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Em Curuçá, bloco leva tema ambiental para folia

Qual será a sensação de passar lama do mangue no corpo? Sônia Lima de 55 anos e moradora do distrito de Mosqueiro responde: “Eu estou me sentindo a Gisele Bundchen cheia de creme caríssimo”, disse, bem humorada, sobre a sua primeira participação no bloco

Qual será a sensação de passar lama do mangue no corpo? Sônia Lima de 55 anos e moradora do distrito de Mosqueiro responde: “Eu estou me sentindo a Gisele Bundchen cheia de creme caríssimo”, disse, bem humorada, sobre a sua primeira participação no bloco Pretinhos do Mangue, em Curuçá, nordeste do Pará.

Esta é a 26ª edição do bloco de Carnaval ecológico da Amazônia, que surgiu ainda no final da década de 80 com um grupo de amigos. Nos anos 2000, o bloco de rua ganhava cada vez mais adeptos e finalmente fixou o nome, hoje conhecido em todo o estado como Pretinhos do Mangue. O coordenador e irmão do idealizador, Edmilson Campos, mais conhecido como “Cafá”, explica que o bloco é uma manifestação de preservação a natureza e que as músicas tocadas são todas regionais, ou seja, feitas especialmente para o bloco. “Nossas músicas falam de preservação ambiental e por isso só vai rodar as músicas do Pretinho do Mangue, para ser bem cultural, manter a nossa tradição”, explicou.

A concentração do bloco começou por volta das 15h. É nesse momento que os brincantes invadem o mangue para passar a lama, que é o abadá gratuito e disponível para quem quiser. Até mesmo a Matinta Pereira, personagem das lendas amazônicas, se fez presente no evento. Esta foi uma forma da atriz belenense, Maria Borges, apresentar seu trabalho. O cadeirante Silvio Cardeal, de 24 anos é morador de Ananindeua e já participa há cinco anos da brincadeira. “Eu gosto muito de vir aqui no Carnaval e poder curtir com a minha família, virei sempre que puder, com certeza”, contou.

“Filha de Curuça”, como se denominou por morar na cidade, a doméstica Cristina Lúcia Saraiva da Rocha já é foliã do bloco há 10 anos e promete continuar até morrer. Utilizando a casca de sururú (um tipo de crustáceo) encontrado no mangue, ela aproveitou para personalizar a saia e chapéu que usou especialmente para o dia. “O sururú foi catado por mim mesma aqui no mangue, já comemos a carne dele e a casca aproveitei para fazer esses detalhes, ficou pronto em dois dias. Já sigo o bloco há 10 anos e vou seguir até eu morrer. Eu amo o Pretinhos do Mangue, sou filha daqui, Pretinhos é do meu coração”, contou bastante feliz.

Até mesmo a turista Suellen Cristine, de São Luís (MA) não resistiu e entrou no mangue para se enlamear. Ela foi convidada pelo cunhado, que é de Marapanim, para conhecer o Carnaval de Curuçá e achou a festividade diferente de qualquer outro lugar. “Aqui é muito divertido, em São Luís só usam espuma e aqui as pessoas brincam com outras coisas. Agora eu quero conhecer tudo para repassar para as pessoas de lá”, relatou.

Depois de uma hora e meia de preparação no mangue, os “pretinhos” começavam a se agrupar nas ruas de Curuçá para dar início ao bloco de rua. Os três carros alegóricos, Bailarinas do Mangue, Carro da Ostra e Garça e a atração principal, o carro do Caranguejo arrastaram milhares de foliões. “O carro do caranguejo é o mascote, ele é a minha paixão”, disse Edmilson. O bloco também agrega grupos de foliões que saem as ruas conosco, eles são os personagens do bloco.

PRESERVAÇÃO

O bloco do Pretinho do Mangue teve como temática este ano a falta de água no Estado de São Paulo e a importância de preservar a natureza e os rios da Amazônia. Além disso, Edmilson explica que a parte do mangue onde as pessoas entram é chamada de Terê-Terê e por isso os caranguejos da região não são prejudicados. “As pessoas ficam numa parte mais fina, é uma área do mangue que não tem caranguejo, eles ficam mais lá para dentro, longe do contato com as pessoas”, explicou.

Este ano, ele também personalizou garrafas pet para oferecer aos foliões que estivessem usando garrafas de vidro durante o percurso. “Nós temos um bloco família, com muitas crianças, idosos, pessoas portadoras de necessidades especiais e sempre tentamos evitar a violência ou problemas. Por isso personalizamos garrafas pet para o público trocar pelas garrafas de vidro e depois, se quiser devolver, devolve”, contou Edmilson.

Por mais que os idealizadores do bloco tentem proteger os mangues de Curuçá, o público que vem de fora ainda precisa aprender sobre a mensagem que o Pretinhos do Mangue traz durante todos esses anos. O DIÁRIO flagrou em vários momentos foliões jogando fora latinhas de cerveja na beira do mangue, e com a cheia da maré, as latinhas eram levadas para as águas.

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