Pais se unem para atender crianças com autismo

Em função da não existência de programas suficientes para atender ao universo de autistas que, estima-se, seja de aproximadamente 20 mil pessoas apenas na Região Metropolitana de Belém (RMB), Dorivaldo Gatti, pai de um menino portador de autismo, se mobilizou para buscar acompanhamento não apenas para o filho, mas deu oportunidade para que, atualmente, outras 25 crianças, sejam atendidas através da Casa do Autista.

Destacada já quase no final da rua Pedro Mesquita, no município de Marituba, o espaço de acolhimento chama a atenção de quem passa. Em azul, cor que mundialmente representa o autismo, o nome do local deixa clara a prioridade das atividades desenvolvidas ali há aproximadamente dois meses.

“O mais importante é o autismo, ele está acima de todas as outras coisas aqui”, frisa Dorivaldo, ao mostrar cada cômodo da casa mobiliada a partir de doações.

Na casa ampla e cercada por uma área com grama, as crianças atendidas têm a possibilidade de desenvolver suas capacidades de interação social e aprendizado a partir do auxílio de profissionais de fonoaudiologia, psicologia, pedagogia e psicopedagogia.

ESPERA

A casa criada a partir da iniciativa de pais de portadores da síndrome já detém uma lista de espera de mais de 100 pessoas. “Eu fui até o Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza porque lá eles têm um projeto de extensão voltado pros autistas e tomei um susto quando eu vi a quantidade de pessoas com autismo que tinha lá”, recorda.

“Quando chegou na minha vez a médica disse que eles já tinham mais de 600 crianças cadastradas e que eles não tinham condição de atender a tanta gente e disse: ‘reúna os pais, façam uma associação, abram uma casa de apoio".

A Casa do Autista, montada em Marituba pela Associação dos Pais e Amigos de Autistas no Pará tem o objetivo de oferecer atendimento terapêutico e clínico para as crianças de até 12 anos. Dividido em etapas, o acompanhamento envolve o pré-atendimento para que as crianças consigam interagir em sala de aula e também o acompanhamento para que elas se tornem cada vez mais independentes.

“Na Sala do Aprendizado elas têm um preparatório para ir pra sala de aula. Elas só vão pra sala de aula quando já se sentem seguras, com autonomia para fazer as atividades”, explica Angélica Gatti, esposa de Dorivaldo e também fundadora da associação e do projeto. “Temos a Sala da Vivência Terapêutica que estamos tentando montar como se fosse uma mini casa para que eles aprendam a se vestir, arrumar a cama, se tornarem independentes”.

A Casa do Autista precisa, atualmente, de mais voluntários que possam ajudar a compor a equipe multidisciplinar que atende às crianças, além de doações de brinquedos e demais objetos que possam ser utilizados nas atividades.

“Qualquer voluntário é bem-vindo porque fazemos um treinamento com eles para que eles possam lidar com as crianças, mas precisamos de voluntários de algumas especialidades também que ainda não temos”, destaca.

“Precisamos de voluntários da área da neurologia, de psiquiatras, de fonoaudiólogos, de profissionais de educação física, de terapeutas ocupacionais que não temos nenhum... Precisamos de voluntários e de estrutura física”.

Ainda dando início a ideia de implantar aulas de música para as crianças no local, Dorivaldo reforça que também são necessárias doações que possibilitem o tratamento e acompanhamento das crianças.

“Estamos com a possibilidade de montar um curso de música, já temos um professor voluntário, mas precisamos dos instrumentos. Também estamos tentando montar a Sala de Vivência pra eles poderem aprender a ser independentes em casa, mas precisamos de tudo que uma casa precisa pra isso”.

SERVIÇO
A casa fica localizada na rua Pedro Mesquita, nº 1450, próximo à Praça da Matriz em Marituba. Quem tiver interesse em ajudar, pode entrar em contato através dos números 98018-6507 e 99628-3239

(Diário do Pará)