Currículos podem ser adaptados

A adoção de currículos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) adaptados às circunstâncias do trabalhador foi um dos destaques da Plenária Nacional do Fórum dos Conselhos Estaduais de Educação, iniciada na manhã de ontem, no auditório da Federação das Indústrias do Pará (Fiepa), em Belém. O presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep), Francisco Soares, representou o ministro da Educação Aloizio Mercadante, na abertura do evento.

Responsável por apresentar, aos representantes dos 26 Estados da federação e do Distrito Federal e para 3 representantes do Ministério da Educação (MEC), a metodologia diferenciada utilizada na educação de adultos que trabalham, o Serviço Social da Indústria (Sesi) apontou que a inovação surgiu quando se percebeu que a média de desistência de alunos do EJA, no Brasil, ainda é bastante elevado, cerca de 75%.

De acordo com a gerente de educação para o trabalhador do Sesi/Departamento Nacional, Maria Helena Martins, a partir de um estudo sobre a educação de adultos desenvolvida dentro do próprio serviço, verificou-se que as causas para essa alta taxa estariam relacionadas, em parte, ao próprio projeto pedagógico, ao currículo e à rotina diferenciada dos estudantes. “Concluímos que o projeto pedagógico disponível no Brasil não é adequado ao perfil da EJA, principalmente se esse aluno é um adulto que trabalha”, diz Maria Helena. “Esses alunos já trazem uma carga de saberes desenvolvida que, muitas vezes, acaba não sendo reconhecida pela escola”. Como proposta, o estudo aponta a possibilidade de reestruturação do projeto pedagógico, com uma grade curricular diferenciada e tendo como matriz a definição por áreas do conhecimento.

Os ambientes de aprendizado também passariam a ser diferenciados e, além do ambiente escolar tradicional, poderia se desenvolver a partir da educação a distância e até mesmo no ambiente de trabalho do aluno.

ABERTURA

Além do foco na educação de jovens e adultos, o presidente do Inep, Francisco Soares, fez questão de destacar algumas mensagens deixadas pelo ministro Mercadante. Citando a participação do ministro, na última quarta-feira (25), de uma audiência na Câmara dos Deputados, Soares destacou que ele tem focado suas atuações na discussão acerca da Base Nacional Comum Curricular (BNC) - ferramenta que estabeleceria os conhecimentos essenciais a que todos os estudantes brasileiros teriam de ter acesso da creche ao final do ensino médio. “Quando esse Governo e o ministro abraçam a causa da base nacional comum, não se interessam por padronização, porque o Brasil é diverso”, disse.

(Cintia Magno/Diário do Pará)