Iasep obriga servidores a não adoecer

Servidores públicos estaduais denunciam os transtornos que tem passado ao tentar marcar consultas e exames em clínicas e consultórios conveniados com o plano de saúde do Instituto de Assistência dos Servidores do Estado do Pará (Iasep). Eles afirmam que os médicos estão sem receber do governo Jatene o repasse do dinheiro, que também é descontado de seus salários, e, por este motivo, alguns consultórios não estão aceitando o plano. A demora para conseguir um atendimento pode chegar até dois meses.

A servidora estadual Márcia do Socorro Lages Costa, conta que quem precisa utilizar o plano de saúde do Iasep, encontra dificuldades pelas limitações que são impostas pelas cotas anuais de atendimento. Márcia, por exemplo, precisa fazer uma ultrassonografia mamária após sentir fortes dores no seio, mas sem perceber, ela já havia feito três ultrassonografias anteriores, limite máximo para este tipo de procedimento. Ela ainda tentou a liberação de apenas mais um atendimento, mas teve o pedido negado. “Quer dizer, agora vou ter que esperar até o ano que vem para voltar a ter as minhas cotas para depois descobrir o que tenho”, diz.

Como se não bastasse cada pessoa ter um limite de cotas para poder cuidar da saúde, as clínicas também possuem o mesmo mecanismo, segundo Márcia. “Um dia eu liguei para tentar marcar uma consulta e disseram que a cota do consultório para usuários do Iasep já havia acabado, só ia estar disponível mês que vem para novos agendamentos. Ou então é normal que agendem as consultas para daqui a dois meses e quando chega no dia eles ligam para desmarcar. Às vezes, os médicos se negam a atender quem é do Iasep”. denuncia Márcia.

"ESTAMOS SENDO PREJUDICADOS"

Enquanto isso, todos os meses é descontado no contracheque de Márcia cerca de 6% do salário para poder utilizar os serviços que um plano de saúde com limitações. Entretanto, ela apenas queria entender o que está acontecendo para haver tantas dificuldades. “Só queria saber se isto é legal ou ilegal. Todo mês é descontado do meu contracheque e eu não consigo usar o serviço. Só queria uma solução para não ter que ficar brigando todo mês para exigir algo que é de direito meu, isso é uma humilhação”, conta indignada.

Já a pedagoga Luiza da Silva diz que ao ligar para marcar consulta no ginecologista foi informada pela secretária que a médica havia suspendido o atendimento para clientes do Iasep, por não ter recebido o repasse de dinheiro que deveria ser feito pelo Instituto. “A gente paga um plano de saúde, já que é descontado do meu salário, e quando procura agendar uma consulta recebe uma resposta dessas, que o serviço está suspenso para o Iasep por falta de pagamento ao profissional da saúde. Estamos sendo prejudicados”, disse Luiza.

De acordo com o presidente da Comissão dos Direitos do Consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PA), Raymundo Albuquerque, a prestadora de serviços de plano de saúde não podem limitar a quantidade de atendimentos do cliente e quando há a necessidade de ser atendido, o cliente deve ser atendido. “Não há cotas para planos de saúde limitar a necessidade do cliente em usar o serviço prestado. Por não atender, a empresa pode ser penalizada e o cliente pode entrar na justiça pedindo indenização por danos morais”, explica Albuquerque.

A reportagem do DIÁRIO DO PARÁ entrou em contato com o Iasep, mas não obteve retorno.

(Diário do Pará)