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Belém terá nova maré alta de mais de 3 metros

Cantada por diversos músicos e poetas, "a chuva das duas que não pode faltar", como entoava Edyr Proença e Adalcinda Camarão na canção "Bom dia, Belém", além de ser inspiração para artistas e servir para amenizar um pouco mais as altas temperaturas na cid

Cantada por diversos músicos e poetas, "a chuva das duas que não pode faltar", como entoava Edyr Proença e Adalcinda Camarão na canção "Bom dia, Belém", além de ser inspiração para artistas e servir para amenizar um pouco mais as altas temperaturas na cidade, geralmente causa diversos transtornos na cidade.

Alagamentos, falta de energia elétrica, medo de contrair alguma doença, bueiros entupidos e mesmo encobertos são alguns dos problemas comuns quando chove na capital paraense. O alto índice pluviométrico ainda pode contribuir para outro problema inusitado: em geral agradável por diminuir o calor, a chuva por vezes o potencializa, já que em ônibus as janelas são fechadas, deixando o veículo mais abafado e quente. As pessoas ainda devem ter cuidados especiais com roupas e calçados, mais mangas caem no chão, ferem pessoas e podem quebrar partes de automóveis.

Áreas que possuem “túneis” de árvores, como a avenida Nazaré, oferecem outros riscos a pedestres e condutores: a queda de mangas, que podem causar ferimentos e mesmo acidentes. Foto: Agência Pará

Todos estes problemas podem se repetir nesta tarde desta quinta-feira (23), já que a "maré alta" pode atingir até 3.30m, segundo o Instituto Climatempo. A situação pode piorar caso chova no mesmo horário, o que está sendo previsto pelo Instituto Nacional de Metereologia (Inmet). Com os índices, algumas áreas de Belém podem ser alagadas ou mesmo inundadas.

Problemas vão além

O acúmulo de água proveniente da chuva e alagamentos, no entanto, não é o principal problema em relação ao saneamento de Belém. “Os alagamentos e inundações urbanas acabam sendo em parte, uma consequência de outros problemas relacionados ao saneamento de Belém como por exemplo, a coleta de lixo e do manejo adequando dos resíduos sólidos. Esses dois fatores, impactam diretamente sobre todo o sistema de drenagem pluvial provocando como consequência o entupimento e a perda da capacidade de performance do mesmo”, destaca Flávio Altieri, engenheiro agrônomo, Analista em Ciência e Tecnologia do Censipam, pós-graduado em Ciências Ambientais pela UFPA na área de Alagamento e inundações em bacias urbanas em Belém.

Com as chuvas, em geral os condutores diminuem as velocidades dos veículos. Além disso, alguns semáforos apresentam problemas e param de funcionar, causando mais que congestionamentos, grande confusão no trânsito da capital paraense. Foto: Reprodução/Twitter

Para muitos internautas, o cenário é resultado da ausência de políticas públicas eficazes e mesmo respeito por parte dos governos com a população. Segundo o internauta Rocivaldo Vieira, "Parece que o prefeito Zenaldo Coutinho administra Belém de dentro do seu confortável apartamento!! porque qualquer chuva para Belém, Icoaraci e Outeiro!! A prefeitura nada faz pelo menos para amenizar os constantes alagamentos nas ruas do centro e principalmente nas periferias de Belém e nos distritos!!", desabafou.

O trecho da Antonio Baena, entre Marques de Herval e Pedro Miranda, passou de sua capacidade e ficou totalmente inundado. Foto: Internauta

Já para outros leitores do DOL, restaria somente a resignação com a situação. Uma internauta identifcada como Lilian Cardoso comentou "Gente pelo amor de Deus, parem com isso de falar que tudo é culpa do governo. Você esquecem que Belém é rodeada pelas águas das Baias. Jogar lixo no devido lugar ajuda? Sim ajuda. Se a macrodrenagem saísse mais rápido do papel ajudaria? Sim ajudaria. Mas só isso não é o suficiente. Construímos casas onde não é pra construir, fazemos coisas que não devemos fazer. E ainda sim inundaria tudo, por que onde tomamos a terra como nossa, não era pra ser. Se querem culpar alguém, culpem os nossos ancestrais que povoaram a terra primeiro".

O problema, no entanto, não deve ser considerado histórico ou mesmo resultado de alguma "herança maldita", mas sim da falta de ações públicas e da prática de alguns erros da população.

Característica negativa de Belém, o lixo se acumula na Grande Belém. Até sofás e eletrodomésticos são abandonados a esmo nas vias próximas aos canais. Foto: Cezar Magalhães/DOL

Segundo Diego Andrés León Blanco, antropólogo colombiano que cursa mestrado na Universidade Federal do Pará (UFPA), “Belém tem um problema sério com o lixo. Poderia ter um sistema de coleta que evitaria que, quando chovesse, o lixo se espalhasse pelo chão e acabasse entupindo os bueiros. Além disso, o lixo gera um forte cheiro nas ruas e a proliferação de ratos, muito comum na paisagem noturna da cidade”, lamenta.

Há solução?

De acordo com Flávio Altieri, uma das soluções para os problemas comuns de alagamentos em Belém são as obras de macrdrenagem, que se arrastam há anos. No entanto, as obras não são totalmente eficientes. "É fato a necessidade de se intervir nos canais principais de drenagens, como foi feito no Una e agora no da estrada Nova e Tuncuduba. Ao longo dos anos, estes canais foram perdendo sua capacidade de captação e escoamento da água da chuva, em parte, ocasionado pelas ocupações urbanas desordenadas que ocorram e vem ocorrendo ao longo dos anos nas áreas que os margeiam, entretanto, é necessário também se pensar num sistema de drenagem pluvial dimensionado adequadamente para atender o volume de água gerado por eventos pluviométricos severos", explica.

Na última semana até mesmo uma Kombi terminou caindo em um canal. Com a alta da maré e mais chuvas, outras situações inusitadas devem ocorrer. Foto: Cezar Magalhães/DOL

Para Altieri, é necessário "dar continuidade ao processo de macrodrenagem das bacias, porém, esse é um trabalho que deve ir muito além de melhorar as condições dos canais principais de drenagens e elevar o nível das ruas em seu entorno. Este tipo de solução só resolve o problema de quem mora no torno, contudo, é preciso avançar em busca de soluções que comtemple a bacia hidrográfica como um todo, como por exemplo, a substituição das atuais redes de drenagens pluviais, subdimensionando das para a realidade atual, implantando galerias de drenagem mais amplas que possibilitam a limpeza periódica evitando com isso, a perda da capacidade de vazão do sistema por entupimento ao longo do tempo", destaca.

Devido Belém está localizado geograficamente em uma área contornada por rios (Guamá e a baía do Guajará) e de topografia muito plana, em média 4 metros acima do nível do mar, a cidade sofre constantemente influência das marés altas, que em situação de chuvas intensas dificulta ainda mais o escoamento da água pluvial.

Na última semana, a via expressa teve que ser liberada para outros veículos transitarem. Mesmo assim, os congestionamentos foram inevitáveis. Foto: Reprodução/Twitter

Segundo o pesquisador do Censipam, "é necessário começar a investir em obras mais complexas, adquirindo áreas em pontos estratégicos, onde as ocorrências de alagamentos e inundações são mais graves, para que possam ser construídas piscinas de contenção da água pluvial, os chamados “piscinões”, de onde a água poderá ser bombeada de volta ao rio desafogando os canais de drenagem. Por fim, investir em tecnologias, instalando sistema de comporta automatizadas para todos os canais que desembocam no rio, possibilitando que durante um evento de chuva intensa e maré alta, os canais possam estar no seu nível de água o mais baixo possível, funcionando como reservatório de contenção que ao atingir uma cota critica poderia disparar um sistema que bombeasse essa água diretamente para o rio.

Condutores registram momento em que rua fica completamente alagada:

Ainda para Altieri, "também é necessário que as instituições competentes busquem soluções integradas, com um olhar macro para esse problema, onde sejam considerados os conceitos de bacia hidrográfica, integrando ações de remediações do problema de curto, médio e longo prazo, como por exemplo, aumentar os espaços verdes como forma de absorver a água da chuva, intensificar as campanhas educativas e fiscalizatória a respeito do lixo urbano", finaliza.

A reportagem do DOL entrou em contato com a Prefeitura de Belém e aguarda um posicionamento sobre as ações que estão sendo feitas para tentar diminuir os problemas causados pelas chuvas.

(Enderson Oliveira/DOL)

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