Cúpula de segurança será convocada

A bancada de oposição na Assembleia Legislativa espera ver aprovado hoje o requerimento apresentado na terça, 3, pela Comissão de Direitos Humanos da casa, convocando o comando da Segurança Pública a comparecer ao parlamento na semana que vem para prestar esclarecimentos sobre o descontrole dentro das unidades prisionais e de discutir ações emergenciais que possam desmantelar a articulação do crime organizado, que de dentro das cadeias comanda ações criminosas ocorridas do lado de fora - como por exemplo os incêndios de ônibus ocorridos na Região Metropolitana de Belém nos últimos dias, eventos cujas ordens de realização a Polícia Civil vem creditando a detentos.

A mesa diretora da AL anunciou durante a sessão de ontem que receberia representantes da Superintendência do Sistema Prisional (Susipe) e da Polícia Militar logo após a sessão ordinária, pela parte da tarde, mas o encontro não teria sido articulado com os deputados oposicionistas, o que causou alguma irritação.

AUSÊNCIA

O líder da bancada do PMDB, Iran Lima, se declarou surpreso pela ausência de pronunciamentos e mensagens à população advindas do governador até o momento.

“Algo semelhante em nível nacional faria o presidente da República se pronunciar, mas no Pará, não. Aqui o governador se isenta, finge que não existe problema, porque deve estar muito bem escoltado e protegido pelo seu gabinete militar, enquanto a população sofre os transtornos que esses atos de terror implicaram ao transporte público”, disparou o deputado.

No encontro, a Susipe se ateve apenas a demonstrar números de novas vagas e unidades prisionais entregues de 2011 para cá, deixando de lado o debate de medidas práticas para amenizar a crise que atinge toda a Segurança Pública.

“No primeiro encontro que se tem para falar sobre o assunto, o qual deveria ter o governador presente, já que ele é o comandante geral de todas as forças, nem o secretário de Segurança Pública comparece. É, no mínimo, muito estranho. Nós estamos firmes no requerimento, a bancada do PMDB assinou o documento, como forma de endosso, e esperamos que essa reunião de hoje [ontem] não anule a necessidade de reunirmos com toda a cúpula da Segup para discutir um problema que não atinge só a Susipe ou a PM, mas toda a extensão da Segurança Pública. O povo está inseguro!”, reforçou Iran.

AÇÃO ORQUESTRADA

Para Bordalo, os motins e ações criminosas externas registradas na semana passada são resultado de “uma ação orquestrada” iniciada de dentro das cadeias para fora.

“Não estamos falando só de superlotação carcerária, há evidências fortes de que o crime organizado tomou de assalto os nossos presídios e estamos ver acontecer aqui o que aconteceu no Maranhão e em Santa Catarina, quando houve um ponto em que a intervenção federal foi a única saída”, justificou.

“Há tempos que alerto sobre a teimosia do governador Simão Jatene. O depoimento do líder governista hoje [ontem] na tribuna falou no caso como se fosse uma coisa pontual, minorando um problema, uma crise muito grave. É preciso tratar dessa questão com a gravidade que ela exige”, apontou.

(Diário do Pará)