Dia do repórter fotográfico é comemorado hoje

"Nunca imaginei me tornar um repórter fotográfico, mas desde 1991 me apaixono a cada dia pela profissão". A fala é do premiado fotógrafo, Cezar Magalhães, 56 anos, repórter do Diário Online. "Comecei a fotografar para passar uma chuva, e, fui me aperfeiçoando e hoje não sei se conseguiria ter outra carreira", completou Magalha, como é carinhosamente chamado pelos colegas de profissão.

No jornalismo, o trabalho de um repórter fotográfico é tão importante quanto a função do repórter. E, nesta quarta-feira (2), a categoria celebra em todo país, o "Dia do Repórter Fotográfico".

No fotojornalismo, a fotografia deve transmitir informações, e isso pode ser feita de acordo com as técnicas de trabalho que o repórter fotográfico possui. Eles podem trabalhar para revistas, jornais e portais de internet. Durante os primeiros séculos da imprensa, os acontecimentos eram narrados apenas com as palavras do repórter. Em 1880, no entanto, o jornal Daily Herald, de Nova Iorque, inovou colocando a primeira imagem a circular em um jornal. O tablóide pretendia, com a foto, chamar a atenção do leitor.

Pescador em São João de Pirabas, no nordeste do Estado. (Foto: Cezar Magalhães)

"Um dos momentos mais marcantes da minha carreira foi em 96, quando acompanhei o massacre de Eldorado do Carajá. Durante 22 dias fiquei na região e enfrentei todo tipo de situação", lembra o fotógrafo. "A parte mais difícil, que hoje seria diferente, é que ao final do dia precisava subir a serra para enviar o rolo de filme para o jornal - Diário do Pará -, em Belém", completa. Na época, cerca de 1500 sem-terra protestavam contra a demora na desapropriação de terras. A polícia foi chamada para liberar uma rodovia. No confronto, 19 sem-terra foram mortos. Dez, com sinais de execução, segundo a perícia.

Reconhecimento - A função de repórter fotográfico trouxe, ao todo, 24 premiações para Cezar Magalhães. As duas últimas, mais recentes, foram conquistadas no Prêmio MPT de jornalismo. Premiação promovida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT).

Repórter fotográfico desde 1999, Marcelo Lelis, define a profissão: "A fotografia é a nossa cachaça. Sentir adrenalina exercendo a profissão é sempre bom, leia-se: viciante". "Na nossa profissão, podemos adentrar em outras. Absorver conhecimento, pra mim sempre vai ser uma grande conquista", completa o fotógrafo, que atualmente trabalha no jornal Diário do Pará e há cinco anos exerce a função de editor do jornal.

Para Magalha, o momento histórico da profissão foi o confronto em Carajás, e para Lelis, foi a primeira rebelião registrada, acompanhada em 99, seu primeiro ano de profissão. "Eu era totalmente inexperiente e aquele misto de medo e adrenalina ficaram na minha cabeça durante muitas horas. O local estava muito tenso, mas consegui furar o cerco e fazer uma imagem na frente da cela onde os detentos faziam de refém um agente prisional", lembra. "Fazer tudo isso numa época em que se usava filme fotográfico, era sempre um desafio", finaliza.

Primeira rebelião registrada pelo fotógrafo Marcelo Lelis, em 99, na Seccional de São Brás, em Belém. (Foto: Marcelo Lelis/Diário do Pará)

"Acho que um dos maiores desafios seria aliar informação ao registro fotográfico. Creio que esse seja o ponto de partida para captação da imagem dentro do fotojornalismo", comenta Lelis, questionado sobre o desafio do fotógrafo.

(Adriana Pereira/DOL)