Uma cidade marcada por superação e contrastes

A cidade de Paragominas - conhecida nacionalmente como Município Verde - completa nesta sexta-feira (23) 50 anos de fundação. Localizada na região nordeste do Pará, quem mora no município há mais de 20 anos afirma que a cidade passou por grandes desenvolvimentos, principalmente, em sua estrutura.

O pecuarista João Ailton Morales se encaixa nesse perfil e também destaca as dificuldades que a população sofreu durante esse tempo, juntamente com as melhorias feitas na região.

“Há 20 anos, Paragominas não tinha asfalto, apenas um calçamento precário. As praças eram mal cuidadas, as ruas esburacadas, era uma cidade com muita poeira e fumaça, proveniente das carvoarias e madeireiras”, diz Morales. “A principal via de entrada da cidade era ruim e mal iluminada. Não havia rede de esgoto, tratamento de água e saneamento básico.”

Sobre a segurança na região, o pecuarista conta que a população vivia o tempo todo sobressaltada. “O povo tinha que conviver com os constantes assassinatos, a violência era tão grande que a cidade na época era chamada de ‘Paragobala’, pois ninguém tinha sossego, e o sentimento de liberdade era algo impossível.”

Morales conta ainda que a principal fonte de renda era a atividade das indústrias madeireiras, produção de carvão vegetal e pecuária. O antigo morador também comenta que a cidade já foi considerada uma das principais da região, em termos de depredação do meio ambiente, devido a atividade madeireira.

“Há 10 anos é realizado um trabalho de conscientização, tanto que [o município] recebeu a certificação de Município Verde, como exemplo de preservação do meio ambiente, reconhecida mundialmente, havendo até comparações com Tóquio [no Japão]. Hoje, quem vier a Paragominas, percebe que a cidade é limpa, arborizada, asfaltada e sem tanta poeira e poluição como antes”, conclui Morales.

Atualmente, Paragominas é referência em preservação ambiental no Pará, cujo modelo é reproduzido em outros municípios paraenses. (Foto: Antônio Cícero)

O técnico ambiental e pedagogo Antônio Ricardo Borges dos Santos, que reside em Paragominas cerca de 25 anos, também destaca as mudanças que a cidade sofreu como o principal avanço.

“Antes, Paragominas era considerada uma terra sem lei, onde a violência predominava e as famílias de bem não podia ao menos sair de sua casa. As ruas não eram asfaltadas, não tínhamos as condições necessárias para viver, como rede de água potável, saneamento básico e saúde. Os pais de família tinham que se virar no que podiam para alimentar os seus, e isso só era possível através do trabalho madeireiro ou o trabalho em carvoarias”, relembra Antônio.

O pedagogo relata que viu sua cidade passar por drásticas mudanças, o que interferiu na vida de todos, pois os governantes viram que eram necessárias para que a população tivesse mais qualidade de vida.

“Com o tempo, melhorias permitiram fazer com que a cidade crescesse cada vez mais, e foi o que incentivou o cidadão de Paragominas a lutar pelo o que queria na vida”, ressalta Antônio. “Hoje a cidade tem a sua economia baseada na extração de minério, agricultura, comércio e pecuária, o que garante qualidade de vida para milhares de pessoas.”

(Luana Taveira/DOL)