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Justiça israelense aperta cerco a premiê

DANIELA KRESCH TEL AVIV, ISRAEL (FOLHAPRESS) - Um obscuro confidente de Binyamin Netanyahu -que enfrenta investigações em casos de corrupção, fraude e quebra de confiança- pode ser o pivô da queda do primeiro-ministro israelense, no poder desde 2009. O co

DANIELA KRESCH TEL AVIV, ISRAEL (FOLHAPRESS) - Um obscuro confidente de Binyamin Netanyahu -que enfrenta investigações em casos de corrupção, fraude e quebra de confiança- pode ser o pivô da queda do primeiro-ministro israelense, no poder desde 2009. O consultor político Ari Harow, ex-chefe de gabinete do premiê, assinou um acordo de delação premiada com a promotoria pública israelense pelo qual promete revelar os detalhes que Netanyahu gostaria que permanecessem às escuras e que podem levá-lo até mesmo para a cadeia. Se, até 4 de agosto -dia da assinatura do acordo-, Netanyahu parecia confiante de que as investigações não dariam em nada "porque não há nada" (palavras dele), o envolvimento de Ari Harow é um "gamechanger". Um indiciamento parece ser apenas questão de tempo. Por lei, Netanyahu não precisa renunciar caso seja indiciado. Mas a pressão pública e precedentes talvez o levem a isso. Segundo pesquisa divulgada na quinta-feira (10), 69% dos entrevistados afirmaram que o premiê deve deixar o cargo se for indiciado. E mais: 67% não acreditam em sua inocência. Ari Harow conhece intimamente todas as ligações de Netanyahu com doadores. Ele foi responsável pelo fluxo de verbas do premiê e lidava pessoalmente com captação de recursos para seu partido, o conservador Likud. A pedido de Netanyahu, Harow também gravava ligações ou encontros importantes do primeiro-ministro. Harow já testemunhou contra Netanyahu nos chamados "Caso 1.000" e "Caso 2.000", que investigam a suspeita de que Netanyahu e sua mulher, Sara, receberam centenas de milhares de dólares em charutos, bebidas alcoólicas e joias de bilionários. Ele teria ainda negociado troca de favores com um dos maiores jornais do país. É possível que Harow também detalhe o "Caso 3.000": um contrato duvidoso de US$ 2 bilhões para a compra de três submarinos do grupo alemão ThyssenKrupp. Até mesmo partidários do premiê já começam a verbalizar o que antes parecia um cenário improvável: os dias de Bibi Netanyahu à frente do governo estão contados. Irritado, ele fez um inflamado discurso para milhares de apoiadores. "Esta manhã um de vocês me disse, sabiamente: "Bibi, eles não querem apenas te derrubar, eles querem derrubar todos nós, o Likud e o campo nacionalista! Eles sabem que não podem nos vencer nas urnas, então estão tentando passar por cima da democracia e nos derrubar sem eleições!" Netanyahu culpou a esquerda e a imprensa ("são a mesma coisa, vocês sabem"), por pressionarem a Justiça. Ironicamente, muitos apontam para o que o próprio Netanyahu disse há quase uma década, quando o então premiê, Ehud Olmert, do finado partido de centro Kadima, começou a ser investigados por corrupção: "O primeiro-ministro está imerso até o pescoço em investigações e não tem mandato público ou moral para lidar com os destinos da nação. (...) A coisa certa a fazer é que esse governo vá para casa", disse Bibi na TV -Olmert foi condenado a 19 meses de prisão e deixou a penitenciária em julho, depois de 16 meses. Nascido na Califórnia, Ari Harow, 44, chegou a Israel aos 12 anos. É formado em psicologia, com mestrado em ciência política. Aos 29, se tornou assessor para assuntos estrangeiros de Netanyahu. Serviu como diretor-geral do "Friends of the Likud" (amigos do Likud) nos EUA, arrecadando fundos para o partido do premiê. Tornou-se chefe de gabinete de Netanyahu em 2008, saiu do governo dois anos depois e criou a consultoria política 3H Global. Quando voltou a ser chefe de gabinete de Netanyahu, em 2013, a consultoria foi repassada ao irmão, Josh, em medida suspeita de ter sido para inglês ver (o "Caso 4.000"). Em 2015, ao assumir a busca de financiamento para a campanha do Likud, se tornou alvo da polícia. "Foi isso que derrubou Harow. Ele ficou sob suspeita de receber subornos e de outros comportamentos criminosos. Em um esforço para evitar uma pena de prisão, concordou em dizer aos investigadores tudo o que sabia sobre as atividades de Netanyahu. Será condenado apenas a meio ano de serviço comunitário e uma multa (de US$ 193 mil)", escreveu o analista político Ben Caspit no site Al Monitor. A consultoria de risco Eurasia Group divulgou análise prevendo que a polícia terminará as investigações até o fim deste ano por causa da delação de Harow. Netanyahu seria, então, indiciado em meados de 2018 e, pressionado por seu partido, renunciaria. "Mesmo que Netanyahu se mantenha muito popular entre os eleitores de centro-direita e seu partido Likud, os parceiros de coalizão provavelmente vão aproveitar a oportunidade criada por um indiciamento para destituí-lo", escreveu o analista de Oriente Médio Riccardo Fabiani. O que o analista não leva em consideração é a capacidade incomum do carismático Netanyahu de se manter no poder. Depois de seu primeiro mandato (1996-1999) e de quase uma década de ostracismo, conseguiu voltar à cena política em 2009, enfrentando -e vencendo- quatro eleições. Desta vez, no entanto, pode ser que a fênix da política israelense tenha perdido o dom de renascer.

Fonte: FolhaPress

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