IEC confirma 1ª morte por zika vírus no Pará

O Instituto Evandro Chagas (IEC) anunciou, na manhã de ontem, a confirmação do 1º caso de morte por zika vírus que se tem conhecimento no mundo. A conclusão foi possível após a análise, feita em Belém, de amostras enviadas do Estado do Maranhão. O Ministério da Saúde (MS) foi notificado oficialmente sobre o caso pelo próprio instituto, na última quinta-feira (26).

O médico e pesquisador da seção de arbovirologia e febres hemorrágicas do IEC, Pedro Vasconcelos, informou que as amostras analisadas são referentes a um paciente do sexo masculino, que tinha 35 anos e morreu em junho deste ano em São Luís, capital maranhense. “Como há um relato da Organização Mundial de Saúde (OMS) de que não há mortes registradas no mundo causados por zika, talvez esse seja o primeiro óbito atribuído a esse vírus”.

ANÁLISES

No 1º momento, as amostras, recebidas em julho deste ano, apontavam para morte por dengue. Porém, a partir das análises, foi descartada essa possibilidade. Os pesquisadores do IEC também avaliaram a chance da morte ter sido causada por hepatite viral, rotavírus e leptospirose. A surpresa foi a confirmação da morte por zika vírus. “Ele teve uma viremia (presença de vírus no sangue) intensa”, afirma.

O pesquisador aponta que o paciente também sofria de outras doenças que, normalmente, deprimem o sistema imunológico, como artrite reumatoide e lúpus, além de fazer uso de anti-inflamatórios hormonais. “A gente não sabe se essas condições contribuíram ou não para a ocorrência da morte. É bem provável que sim, mas não podemos afirmar categoricamente”, esclarece.

Vasconcelos destacou que, a partir de agora, todos as amostras de casos de mortes semelhantes que, desde o ano passado não foram confirmados como dengue, serão testados para o zika. “É possível que nós tenhamos outras mortes confirmadas por zika nos próximos dias”.

Casos de dengue cresceram 48% no PA

O Pará tem 4.362 casos confirmados de dengue registrados até o último dia 5. No mesmo período do ano passado, foram 2.957 ocorrências, o que representa aumento de 48% nos casos, segundo a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).
Segundo o órgão, apenas em 2015 foram registrados 35 casos de zika no Pará. O coordenador estadual do Programa de Controle de Endemias da Sespa, Bernardo Cardoso informa que foram registrados 5 casos de microcefalia este ano no Estado, sem associação com a zika, número esperado, segundo ele, pois a quantidade de casos durante os últimos 5 anos mantém-se em faixa controlada.

Até o último dia 21 , foram notificados 739 casos suspeitos de microcefalia, identificados em 160 municípios de 9 estados, de acordo com a segunda edição do informe epidemiológico sobre microcefalia, divulgado
na terça-feira (24).

Dos 11 municípios com maior ocorrência da dengue, Belém lidera no ranking, com 1.136 casos confirmados, seguido por Parauapebas (366), Altamira (256), Senador José Porfírio (184), Canaã dos Carajás (146), Alenquer (127), Marituba (119), Breves (113), Ananindeua (107), Marabá (72) e Santarém (32).

(Cintia Magno/Diário do Pará)