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Líderes oposicionistas se unem a militares dissidentes para derrubar Maduro, que reage

Eram 6h (7h em Brasília) quando Caracas despertou de modo tenso na terça-feira (30). O líder da oposição, Juan Guaidó, e o preso político Leopoldo López se dirigiram à base aérea de La Carlota e anunciaram uma ação para retirar do poder o ditador Nicolás

Eram 6h (7h em Brasília) quando Caracas despertou de modo tenso na terça-feira (30). O líder da oposição, Juan Guaidó, e o preso político Leopoldo López se dirigiram à base aérea de La Carlota e anunciaram uma ação para retirar do poder o ditador Nicolás Maduro, com apoio de militares dissidentes.
"Hoje soldados que são valentes vieram até aqui porque nosso Primeiro de Maio começou hoje. Estamos chamando as Forças Armadas para acabar com a usurpação hoje", afirmou Guaidó em um vídeo no qual aparecia cercado de militares que o apoiavam, armados, e ao lado de López.
López, que estava prisão domiciliar desde agosto de 2017, cumprindo pena de quase 14 anos por incitação à violência em protestos contra o governo, disse ter sido "liberado por militares à ordem da Constituição e do presidente Guaidó".
Os dois deixaram a base quando o local passou a ser alvo de bombas de gás lacrimogêneo lançadas pela Guarda Nacional Bolivariana (GNB), alinhada ao regime Maduro.
Mas isso não impediu que centenas de pessoas fossem caminhando (o metrô não funciona e os ônibus estavam abarrotados), abraçadas com a bandeira da Venezuela até o local onde por volta das 11h Guaidó discursou em um palco improvisado.
"Vamos resistir e exigir o fim da usurpação. Vamos encher as ruas amanhã com todo o entusiasmo, porque vamos bem", disse Guaidó à multidão, que gritava "sim, se pode" e "Operação Liberdade".
Guaidó afirmou que o fato de ele estar ali ao lado de López era um "sinal claro de que Maduro não tem mais o apoio das forças de segurança".
Oficiais que deixaram o Exército ou a GNB --identificados por usarem uma faixa azul no braço direito-- caminhavam sob aplauso.
Houve confrontos de opositores com a GNB e a polícia nas principais vias do leste da cidade, perto da praça Altamira e na avenida Francisco de Miranda. O Exército fechou diversas avenidas, e os congestionamentos se somaram aos buzinaços e panelaços.
Os momentos de maior tensão ocorreram quando a GNB avançou com suas tanquetas sobre grupos de manifestantes. Ainda assim, a jornada não foi das mais violentas que se viram em Caracas desde que esta crise teve início.
Nos três meses que antecederam a eleição da Assembleia Constituinte, em 2017, morreram mais de 120 pessoas, e apenas no fim de semana da eleição, 14. Os protestos de terça deixaram, oficialmente, 69 feridos e 30 detidos.
Depois de se desviar para o oeste da cidade, a caravana de Guaidó não voltou a ser vista. Seu porta-voz avisou que ele estava bem, em um "lugar seguro". López acabou refugiado, ao lado da mulher, Lilian Tintori, na Embaixada do Chile em Caracas.
No lado oeste, onde ficam a prefeitura de Caracas e os chamados "bairros vermelhos" (de apoiadores do chavismo), o clima era de aparente tranquilidade. Havia bloqueios nas ruas por parte das forças de segurança, principalmente perto de edifícios públicos e da Assembleia Nacional, que permaneceu fechada.
Próximo ao palácio de Miraflores, uma manifestação chavista alentava o governo. Em número menor do que a multidão na praça Altamira, os chavistas iam de camiseta vermelha e bandeiras do partido do governo --o PSUV. Algumas pessoas carregavam cartazes com a foto de Maduro.
Um vizinho de López afirmou que ele deixou a casa onde cumpria prisão domiciliar, no bairro de Palos Grandes, sem resistências dos agentes do Sebin (o serviço de inteligência) que o custodiavam.
"Vi quando ele saiu. Foi junto com os mesmos oficiais do Sebin que o vigiavam. Saiu normalmente, sem mala nem nada. Só deixou aí o carro", disse José Pedroso, 58, à reportagem, apontando uma caminhonete branca.
O site venezuelano Tal Cual informou que o diretor do Sebin, general Manuel Cristopher Figuera, foi detido logo após a liberação de López.
MADURO Maduro afirmou que as Forças Armadas do país continuam leais a ele.
"Nervos de aço! Conversei com os comandantes de todas as REDI e ZODI [comandos de defesa] do país, que manifestaram sua total lealdade ao povo, à Constituição e à pátria", tuitou Maduro. "Chamo a máxima mobilização popular para garantir a vitória da paz. Venceremos!".
O número 2 do chavismo, Diosdado Cabello, convocou uma manifestação diante do palácio presidencial de Miraflores, chamando a ação de Guaidó de "espetáculo grotesto".
Quase cem dias após o juramento do líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, como "presidente interino", Caracas ainda vive entre a esperança de uma mudança que então parecia iminente e o aumento do desespero devido à degradação das condições de vida no país.
A quarta-feira (1º) era considerada um dia chave nessa disputa de poder iniciada pela oposição naquele 23 de janeiro. A equipe de Guaidó chegou a chamar esse dia de "tomada de Miraflores", esperando que Maduro, a esta altura, estaria tão debilitado que sucumbiria.
O medo da oposição é que sua chama comece a se apagar --ou seja, que as pessoas se cansem de ir às convocações e se resignem.
O dia acabou com a dissolução das manifestações. Como a maioria dos comerciantes tinha fechado com medo da violência e muitos voltaram mais cedo porque não houve jornada laboral, as ruas de Caracas estavam vazias por volta das 18h, justamente quando sempre há trânsito.
(Sylvia Colombo/Folhapress)
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