Deputados relatam caos nas escolas

Escolas públicas estaduais sem nenhuma estrutura e em reformas intermináveis, outras sem merenda escolar, alunos assistindo à aula embaixo de árvores, professores insatisfeitos com contracheques quase zerados por causa de descontos abusivos e correndo risco de vida em função da violência.

Essa realidade da educação, bem longe do cenário apregoado pelo Governo do Estado no tão propalado “Pacto pela Educação”, dominou os pronunciamentos da oposição ontem no plenário da Assembleia Legislativa do Estado (AL). O raio-x feito pelos deputados na área é tenebroso em todas as regiões do Pará.

Iran Lima, líder do PMDB na AL, lembrou que há hoje cerca de 100 escolas sendo reformadas no Estado e ainda não entregues. “Isso é desperdício de dinheiro público. Começar uma reforma e não acabar é jogar dinheiro do contribuinte pela janela. É uma irresponsabilidade do governador Simão Jatene com o povo do Pará e com
os estudantes”.

Lima sugeriu que os deputados formem uma comissão para visitar as obras de escolas paradas pelo Estado. “Não é à toa que o Pará continua nos últimos lugares do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). A educação não é prioridade nesse governo”.

O deputado José Scaff (PMDB) disse que o Estado insiste em mostrar uma realidade que não existe. “A própria emissora que dá sustentação política a esse governo mostrou o caos na educação. O que temos nesse caso é um problema sério de gerenciamento e de capacidade técnica. O povo do Pará não merece esse descaso com seus alunos”, coloca.

EXEMPLOS DO DESCASO

O deputado Francisco Melo (PMDB), o Chicão, citou matéria veiculada no programa “Bom Dia Brasil”, da rede Globo, na semana passada, que mostra o caso de uma escola de Santarém cujos alunos assistem aula na sombra de uma árvore por total falta de estrutura nas salas de aula. “A fiação elétrica está danificada e não permite ligar ventiladores ou aparelhos de ar-condicionado, tornando o calor insuportável. Detalhe: a reforma da escola terminou há menos de um mês”, diz o peemedebista.

Em Conceição do Araguaia, sudeste do Pará, mil alunos de uma escola foram remanejados para outros dois estabelecimentos por falta de condições de ensino: banheiros foram transformados em salas de aula e a sala do diretor foi parar na cozinha. “Em Belém a situação e repete. Em algumas escolas, alunos precisam estudar amontoados em quadras esportivas por falta de carteiras. Em outra, as obras foram totalmente abandonadas”.

Chicão citou ainda o caso da Escola Francisco Alves, no conjunto Uirapuru, em Ananindeua, que passou um semestre sem merenda escolar. “É lamentável constatar o tratamento que é dado para a educação do Estado por esse governo. Que Estado estamos deixando para nossos filhos?”

Na reportagem, a secretária adjunta de Educação, Ana Cláudia Hage, reconhece as deficiências e afirma que 102 escolas estão em reforma no Estado e culpou as empresas responsáveis, que demoram a entregar as obras.

(Luiz Flávio/Diário do Pará)