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O medo por trás das grades de ferro

O relógio já marcava 21h na passagem Classe A - uma das muitas sem asfalto localizadas no bairro do Curió-Utinga – quando o pedido de um desconhecido quebrou a rotina. Já reduzido o movimento na rua, toda a atenção do morador se voltava para a necessidade

O relógio já marcava 21h na passagem Classe A - uma das muitas sem asfalto localizadas no bairro do Curió-Utinga – quando o pedido de um desconhecido quebrou a rotina. Já reduzido o movimento na rua, toda a atenção do morador se voltava para a necessidade de recolher as mercadorias para dentro da pequena mercearia, quando, sem que houvesse tempo de reagir, a boa ação o transformou em refém. “Eu tava fechando quando chegaram pedindo pra usar o banheiro. Fiquei refém aí por uma hora e meia sem nenhum carro da polícia vir socorrer. Aqui eles só passam na pista grande”.

A pista grande à qual o morador se refere é a avenida João Paulo II, grande via de escoamento da cidade. Bastante movimentada na maior parte do tempo, porém, a agitação não é suficiente para fazer com que a presença da polícia transmita ao menos um pouco de tranquilidade à população.

Há poucos metros do asfalto, a rua de moradia de Elisiário Júnior não só padece com a total falta de saneamento como também com a ausência da segurança pública. “Já fui assaltado cinco vezes. A gente aqui vive prisioneiro, sobressaltado. Essa noite mesmo eu acordei três vezes para dar uma olhada na frente de casa, atrás... qualquer barulhinho que a gente escuta já fica assustado”, não nega, reafirmando que a presença da polícia na rua é coisa rara. “Aqui a polícia não passa, nessas passagens estreitas mesmo eles não vêm. Quando eles ainda entram aqui por algum motivo, já chegam tocando o terror, não querem saber quem é pai de família, quem é bandido... a verdade é que até eles correm risco.”

Residência que seria do governador Simão Jatene tem vigilância constante de viatura da Polícia Militar. Foto: Bruno Carachesti

Desenvolvendo estratégias próprias para tentar evitar novas situações de perigo, Elisiário já fecha o comércio nas horas de maior vulnerabilidade. As crianças, que já não dispõem de qualquer espaço público de lazer, passam a maior parte do tempo trancadas em casa. Sem nenhum recurso além desses, porém, da própria rua o morador da periferia consegue enxergar o muro que cerca o conjunto fechado onde está localizada a residência que mantém diariamente uma viatura da polícia em sua porta. “Daqui dá para ver um pedaço lá da casa que mora o governador [governador do Estado do Pará, Simão Jatene]. Aqui todo mundo é revoltado com esse cara”, aponta, sem esconder a indignação. “Ele tem uma viatura [da polícia] na porta da casa dele e uma outra na entrada do conjunto, mas não faz questão de proteger a população que tá aqui”.

No início da manhã de ontem, uma viatura da polícia foi avistada estacionada em frente à residência que seria a do governador, enquanto um policial militar aguardava sentado em uma cadeira na calçada.

Na Cidade Velha, segurança privada.

(Diário do Pará)

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