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Alimentos fáceis de encontrar e aliados da saúde

A médica pediatra e nutróloga paulista Clara Terko Takaki Brandão, 74 anos, estava em Santarém, no oeste do Pará, na década de 1970, quando visitou um pimental de uma colônia japonesa. Lá percebeu que era colocado um pó branco no pé de cada pimenteira. El

A médica pediatra e nutróloga paulista Clara Terko Takaki Brandão, 74 anos, estava em Santarém, no oeste do Pará, na década de 1970, quando visitou um pimental de uma colônia japonesa. Lá percebeu que era colocado um pó branco no pé de cada pimenteira. Ela perguntou o que era aquele material. E ficou surpresa com a resposta: tratava-se de farelo de arroz. “Perguntei por que usavam e me responderam que era porque jogavam fora. Mas também sou filha de japoneses e sabia que não era só porque não servia para nada”, conta. Chegando em casa, ela foi ver a tabela nutricional do arroz e descobriu que o pó é riquíssimo em nutrientes.

Esse foi um dos estalos para que a médica criasse a fórmula da Multimistura, uma espécie de composto alimentar feito com 70% de farelo tostado (arroz e/ou trigo), 15% de pó de folhas (mandioca, batata-doce) e 15% de pó de sementes (gergelim, abóbora, linhaça, girassol). A fórmula foi criada durante suas pesquisas e pela constatação do grande número de crianças subnutridas na região amazônica. Era preciso pensar uma solução viável e com ingredientes abundantes, para que fosse servida em creches e escolas. “Como recuperar as crianças, sem gastar dinheiro?”, questionava-se.

Foi um desafio. A médica saiu de sua terra natal e passou pelo Tocantins, ao lado do marido, também médico, onde criou o Centro de Educação e Recuperação Nutricional, em 1972. Depois foi para Santarém e Altamira, onde criou a ONG Sociedade de Estudos e Aproveitamento da Amazônia (Seara), quando teve início a sua parceria com o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) para o desenvolvimento de pesquisas. Algo importante já se delineava: pensar a soberania e a segurança alimentar a partir do que a própria região oferta. Por isso, na Multimistura a folha da mandioca é essencial.

“Se você comer uma colher de sopa por dia, melhora o aprendizado, a cólica menstrual, a rachaduras nos pés e nas mãos, reduz violência e agressividade. Além disso, ajuda no trabalho de parto, previne cáries... A folha da mandioca é rica em vitamina A e o pó de arroz em vitamina B1 e zinco. Já o gergelim, por exemplo, tem 10 vezes mais cálcio que o leite e nós temos deficiência de cálcio na dieta brasileira em mais de 50%”, explica a Dra. Clara sobre os benefícios da fórmula.

Mas, para além da Multimistura, a Dra. Clara Takaki Brandão também pesquisa o comportamento alimentar e as tradições populares da gastronomia a fim de incentivar que se consumam mais produtos regionais, para a melhoria nutricional da população e também pelo fácil acesso aos produtos. Ela dá o exemplo do trigo, e adianta: “trabalho com as comunidades, não faço pesquisa para publicar. Podemos substituir o trigo, que tem tanto malefícios, pessoas alérgicas ao glúten, é 70% importado, elimina CO² quando se transporta, usa estradas que são péssimas. Não é orgânico. Por que não usamos mandioca, que é nossa?”, pergunta.

A mandioca é o carro-chefe de suas discussões e ela tem disseminado maneiras de usar o suco da mandioca, como o queijo de mandioca - chamado de “mandioqueijo” -, no próprio tucupi, para fazer vinagre e até sabão.

(Dominik Giusti/Diário do Pará)

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