Alunos e professores estão no limite

Esta semana, a reportagem do DIÁRIO esteve na Escola Marta da Conceição, na Ilha de Cotijuba, e constatou a precariedade em que vivem os alunos e funcionários. Sem o mínimo de condições estruturais e administrativas, a instituição abriga 700 alunos, divididos em três turnos.

“Hoje, estudar na escola Marta da Conceição está quase impossível. Isso, porque a estrutura é precária. Nós não temos material escolar, ventiladores, biblioteca, banheiro, e nem uma quadra para fazer educação física. Os estudantes aqui não têm quase nada. Nem merenda, nem água para tomar.

Hoje tomamos água da torneira, porque não temos filtro. A situação é tão séria, que não temos nem diretora”, desabafou o representante da comissão de estudantes da Escola Maria da Conceição, Alessandro Oliveira.

Sem grade de proteção ou muro para limitar a instituição da rua, os alunos convivem com bois e cavalos diariamente dentro do prédio. Sem qualquer cerimônia eles entram para pastar no local.

“Não temos portões e nem porteiros. Aqui entra qualquer um, inclusive cavalos e os bois, que são muitos aqui na ilha. Somos obrigados a ficar sentindo o fedor das fezes deles e até pisar, pois tem muito mato e não vemos. Um dia desses, uma menina de 13 anos foi atropelada por um cavalo que entrou correndo. A nossa vida corre risco diariamente”, comentou Alessandro.

Outro acidente registrado na instituição foi quando um ventilador de teto, pendurado por finos arames, despencou na direção de uma aluna.

“Hoje temos que assistir às aulas com um calor insuportável, porque não podemos ligar os ventiladores, pois estão velhos e enferrujados. Há umas semanas, um deles caiu em direção de uma menina”, disse Alessandro.

MERENDA É LUXO

Na instituição, merenda é quase um artigo de luxo. “Nós aqui ficamos sem alimento a maior parte do tempo. Quando vem merenda não tem gás, e quando tem gás, não temos merenda. Os alunos procuram, nós precisamos disso também. Quando tem um dia, quatro não têm. É assim que vamos levando”, denunciou o estudante.

Além dos discentes, outros funcionários deixaram de trabalhar na instituição devido à falta de segurança, estrutura e até alimentação. “Como muitos professores aqui tem que pernoitar, eles não aguentam e vão embora. O local que foi feito para eles ficarem não tem nada. Nem mesmo energia elétrica”, explicou o estudante.

“Nós que somos funcionários e os professores não aguentamos mais ver os estudantes nesta situação. A cada dia fica mais complicado viver aqui. A casa que foi feita para abrigar os funcionários está em uma situação precária. Mas, apesar de tudo que vem acontecendo, o principal problema é que hoje estamos sem diretor, sem secretários. Os documentos que os alunos precisam demoram muito para serem entregues, já que vem de Belém. Não temos material escolar, e isso dificulta nosso trabalho. Não temos pincel, material pedagógico, nada”, disse um funcionário, que preferiu não ser identificado.

(Diário do Pará)