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Abandono de escolas dificultam ensino no Pará

Nós temos sonhos para os nossos filhos...”. Antes da frase ser concluída, os olhos são tomados pelas lágrimas que parecem dar vazão à indignação. Imaginando o momento em que poderá ver a filha formada, a reação da chefe de produção, Jane Rebelo, 32 anos,

Nós temos sonhos para os nossos filhos...”. Antes da frase ser concluída, os olhos são tomados pelas lágrimas que parecem dar vazão à indignação. Imaginando o momento em que poderá ver a filha formada, a reação da chefe de produção, Jane Rebelo, 32 anos, é proporcional aos problemas que acompanham a rotina de quem frequenta a Escola Estadual Dr. Celso Malcher, no bairro da Terra Firme. O colégio foi apenas um dos três vistoriados pela Assembleia Legislativa do Estado do Pará na manhã de ontem.

Instalada no entorno de uma avenida sem asfalto e cortada por um canal, a degradação do espaço utilizado por alunos do ensino fundamental e médio fica evidente assim que se acessa a escola. Importante para o desenvolvimento de atividades físicas, a quadra de esportes não tem cobertura e nem cestas de basquete. No local onde deveria existir um bebedouro, o que se vê é apenas o espaço vazio e uma tomada. Ainda que o equipamento estivesse instalado, outro problema impede os alunos de consumir água.

Acompanhando os problemas da escola de perto em decorrência do estudo da filha, Jane afirma que não há abastecimento de água no local porque a bomba d’água está com defeito há cerca de um ano. Como forma de amenizar o problema, a água servida aos alunos é coletada em um balde diretamente da cisterna que fica aberta em uma área isolada da escola. “Estamos em um bairro com índices extremos de violência, onde sabemos que só a educação poderia mudar e a realidade do ensino é essa. Eu me sinto desrespeitada!”.

Com os estudos acompanhados de perto pela mãe Jane, a estudante do 8º ano do ensino fundamental, Gabriella Mendes, 13 anos, já perdeu as contas de quantas vezes precisou retornar para casa antes do horário porque não há professores suficientes para suprir toda a carga horária. “Estamos sem professor de inglês. Muitas vezes a gente vem, fica esperando até 9h e é dispensado mais cedo porque não tem professor”.

Lembrando a proximidade do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o deputado estadual e vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, Lélio Costa (PCdoB), constatou que até gincanas são organizadas para arrecadar material de limpeza para a manutenção da escola. “Alguma coisa está errada e nós do parlamento não podemos ser omissos. Estamos aqui fazendo uma blitz nas escolas estaduais buscando colocar essa matéria na pauta do dia”.

Acompanhada de representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (Sintepp) e da União Nacional dos Estudantes (UNE), a comissão formada pelos deputados constatou graves problemas também na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Mário Barbosa, ainda no bairro da Terra Firme. Entregue em janeiro deste ano após uma reforma que teria levado cerca de três anos para ficar pronta, a escola tem salas com portas sem maçanetas, algumas fiações expostas e algumas mesas e cadeiras quebradas. “O que a gente percebe na escola é que essa não foi uma reforma de boa qualidade pelos valores apresentados que, inicialmente, eram em torno de R$1,5 milhão”, apontou o deputado Iran Lima (PMDB), que também integrou a blitz.

FALHAS

Além disso, o deputado também apontou a falta de aproveitamento de alguns espaços do prédio para o desenvolvimento de atividades que melhorassem o desempenho dos alunos. “Estamos vendo áreas onde deveriam ser salas de aula, funcionando como áreas administrativas da Seduc. Então está se tirando mais espaço da escola”.

Sentada sobre a carteira da sala onde cursa o 2º ano do ensino médio, a estudante Isa Mara Costa, 17 anos, tem a visão do abandono. Pela janela de vidro, o mato alto que toma conta da área externa da escola é o cenário diário. Mas a falta de manutenção é apenas uma das dificuldades. “Os professores não tão repondo as aulas perdidas durante a greve porque o governador (Simão Jatene) decidiu descontar o ponto de todos. Agora quem vai repor as nossas aulas?”.

O QUE OS DEPUTADOS ENCONTRARAM

Escola Estadual Dr. Celso Malcher, na Terra Firme

*Ausência de professoras em algumas disciplinas.*Falta de material de limpeza. Alunos precisam arrecadar material na vizinhança.*Não há abastecimento de água na escola, em decorrência da bomba que está com defeito há cerca de um ano.*Não há laboratório de informática. Equipamentos doados pelo Governo Federal nunca foram instalados.*Não há bebedouros.*Quadra de esportes sem cobertura e sem cestas nas tabelas de basquete.*Fiações expostas.*Livros didáticos amontoados no chão por falta de local adequado para armazenamento.*Enorme buraco na parede de uma das salas.

Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Mário Barbosa, na Terra Firme

* Fiação exposta.* Portas das salas de aula sem maçanetas.* Mato alto na área externa.* Mesas e cadeiras quebradas.* Conteúdo programático atrasado.* Salas ociosas.* Salas de aula ocupadas por serviços administrativos da Seduc.* Quadra de esportes descoberta.

(Cintia Magno/Diário do Pará)

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