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Odebrecht doou quase R$ 700 mil a Jatene

Pelo menos R$ 2,8 milhões foram doados por empresas do grupo Odebrecht a políticos do PSDB no Pará, nas eleições de 2014. Desse total, quase R$ 700 mil irrigaram a campanha eleitoral do governador Simão Jatene. Até chegar ao caixa dos tucanos paraenses, p

Pelo menos R$ 2,8 milhões foram doados por empresas do grupo Odebrecht a políticos do PSDB no Pará, nas eleições de 2014. Desse total, quase R$ 700 mil irrigaram a campanha eleitoral do governador Simão Jatene. Até chegar ao caixa dos tucanos paraenses, porém, o dinheiro percorreu um longo caminho: ele foi doado pelo grupo Odebrecht à Direção Nacional do PSDB, que, por sua vez, o repassou à Direção Estadual e ao Comitê Financeiro Único (CFU) do partido no Pará. Só depois, chegou aos destinatários finais: o governador Jatene e candidatos ao Senado, Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa do PSDB. As informações foram extraídas pelo DIÁRIO dos sites do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), da Receita Federal e da própria Odebrecht.

Na última quarta-feira (23), a construtora Norbert Odebrecht foi alvo da 26ª fase da Operação Lava Jato, que apura supostas fraudes e desvios de recursos em contratos da Petrobras com grandes empreiteiras. Segundo a Polícia Federal (PF), a Odebrecht possuía uma “estrutura profissional” de pagamento de propinas e de doações eleitorais a partidos políticos. Entre os documentos apreendidos pela polícia, no mês passado, foram encontradas planilhas (o chamado “listão da Odebrecht”), com valores repassados a 316 políticos de 24 partidos. Os repasses ocorreram nas eleições de 2012 e 2014 e beneficiaram, na maioria, políticos de oposição ao Governo Dilma Rousseff. No entanto, ainda não se sabe se tais valores são de doações realizadas legalmente ou se são de propinas.

As doações eleitorais aos tucanos paraenses, já detectadas pelo DIÁRIO, foram efetuadas por quatro empresas do grupo Odebrecht: a construtora Norberto Odebrecht, a Odebrechet Óleo e Gás, a Braskem e a Hangar Empresarial Empreendimentos Imobiliários. Isso não descarta, porém, a possibilidade de doações de outras empresas do grupo. O problema é que é preciso abrir as constituições societárias de cada doadora de campanha do PSDB paraense, para se chegar a tais ligações.

SÓCIOS

A Hangar, por exemplo, cuja sede fica na Bahia, aparentemente não tem nada a ver com a Odebrecht. Mas o DIÁRIO constatou, na Receita Federal, que ela tem como sócios administradores as empresas Odebrecht Realizações Imobiliárias e a Betria Empreendimentos Imobiliários. Ambas funcionam no mesmo endereço (Rua Lemos Monteiro, 120, andar 18, em São Paulo), têm os mesmos telefones e endereço eletrônico. Até o presidente das duas empresas é o mesmo: Paul Elie Altit, que se encontra em prisão temporária desde a semana passada. Detalhe: os telefones da Hangar, que estaria sediada em Salvador, são de São Paulo e pertencem às suas sócias administradoras.

Site do TSE mostra os repasses feitos pelas empresas do grupo Odebrecht a Jatene e ao PSDB. (Foto: reprodução)

Outro problema é a falta de transparência das contas do PSDB paraense. Até 2010 a identificação da origem do dinheiro das campanhas do governador Simão Jatene era um verdadeiro mistério. Todas as doações eram realizadas para Jatene por meio do Comitê Financeiro Único (CFU) e do Diretório Estadual do PSDB. Para saber que empresas abasteceram a campanha eleitoral do governador, só abrindo as contas desses dois cofres lacrados pela turma do governador. Em 2014, no entanto, a Justiça Eleitoral determinou a identificação de quem fez, originalmente, as doações para os candidatos.

Graças a isso, foi possível conhecer os valores da Odebrecht que entraram nas contas de Jatene e seus aliados. A determinação da Justiça parece ter pego os tucanos de calças curtas, já que, por vezes, as contas de campanha de Jatene, CFU, Diretório e doadores simplesmente não batem entre si, apesar de aprovadas pela Justiça Eleitoral do Pará.

OUTROS POLÍTICOS DO PSDB TAMBÉM RECEBERAM VERBA DA CONSTRUTORA

Além do governador Simão Jatene, também receberam dinheiro das empresas do grupo Odebrecht outros políticos do PSDB ou aliados de alto coturno. A lista é grande. Dela, fazem parte Mário Couto (ex-PSDB) e Helenilson Pontes (PSD), candidatos derrotados ao Senado; Celso Sabino de Oliveira (PSDB), Cilene Couto (PSDB), Ìtalo Mácola (PSDB), José Eduardo Pereira da Costa (PTB), e Divino dos Santos (PRB), então candidatos a deputado estadual; Ademir Andrade (PSB), Joaquim Passarinho (PSD), Nilson Pinto de Oliveira (PSDB), Raul Batista (PRB), Wladimir Costa (SD) e Eder Mauro (PSD), então candidatos a deputado federal. Tem até caso de família na história. Candidata a deputada federal pelo PSC, Júlia Godinho da Cruz Marinho é esposa do vice-governador do Pará, Zequinha Marinho.

Pastor Divino (PRB) e Celso Sabino (PSDB) também tiveram candidaturas bancadas por empresas do grupo Odebrecht. (Fotos: José Pantoja e Cristino Martins/Ag. Pará)

Ao todo, as doações da construtora Odebrechet, Braskem e Hangar Empresarial a comitês, diretórios e candidatos a todos os cargos eletivos, de vários partidos políticos, atingiram, em 2014, quase R$ 80 milhões, segundo dados do TSE.

JADER ESCLARECE DOAÇÃO PARA CAMPANHA

“Nunca recebi dinheiro nem favores da Odebrecht.” A afirmação é do senador Jader Barbalho (PMDB), que, mais uma vez, vê a divulgação de informações incompletas da operação Lava Jato envolvendo seu nome. Com a apreensão de uma lista de nomes cujas informações sequer foram verificadas anteriormente, veículos da imprensa divulgaram os nomes dos políticos citados, sem apurar os dados.

A lista divulgada e que teria sido apreendida na casa do presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Barbosa Júnior, contém nomes de políticos e valores que podem ser de contribuições para campanhas eleitorais. As próprias matérias divulgadas pela imprensa nacional afirmam que a lista não permite depreender se são doações legais de campanha eleitoral ou caixa 2.

As informações com relação ao senador Jader Barbalho coincidem com os dados do diretório estadual do PMDB no Pará, do qual Jader é presidente licenciado. “Se eles tiveram intenção de contribuir para minha campanha em 2010, não materializaram”, observa o senador. “É preciso distinguir doação de campanha de propina. O PMDB teve sua prestação de contas aprovada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Todas as doações foram feitas dentro do que é permitido por lei”, reforçou Jader.

Jader Barbalho afirma estas à inteira disposição da Justiça. (Foto: Janduari Simões/Diário do Pará)


RESPOSTA

Na última quarta-feira (23), após a publicação das informações, Jader Barbalho divulgou uma nota de resposta. “Com relação ao noticiário veiculado na mídia, informo que nunca recebi dinheiro, nem favores da Odebrecht. Nada. Aliás, nunca ouvi falar em Benedicto Barbosa Jr. Se eles tiveram intenção de contribuir com minha campanha em 2010, não materializaram”, disse o senador, na nota. Jader disse, ainda, que toda a apuração da Lava Jato tem de ser feita com muita clareza, para que nomes de pessoas inocentes não sejam envolvidos em delações falsas. “Estou à inteira disposição da Justiça para o que ela precisar apurar”.

(Ana Célia Pinheiro/Diário do Pará)

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