A bancada de oposição ao Poder Executivo não poupou críticas à otimista mensagem do governador Simão Jatene (PSDB), lida ontem de manhã durante a abertura oficial dos trabalhos na Assembleia
Legislativa.
Mesmo usando termos como “angústia mórbida” ao admitir a necessidade urgente de melhorar condições de saúde, educação e segurança para a população, e jogando a bola para as “demoradas negociações com os organismos nacionais e internacionais” para justificar a demora em aparecer a eficácia do seu tão reverberado Pacto pela Educação, o tucano não deixou de vender seu peixe, destacando avanços na economia, “larga capacidade de endividamento”, exaltando o funcionamento dos hospitais regionais, anunciando que mais de 50% das estradas tem asfaltos, entre outros feitos.
Mas em nenhum momento, nem mesmo quando elogiou a política do Cheque Moradia, se dirigiu, por exemplo, aos representantes das 2,5 mil famílias da ocupação Nova Canaã, retiradas à força do terreno que ocupavam na terça-feira passada, 27, e que lotavam a galeria superior, empunhando no vidro à frente do governador, cartazes com dizeres do tipo: “o governo do Estado matou o sonho de 2.000 famílias”.
A sessão foi iniciada por volta das 10h20. À frente da mesa diretora, muitos secretários de Estado e outras autoridades acompanhavam a programação. Em meio ao discurso, Jatene mostrou, com alguma ênfase, preocupação com a folha dos servidores inativos, mencionando inclusive que podem haver debates futuros no Legislativo relacionados a financiamentos para dar conta desse item do orçamento.
Disse ainda que a receita por habitante, em 2014, ficou em menos de R$ 200, “o que é francamente insuficiente até mesmo para sustentar com a qualidade desejada, quanto mais expandir, serviços como: saúde, educação, segurança, transporte, cultura e esporte, habitação, justiça, etc”. “Queremos que o governador nos olhe. Nós votamos nele! Ninguém esperava uma represália como essa”, lamentou Raimundo Pereira da Silva, morador da ocupação Nova Canaã, enquanto assistia à fala do chefe de Estado.
BANCADAS
Encerrada a leitura da mensagem, por acordo entre as bancadas, foram concedidos cinco minutos a cada um dos líderes das maiores bancadas de oposição, PMDB e PT, para que pudessem se manifestar sobre o que foi dito pelo
governador.
O petista Carlos Bordalo, em seu tempo, lembrou que no mandato passado o governo não cumpriu a promessa de incorporar quatro mil novos policiais militares e que o quadriênio foi fechado sem que nenhum hospital municipal fosse requalificado.
“O Estado teve saldo positivo de mais de R$ 6 bilhões em exportações, e foram anunciados números grandiosos durante a mensagem, mas eu tenho outros números tão grandiosos quanto: as 2,5 mil famílias da ocupação Nova Canaã, para onde vão? Se há mais de 50% das estradas asfaltadas, há outros 50% delas precisando de manutenção. O Pará é o maior produtor de energia, mas só consome 2% do que produz e paga tarifa de luz mais cara que a de São Paulo”, disse.
“O Pacto pela Educação é engenharia inteligente, mas os índices nessa área são sofríveis. Lhe pediria, governador, que o senhor investisse em traçar não uma agenda mínima para o Estado, mas uma agenda máxima, para dar conta de todos esses problemas”, solicitou o deputado.
Deputado lembra criminalidade no Pará.
(Diário do Pará)
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