Médicos se reúnem para definir reivindicações

Médicos vinculados à área de urgência e emergência de cerca de 13 unidades municipais de saúde de Belém e distritos de Mosqueiro e Icoaraci se reúnem hoje, 01 de abril, em assembleia, para discutir as principais reivindicações da categoria. Eles dizem que as tentativas em negociar com a prefeitura já se arrastam há pelo menos dois anos, sem nenhum progresso.

De acordo com o diretor do Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa), João Gouveia, as principais reivindicações da categoria referem-se às condições precárias das instalações das unidades municipais de saúde distribuídas nos bairros; a falta de materiais para atendimento e ainda a ausência de equipamentos simples, como estetoscópios, aparelhos de radiologia, eletrocardiograma, ultrassom e, às vezes, até termômetros faltam nas unidades de saúde que atendem urgência e emergência.

Ainda, serão colocados em pauta os recorrentes casos de assaltos que têm preocupado tanto os profissionais de saúde quanto a pacientes de um modo geral. Também serão discutidos o realinhamento salarial e o plano de carreira dos médicos. “É importante discutir sobre o plano de carreira, por exemplo, porque hoje não tem diferença entre o médico que tem dez anos de carreira para o que tem só um ano. O serviço é insalubre e o profissional não é estimulado a se especializar”, lamentou João Gouveia.

Quanto ao realinhamento salarial, Gouveia afirmou que há médicos que há onze anos não tiveram suas gratificações reajustadas, já que estas sofrem reajuste de acordo com o salário mínimo. “O salário mínimo é uma piada. Vivemos problemas sérios dentro das unidades de saúde e R$ 788 reais não condizem com a realidade a que estamos submetidos”, descreveu João.

Na próxima segunda-feira, 06, os médicos, que já estão em estado de greve, deverão se reunir com o prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho, para mais uma rodada de negociações. “Se as negociações com a prefeitura não chegarem a um consenso podemos até deflagrar greve geral no município, depois de decidir isso em nova assembleia”.

Clima de insegurança ronda as unidades de saúde

A questão da insegurança é uma realidade corriqueira para os profissionais da unidade de saúde da Terra Firme. Técnicos de enfermagem, de administração e demais profissionais daquela unidade se dizem ameaçados constantemente pelo aumento de assaltos dentro da unidade.

No último dia 09, a unidade foi invadida por duas pessoas que, além de ameaçar a gerência com revólver, furtaram os pertences de profissionais e pacientes. “O assalto aconteceu no período de onze horas da manhã ao meio-dia, mas a guarda municipal só apareceu uma hora depois e a policia militar, duas horas após ter acontecido tudo e permaneceram no local por algum tempo, mas pode ver que já voltaram a acontecer outros casos de assaltos, mas nós não podemos fazer nada. Outro dia uma pessoa entrou armada e rendeu as pessoas que estavam no estacionamento”, contou a funcionária Iza Nete Almada, 45.

“Aqui funciona até às 22 horas apenas para cumprir tabela, porque não tem médicos nesse horário, tudo por causa da insegurança”, completou uma técnica de enfermagem que preferiu não ser identificada. “Não foi a primeira vez e nem a última que foi teve assalto aqui. E só vão tomar alguma providência quando morrer alguém aqui dentro da unidade”, desabafou Iza.

(Diário do Pará)