Há pelo menos 20 dias, uma casa histórica do centro de Belém está sendo demolida. O imóvel localizado na travessa Dom Romualdo de Seixas, entre a Avenida Senador Lemos e a Rua Jerônimo Pimentel, no bairro do Umarizal, seria de propriedade da Maternidade Saúde da Criança. Segundo funcionários do hospital, lá funcionava o arquivo da maternidade. Mas, a direção do hospital resolveu derrubar a casa para ampliar o estacionamento utilizado pelos médicos que trabalham no local.
Por se tratar de um prédio antigo, os próprios funcionários do hospital e os trabalhadores contratados para fazer o serviço questionaram à administração da maternidade se a casa poderia ser demolida, se houve autorização dos órgãos de proteção do patrimônio histórico para isso. Porém, de acordo com os funcionários, a direção se limitou a responder que o imóvel pertence ao hospital e que a obra seria feita.
“A administração comprou essa casa já faz bastante tempo. O entulho da demolição da casa vai servir para o nivelamento do piso do estacionamento. Não sabemos se a direção teve autorização para fazer isso. Mas até os próprios funcionários e os que estão trabalhando na obra questionaram”, disse um funcionário da maternidade.
O advogado José Neto passou pelo local na noite da última segunda-feira e estranhou o que viu. “É um absurdo autorizarem a fazer isso com uma casa antiga. Ainda mais durante o feriado de carnaval que não tem ninguém na cidade. É muito estranho. Passei à noite por lá e estavam derrubando a parte de trás da casa. Agora só deve estar restando a fachada”, afirmou Neto.
Para a presidente da Associação da Cidade Velha – Cidade Viva (CiVViva), Dulce Rosa de Bacelar Rocque, a atitude é inaceitável.
“Não precisa ser tombado ou não. Pois, não se pode derrubar uma casa histórica. A casa era azulejada com azulejos da fábrica do Boulanger. Recebi informações de que o prédio é área de proteção da Secult e depois soube que a própria secult autorizou a demolição. Só quero que vocês digam ‘Assim acaba nosso patrimônio. Quem autorizou?’”, relatou Dulce.
Em virtude do feriado de Carnaval, a administração da Maternidade Saúde da Criança não foi encontrada para falar sobre o assunto. A reportagem do DIÁRIO procurou as assessorias da Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel) e da Secretaria de Estado de Cultura (Secult) para prestar esclarecimentos, mas até o fechamento desta edição, não obtivemos resposta.
(Diário do Pará)
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