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Procuradoria investiga trabalho em escola de igreja ligada a denúncia nos EUA

ANA ESTELA DE SOUSA PINTO SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Ministério Público do Trabalho (MPT) de São Paulo ouviu na manhã desta terça (8) os pastores Juarez e Solange Oliveira, fundadores do Ministério Evangélico Comunidade Rhema, em investigação sobre tr

ANA ESTELA DE SOUSA PINTO SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Ministério Público do Trabalho (MPT) de São Paulo ouviu na manhã desta terça (8) os pastores Juarez e Solange Oliveira, fundadores do Ministério Evangélico Comunidade Rhema, em investigação sobre trabalhos forçados. A procuradora Andrea Gondim questionou os pastores sobre o trabalho voluntário de professores no Colégio Cristão Rhema, em que estudam cerca de 60 crianças filhas de fiéis. Na última quinta (3), cerca de 15 agentes da Polícia Federal e do Ministério Público do Trabalho fizeram uma blitz no terreno nas dependências da Rhema, em Franco da Rocha, Grande São Paulo. A investigação partiu de uma ligação ao Disque 100, que recebe denúncias de violações a direitos humanos. No mês passado, a agência de notícias Associated Press publicou declarações de ex-membros da Rhema dizendo terem sido submetidos a trabalho forçado na igreja americana Word of Faith Fellowship, em Spindale, Carolina do Norte. Fiéis que já viajaram a Spindale negaram em entrevista as acusações. Afirmam que o principal motivo da viagem aos EUA é participar de seminários religiosos e que trabalharam de forma voluntária, da mesma forma que no Brasil, seja para membros da igreja, seja fora dela. Na semana passada, os agentes vistoriaram o templo e a escola da igreja e interrogaram fiéis e professores que estavam no local, segundo David Dulman, sócio do escritório RDS Advogados, que defende a Rhema. O MPT disse nesta terça que não há conclusões sobre o caso. As investigações devem continuar, em conjunto com a Polícia Federal e o Ministério do Trabalho e Emprego. VOLUNTÁRIOS A reportagem visitou o colégio na última sexta (4), a convite da igreja Rhema, e conversou com fiéis que trabalham ou trabalharam como professoras no local. Segundo elas, algumas atuam voluntariamente, pois já são assalariadas em outras escolas, enquanto outras recebem remuneração da Rhema. O colégio, que vai da educação infantil ao ensino médio, tem mensalidades que variam de R$ 300 a R$ 500 e classes com de 4 a 6 alunos. Estudam ali cerca de 60 crianças, filhas dos membros da Rhema. A igreja desaconselha que seus fiéis estudem em outras escolas, e todas as professoras são da religião. MUTIRÕES A prática de mutirões é estimulada em igrejas evangélicas, segundo pesquisadores que estudam o tema. Carência material ou psicológica e ênfase em forças sobrenaturais, porém, podem favorecer a exploração de fiéis. Consideraram-se explorados e forçados a trabalhar pela Word of Faith 14 brasileiros ouvidos pela Associated Press. Outros 13 membros da igreja americana relataram tapas, socos e sufocamento, entre outros castigos. Flavio Corrêa, que foi membro da Rhema dos 29 aos 52 anos, diz que não dá para comparar os mutirões feitos aqui no Brasil com o que acontece em Spindale. "Nos EUA, os brasileiros são colocados em empresas dos membros americanos, firmas de informática, pintura, jardinagem ou construção civil. E não recebem um tostão, apenas um chocolate ou um presentinho." Segundo ele, a igreja estimula os jovens que concluem o ensino médio em sua escola a viajar para a Carolina do Norte. "É quase uma norma, a pretexto de crescimento espiritual". Corrêa, que deixou a Rhema há um ano, diz que nunca favoreceu a ida de seus filhos. Para ele, a proximidade com os pastores americanos modificou a igreja brasileira nos últimos dez anos. AGRESSIVIDADE "Quando cheguei, era uma igreja evangélica normal, agradável. Depois dos americanos, passaram a adotar procedimentos grosseiros, até agressivos." Segundo o depoimento de Corrêa e outros ex-fiéis, foi por influência de Jane que começaram em Franco da Rocha as "correções": broncas e humilhações em público ou em salas fechadas, que chegavam a incluir tapas. A natureza da ligação entre as igrejas americana e brasileira não é clara. Os pastores Juarez e Solange Oliveira, fundadores da Rhema, negam relação formal com a Word of Faith. "Temos apenas laços de amizade", diz Solange. No site da Word of Faith, a Rhema é apresentada como uma missão dos americanos. Juarez diz que não há vínculos hierárquicos nem financeiros e que a palavra missão é usada pelos americanos no sentido religioso: "Quando um pastor viaja, está em missão". A pastora Jane Whaley vem a Franco da Rocha todos os anos. O templo brasileiro tem decoração idêntica à do americano: fileiras de cadeiras cor de vinho, três coroas de rosas emolduradas por medalhões de gesso na parede dos fundos, entremeadas por vasos de samambaias. O palco das duas igrejas é recoberto de carpete vinho e, nas duas, é ocupado por algumas dezenas de fieis com microfones durante os louvores —canto de hinos religiosos. A indumentária dos fiéis que participaram do culto assistido pela reportagem também é calcada no que se vê nos vídeos da igreja dos EUA. Para homens de qualquer idade, incluindo meninos, terno e gravata. As mulheres usam saias até os tornozelos, blusa fechada e paletós debruados, bordados ou enfeitados com lantejoulas, brilho e flores de tecido. Maquiagem, jóias ou bijuterias e penteados armados são a regra. HOLOCAUSTO Outro ponto em comum é uso do holocausto dos judeus pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial. Tanto em Spindale quanto em Franco da Rocha, alunos das escolas da igreja estudam o episódio, entrevistam sobreviventes e reproduzem em pintura a óleo ou desenhos a carvão fotos dos judeus perseguidos. Em vídeo, Jane Whaley diz que a ideia de construir seu Museu do Holocausto surgiu há cerca de dez anos, quando a igreja começou a ser "alvo de perseguição". "O mesmo que aconteceu aos judeus na Segunda Guerra estava acontecendo conosco", diz ela. "Basta apenas uma mentira e uma pessoa que acredite para que isso se espalhe." Em Franco da Rocha, as crianças aprendem a cantar hinos em inglês e alguns salmos em hebraico. Um dos principais pesquisadores de neopentecostalismo no Brasil, o professor de sociologia da USP Ricardo Mariano acompanhou apenas pela imprensa o caso da Rhema. Segundo ele, não é comum que haja ligação entre igrejas brasileiras e americanas. "Não disponho de informação sobre qualquer fenômeno do gênero. Ele não corresponde a qualquer "padrão" de atuação de organizações cristãs ou evangélicas dentro ou fora do país." Mariano afirma que "as igrejas evangélicas no Brasil, em geral, são autóctones e autônomas".

Fonte: FolhaPress

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