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Oitocentas pessoas aguardam transplantes de rim

Aguarde a próxima chamada que já achamos um receptor compatível”. Desde que descobriu a necessidade de receber um novo rim, o aposentado Ciro Raimundo Soares, 71 anos, já ouviu a mesma mensagem por pelo menos cinco vezes. Sempre que um doador de rim é id

Aguarde a próxima chamada que já achamos um receptor compatível”. Desde que descobriu a necessidade de receber um novo rim, o aposentado Ciro Raimundo Soares, 71 anos, já ouviu a mesma mensagem por pelo menos cinco vezes.

Sempre que um doador de rim é identificado, alguns dos primeiros pacientes da lista são chamados para identificar a possibilidade de receber o órgão doado.

Em nenhuma das vezes Ciro pôde receber o órgão tão necessitado. “Eu já fui chamado cinco vezes, mas sempre fiquei para trás”. Assim como o mecânico naval, que teve que se aposentar em consequência da insuficiência renal, outras 800 pessoas aguardam, hoje, na fila por um transplante de rim no Pará, segundo estimativa da Associação dos Renais Crônicos e Transplantados do Pará.

Diante da indicação de que foram apenas 50 os transplantes de rim realizados em todo o Estado em 2014, constata-se que o número de doações efetivamente concretizadas é bem menor que a necessidade.

“Quando aparece um rim, eles chamam uns dez pacientes que estão na lista de espera. A gente vai, faz os exames que pedem e vai para casa aguardar”, explica o paciente.

“Quando eles identificam o compatível, fazem o transplante. A gente sempre vai com esperança, né? Mas ainda não chegou a minha vez porque antes de mim sempre tinha outros que eram compatíveis e, como estavam na minha frente na fila, eles tinham o direito de receber primeiro”.

Enquanto o transplante não acontece, a rotina de Ciro é entrecortada pelas quatro horas em que precisa ficar ligado à máquina de hemodiálise três dias na semana.

Encerrada a sessão imprescindível para ele continuar vivendo, o senhor ainda precisa lidar com a fraqueza e o mal-estar que toma conta do corpo. A pouca quantidade de transplantes realizados também é percebida no caso de outros órgãos.

Segundo o Registro Brasileiro de Transplantes, levantamento realizado pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), em 2014 foram realizados apenas transplantes de rim e córnea no Estado do Pará.

No caso de órgãos como pulmão, pâncreas, coração e fígado, nenhum transplante foi registrado. Os dois primeiros porque o Estado não está credenciado para realizar e os dois últimos porque estão parados.

Para a diretora da Associação dos Renais Crônicos e Transplantados do Pará, Belina Soares, o índice ainda baixo de transplantes e a redução de 5,7% nos transplantes de rim em 2014 com relação a 2013 decorrem de várias vertentes que envolvem desde o convencimento das famílias de potenciais doadores, até a estrutura apresentada pelo Estado.

“O grande problema é que não temos profissionais com o mesmo empenho para fazer a procura desse órgão. O Ministério da Saúde autorizou quatro Organizações de Procura de Órgãos (OPO) no Estado, fez o repasse de recursos e elas não funcionam”, aponta.

“Só temos um hospital fazendo o transplante de rim pelo SUS, que é o Ophir Loyola e ele está numa situação deprimente.”

RIM

Pelos levantamentos da própria associação, apenas dois transplantes de rim foram realizados em 2015. Belina não deixa de recomendar aos pacientes que têm condições que procurem tratamento em outros Estados.

“Nós temos equipes habilitadas, mas não tem hospital preparado. No Ceará, a pessoa consegue fazer o transplante muito mais rápido”, aponta. “Aqui o paciente leva três anos pra fazer os exames e mais dois anos para fazer o transplante. É necessário que o governo olhe o transplante como uma política de Estado”.

Na visão da coordenadora da Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos do Estado do Pará (CNCDO) da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), Ana Beltrão, o cenário é mais positivo. Para ela, a principal necessidade do Estado, hoje, é de capacitação de profissionais que façam o contato necessário com as famílias.

“A doação de órgãos no Estado vem num patamar basicamente igual com pequenas variações. Há diversas justificativas para isso, como a falta de conhecimento da população e, com isso, o temor”, acredita. “O cenário é positivo se estiver adequado à capacitação dos profissionais.

Não adianta um hospital equipado se não tiver a equipe de profissionais”.A coordenadora da Central de Transplantes confirma que o Ministério da Saúde autorizou a criação de quatro Organizações de Procura de Órgãos no Estado. Porém, segundo a própria Beltrão, apenas duas estão funcionando.

“Foram autorizadas em Santarém, que está completando o seu credenciamento, e no Metropolitano, que já está realizando”, afirma. “Estava prevista uma em Redenção e no PSM da 14, mas ainda não tem área física, não tem pessoal treinado ainda. Ainda estão numa fase de treinamento.”

SAIBA MAIS:

Metropolitano é responsável por 90% das doações

(Diário do Pará)

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