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Vale inova com reciclagem de pneus

Com uma frota circulante que já está hoje próxima da faixa de 1,6 milhão de veículos motorizados, o Estado do Pará deve descartar por ano, segundo estimativas de empresários do setor, um número talvez superior a dois milhões de pneus. O que fazer com essa

Com uma frota circulante que já está hoje próxima da faixa de 1,6 milhão de veículos motorizados, o Estado do Pará deve descartar por ano, segundo estimativas de empresários do setor, um número talvez superior a dois milhões de pneus. O que fazer com essas peças já sem condições de uso, como forma de reduzir os impactos ambientais e, em tempos de epidemia de dengue, amenizar os riscos oferecidos à saúde pública? Este é um grande desafio ainda enfrentado pelo Brasil – e, de resto, por quase todos os países do terceiro mundo, destinatários dos pneus comercialmente descartáveis colocados em desuso pelos exigentes consumidores dos países mais ricos do planeta.

Não só por isso, mas também por isso, vale a pena analisar – e se possível copiar, com as necessárias adaptações – o exemplo bem-sucedido da Vale, que, em apenas quatro anos, destinou 13 mil pneus. E não qualquer pneu, mas aquelas peças gigantes que equipam os chamados caminhões fora-de-estrada, utilizados pela mineradora em suas operações no Brasil.

A Vale conseguiu zerar o estoque de pneus de caminhões fora de estrada de capacidade de carga de até 400 toneladas usados em suas operações no chamado Sistema Norte, que inclui a mina de Carajás. A meta é histórica, pois é a primeira vez que a empresa passa a trabalhar apenas com a destinação de pneus gerados anualmente, que hoje chegam a 3 mil unidades usadas - 2 mil no Sistema Norte e mil no Sistema Sul, que inclui as operações de Minas Gerais.

ECONOMIA

Nas minas de Mato Grosso do Sul, que formam o Sistema Centro-Oeste, não há caminhões fora de estrada. A reciclagem desses pneus gigantescos - que podem ter quatro metros de diâmetro e pesar até quatro toneladas - empre foi um desafio logístico para a Vale no Pará, por causa da distância de quase 3 mil quilômetros entre as operações e o Estado de São Paulo, onde estão as principais recicladoras deste tipo de material.

Entre 2010 e 2014, a Vale destinou 13 mil pneus do Sistema Norte, transformados em produtos de borracha, combustível para cimenteiras ou mesmo em equipamentos reutilizados na própria mineração. Em quatro anos, a empresa reviu processos e conseguiu reduzir o custo por pneu destinado em 65%, gerando uma economia de R$ 70 milhões, se comparado com o custo por pneu pago em 2010. “Naquele ano, a área destinada aos pneus em Carajás estava esgotada. Tínhamos um desafio imenso, que era zerar o estoque e, ao mesmo tempo, reduzir custos”, explica a gerente de Desenvolvimento e Inovação para Suprimentos, Eliane Lima.

Nova tecnologia acelerou processo e reduziu custos

Em 2010, havia 9,1 mil pneus armazenados em pátios a céu aberto em Carajás, que exigiam controle rígido para evitar que se tornassem foco de proliferação de mosquitos transmissores de doenças. Na época, os pneus eram transportados por rodovia para um fornecedor em São Bernardo do Campo (SP). Cada carreta tinha capacidade para transportar quatro unidades. A operação era feita manualmente e não conseguia atender a meta de redução do passivo estocado. Em 2011, uma nova solução foi testada: o uso de uma tesoura hidráulica acoplada a uma escavadeira móvel.

A tecnologia permitiu automatizar o processo e, consequentemente, reduzir os custos por pneu destinado a pouco mais da metade do valor pago inicialmente. A tesoura hidráulica passou a cortar os pneus dentro do próprio pátio de estocagem, separando a borracha do aço que reforça sua estrutura interna. A solução permitiu reduzir o estoque em Carajás para cerca de 6 mil pneus, embora persistisse o problema logístico de enviar o resíduo para São Paulo. “Em 2012 e 2013, tínhamos dois fornecedores trabalhando conosco no Sistema Sul e conseguimos negociar com um deles para que montasse uma unidade em Parauapebas”, conta Eliane.

A empresa se instalou na cidade, onde está localizada a mina de Carajás, no início de 2014. Hoje, dos 2 mil pneus gerados anualmente nas operações do Pará, que incluem ainda as minas de cobre do Salobo e Sossego, em Canãa dos Carajás, 800 são totalmente destinados sustentavelmente no próprio Estado do Pará. Os outros 1,2 mil pneus são cortados em pequenos pedaços e continuam sendo enviados para um fornecedor em São Paulo, que os vende como produto para cogeração de energia em cimenteiras. Os resíduos de aço são comercializados como sucata para siderúrgicas.

“Nossa meta este ano é conseguir fazer toda a destinação dos 2 mil pneus no próprio Estado do Pará. Para isso, estamos em negociação com um segundo fornecedor”, adianta a gerente de Desenvolvimento e Inovação de Suprimentos. Com a destinação parcial dos pneus no Pará, a Vale já conseguiu uma redução de 65% no custo total se comparado com o do início do projeto. O resíduo é transformado em artefatos de borracha, como tapetes, solados de sapato, bolsas etc. O produto também é transformado em placas de desgaste e guias de correias transportadoras, utilizadas nas próprias unidades da Vale no Pará.

De acordo com a legislação ambiental brasileira, como importadora direta dos pneus, a Vale é responsável pela destinação final do produto depois de usado. As minas de níquel, de Onça Puma, no Pará, e de minério de ferro, no Mato Grosso do Sul, utilizam caminhões de menor porte, que utilizam pneus fabricados no Brasil. Neste caso, a destinação é de responsabilidade do fabricante.

(Diário do Pará)

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