Empresários clamam por segurança

O assalto cometido em um posto de combustível na Estrada do Maguari, em Ananindeua, contra um casal de empresários, que resultou na morte da empresária Márcia Guimarães Arruda e no baleamento do marido da vítima, Alberto Arruda Filho, causou comoção e fez acender ainda mais um sinal de alerta entre os comerciantes pela falta de segurança nas ruas do município, assim como em toda Região Metropolitana de Belém (RMB).

O diretor e superintendente da Associação Empresarial de Ananindeua (Acia), Sergio Souza, acredita que o problema da violência só poderia ser amenizado com mais investimentos na área de segu- rança. Para ele, a segurança está sendo feita, mas nem sempre satisfatoriamente.

“É possível que alguns empresários e pessoas que pretendem montar um comércio se retraiam por conta disso. Nós temos que cobrar fazer a nossa parte”, disse.

Em relação ao crime contra o casal de empresários, o superintendente da Acia lamentou o ocorrido. “A gente sente muito. Isso demonstra que ainda falta muito a ser feito. Esses casos de violência infelizmente não acabam. A ronda ostensiva, ações preventivas são muito importantes para que esse quadro possa mudar. A entidade no mo- mento desses fica bastante sensibilizada e, com certeza, iremos cobrar isso das autoridades”, afirma.

Quem trabalha no comércio de Ananindeua, mais precisamente na Estrada do Maguari, vive em um clima e insegurança constante. “Entrou um rapaz armado dentro da minha loja e fiquei com medo. Aqui dentro tem a segurança particular que é boa, mas a gente também depende também da segurança de fora. Minha loja era no Paar, mas saí de lá porque fui ameaçada de assalto. Aqui já sofri alguns furtos. A gente até vê policiais fazendo ronda, mas é de vez em quando. Deveria ser constante”, reclama a proprietária de uma loja que funciona dentro de um shopping popular do local.

Residindo há pouco tempo no Pará, o gerente de uma sapataria no Centro de Ananindeua sente que a falha na segurança pública do estado é maior em comparação com outras regiões do país.

“Outro dia, aconteceu um caso de uma pessoa levar uma facada na feira e caiu aqui em frente da loja. Eu mesmo liguei para o Samu. Passou uma viatura, o policial parou, depois disfarçou e disse que tinha de atender outra situação. Falta comprometimento. Em certos horários o movimento já diminui e os próprios funcionários já pedem para ir embora pela insegurança. É complicado, pois é a segunda maior cidade do estado. Os lojistas tentam se adequar à situação, mas o governo deve propiciar a segurança”, relata Edson Santos.

INSEGURANÇA MÁXIMA FECHA POSTOS

De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Derivados de Petroléo, Gás Natural e Biocombustíveis do Estado do Pará (Sindicombustíveis), Ovídio Gasparetto, o sistema de segurança utilizado pela maioria dos postos da Região Metropolitana de Belém (RMB) é o de vigilância através de câmeras de segurança, prestado por empresas externas. “Se faz nescessário ressaltar que somos um dos raros negócios no mundo onde não tem portas e a facilidade de entrar e sair é um dos motivos da frequência dos assaltos, aliado ao fato que se imagina que postos tenham uma grande quantia em dinheiro, o que não é verdade, pois a cada dia que passa o movimento de cartões de crédito/débito e notas a cobrar, fazem com que poucas pessoas optem por pagar em dinheiro. Até mesmo porque a própria população já opta não andar com dinheiro”, garante.

É possível perceber que alguns estabelecimentos funcionam em horários diferenciados, principalmente nos finais de semana e feriados. Gasparetto explica que essa é uma das medidas de segurança adotada pelos proprietários. “Vários postos reduziram seus horários e muitos deles já não funcionam 24 horas, o que me parece ser uma tendência, pois as vendas à noite são mínimas e a insegurança é máxima. De acordo com orientação da Secretaria de Segurança Pública, recomendamos que toda vez que houver um assalto seja registrado através de um boletim de ocorrência. Podemos afirmar que não existe semana que não tenha ao menos um posto assaltado. Com a ocorrência, a polícia pode identificar as áreas mais necessitadas de segurança assim como os horários mais propícios”, declara.

O presidente do Sindicombustíveis faz ainda um apelo as autoridades que atuam na Segurança Pública do estado. “Além do fato que os nossos presídios não corrigem o cidadão, é necessário que reformulemos esse sistema e que dentro da prisão se ensine uma profissão para que ao retornar a sociedade esse pessoa se integre sendo produtivo. Minha sugestão é que a polícia pudesse utilizar os postos de gasolina como ponto de apoio e, sempre que possível, mantivesse sua viatura no posto, assim servindo como os antigos PM Box, e acima de tudo dando suporte ao bairro”, sugere.

RESPOSTA

A assessoria da Polícia Militar do Estado do Pará foi procurada para falar sobre o assunto e respondeu que “o policiamento em toda a região (de Ananindeua) é realizado com viaturas, motocicletas e operações policiais realizadas em conjunto com órgãos parceiros. Além do policiamento ordinário, a região conta ainda com o recobrimento de guarnições motorizadas do Comando de Missões Especiais”, esclarece. (P.S.)

(Diário do Pará)