o oferecido no Centro Islâmico Cultural do Pará, em 2014.

(Hélio Granado/DOL)

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