Com o buquê escolhido com carinho ainda em mãos, o cenário avistado pela doméstica Marly do Socorro assim que adentra o Cemitério do Tapanã, onde enterrou um filho há três anos, não poderia ser mais entristecedor. No caminho de concreto que dá acesso às sepulturas, os buracos são apenas um dos problemas. Entre as sepulturas e bancos que deveriam ser destinados aos visitantes, o mato, já alto, encobre cruzes e calçadas. Das plaquinhas que deveriam identificar as quadras e subquadras do cemitério, já não se consegue ler quase nada. “Isso é uma falta de respeito com os nossos parentes que estão enterrados aqui”. Acompanhando a mãe que já há algum tempo não visitava o cemitério, o modelo Humberto Garrido já planejava retirar os restos mortais do irmão do cemitério antes mesmo de encontrar a sepultura. “A administração desse cemitério já deveria ter feito alguma coisa. Eu vou mandar tirar o meu irmão daqui”, decidiu. “Isso é um desrespeito não só com os nossos parentes, mas com os familiares também que não conseguem nem fazer uma homenagem digna aos entes”. Seguindo pelo caminho principal do cemitério, além dos buracos, é preciso desviar dos indícios da presença de animais no local. “A gente vê que tem até fezes de bichos aí, de boi. A gente perguntou ali e disseram que eles entram mesmo porque uma parte do muro lá atrás tá quebrada”, constata o carpinteiro Manuel Ferreira, que também foi ao local visitar o túmulo do pai. “Tá fraca a manutenção aqui mesmo. A gente vê que tá tudo abandonado. Até bicho já vem pastar dentro do cemitério”. Já encobrindo boa parte das cruzes que marcam os túmulos, o mato alto se espalha por todos os cantos do cemitério público. Logo na entrada, às proximidades do estacionamento, uma grande quantidade de bloquetes de concreto empilhados se soma ao amontoado de lixo.
(Diário do Pará) |
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