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Pará desmatou área maior que a Inglaterra

Diante do morro seco pela queimada, a sensação não pode ser mais devastadora. Visivelmente sem vida, os tocos de madeira à mostra chocam diante do contraste com a área verde que resiste ao fundo, já longe. Ainda que a distância, o calor que emana da flore

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Diante do morro seco pela queimada, a sensação não pode ser mais devastadora. Visivelmente sem vida, os tocos de madeira à mostra chocam diante do contraste com a área verde que resiste ao fundo, já longe. Ainda que a distância, o calor que emana da floresta em cinzas se agarra à pele. É um sinal mais do que claro, mas, ainda assim, apenas uma ínfima parte, visível a olho nu no espectro do horizonte, que não dimensiona a totalidade das consequências geradas pela taxa de 1.829 Km² de desmatamento que o Pará ainda manteve em 2014. Basta penetrar um pouco na floresta para perceber que algo continua muito errado.

Considerados pelo governo brasileiro para o estabelecimento de políticas públicas, os dados estimados do Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal (Prodes) referentes ao período de agosto 2013 a julho de 2014 apontam uma redução de 22% na taxa anual do desmatamento em todo o Estado. Apesar da queda, a estimativa deste ano, isolada, não deixa ver o cenário que ainda aponta a urgência de ações que promovam o combate ao desflorestamento.

O desmatamento na Amazônia como um todo era bem mais elevado no período entre 1995 e 2005, quando a região registrava índice próximo a 20 mil Km² ao ano. De 2005 pra cá, a taxa caiu, porém, hoje se mantém numa condição que não permite grandes comemorações. A grande dificuldade está em combater o que resta. “A gente derrubou a taxa de desmatamento, mas ela bateu num teto e a gente não está conseguindo barrar daqui para baixo. Já estamos há uns três a quatro anos assim e isso daqui ainda é vergonhoso”, destaca, incisivo, o agrônomo e diretor adjunto do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Cássio Alves Pereira. “Na Amazônia [a taxa do desmatamento] está variando entre quatro, cinco mil Km², e disso daí o Pará é o que tem a maior contribuição”, pondera.

META POSSÍVEL?

Diante desse cenário ainda bastante preocupante, uma meta estabelecida pelo governo do Estado do Pará em junho de 2012 gera dúvidas. Ao assinar o compromisso oficial de se reduzir o desmatamento no Estado em 80% até o ano de 2020, o atual governador, Simão Jatene, utilizou a sua participação em um debate da Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, para se comprometer a atingir uma meta ainda mais difícil de alcançar: zerar o desmatamento no Pará dentro do mesmo período. Passados mais de dois anos do compromisso - e diante das dificuldades enfrentadas para vencer o problema, a pergunta não poderia ser outra: com as medidas tomadas hoje, o Estado do Pará tem condições de atingir alguma dessas metas estabelecidas?

Na opinião de Cássio Pereira, muito ainda precisa ser feito. Enfático ao afirmar que o alcance do desmatamento zero no Pará é possível, ele reforça que o sucesso da empreitada só poderá ocorrer se houver mobilização e comprometimento dos setores envolvidos. “Eu acredito sem nenhuma demagogia que é possível ter o desmatamento zero no Pará pelas características do Estado, mas aí o Estado tem que fazer o dever de casa”, afirma. “O desmatamento até agora é tratado sempre terceirizando-se a responsabilidade, e não é mais possível fazer isso”.

POTENCIAL

Para justificar essa afirmativa, Cássio destaca que o Brasil possui, hoje, pouco mais de 200 milhões de hectares em atividades produtivas. Apenas nas áreas já desmatadas, o Pará tem disponíveis 30 milhões de hectares que, se bem utilizados, poderiam servir à agricultura familiar e pecuária sem que novas áreas precisassem ser derrubadas. Apesar dessa possibilidade, essas zonas seguem sem o aproveitamento total de suas capacidades no Estado, enquanto novas áreas de floresta continuam a ser queimadas, derrubadas, destruídas.

“Trinta milhões de hectares é um pouco mais de 15% da área total que o Brasil tem em atividades produtivas e que já lhe permite ser uma potência na área da agricultura e pecuária”.

Apesar da possibilidade evidenciada em números, as medidas necessárias para tal não vêm sendo desenvolvidas em sua totalidade. Mais do que monitorar e controlar o desmatamento realizado, Cássio Pereira destaca que é fundamental que se dê valor ao uso da floresta, quer para o aproveitamento dos chamados serviços ambientais, quer para a retirada legal e responsável de madeira. Medidas em que, até hoje, o Estado enfrenta grandes dificuldades.

Autor do compromisso, o governo do Pará, através da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), não nega a demora de até três anos, em alguns casos, para a aprovação de simples planos de manejo que permitam a extração responsável e legal de madeira da floresta.

Contrariando o cenário ainda pouco favorável, porém, o secretário adjunto da secretaria, Hildemberg Cruz, acredita na possibilidade de atingir da meta.

“A gente vem acompanhando os dados do Prodes e, apesar de haver alguns aumentos nas taxas de desmatamento, entre agosto de 2012 e julho 2013, esse ano a tendência teve redução do desmatamento”, aponta.

“Nunca vai deixar de ter desmatamento, mas a nossa aposta no Estado, com todas essas medidas, é que a gente alcance a meta ainda em 2018”, completou o secretário Hildemberg Cruz.

(Diário do Pará)

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