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Arquivo Público do Pará continua sem restauro

O comerciante Arnaldo de Sousa, de 54 anos, trabalha há 23 anos vendendo lanches em um carrinho na travessa Campos Sales, esquina com a rua 13 de Maio, no bairro da Campina, em Belém, e conhece muito bem o Arquivo Público do Estado do Pará, que fica bem a

O comerciante Arnaldo de Sousa, de 54 anos, trabalha há 23 anos vendendo lanches em um carrinho na travessa Campos Sales, esquina com a rua 13 de Maio, no bairro da Campina, em Belém, e conhece muito bem o Arquivo Público do Estado do Pará, que fica bem ali, mas lamenta muito que o espaço, que ele considera bonito e importante para a sociedade, esteja em reforma há tanto tempo. Na semana em que o Arquivo Público do Estado do Pará completa 114 anos, as portas estão fechadas ao público.

“Sei que este lugar é importante, porque guarda documentos antigos que contam a história do Pará, mas faz muito tempo que foi fechado para reforma e não reabriu. No início, trabalhadores estavam a todo vapor, mas eles sumiram. Poucos voltam aqui e o que mais vemos são ratos”, desabafou o comerciante.

Muitas pessoas passam apressadas pela rua, algumas sem saber o que o prédio representa, outras esperando que seja reaberto. “Não faço a mínima ideia do que seja o prédio. É bonito, mas está fechado”, disse a doméstica Maria de Fátima Rodrigues, 56 anos, que passava em frente.

“Acho um desperdício um prédio bonito como esse estar fechado. Ou deveria estar logo aberto ao público ou ser utilizado pelo governo para abrigar outros espaços públicos. Enquanto o governo aluga casas velhas para abrigar órgãos, esse espaço fica fechado”, lamentou Talita Raiol, servidora pública de 25 anos, que passa sempre por ali no caminho que faz para o trabalho.

HISTORIADORES

Se o público leigo já lamenta, dá para imaginar o que sentem aqueles que precisam deste espaço para suas pesquisas. Segundo os historiadores Edilza Fontes e Thiago Mesquita, ambos membros da diretoria da Associação Nacional dos Professores Universitários de História (Anpuh-Pará), os arquivos públicos são locais de guarda e preservação do patrimônio documental de uma comunidade, de um Estado, de um país, de uma nação e, portanto, têm uma função social importante nos processos de pesquisas que levem em consideração a memória histórica, a cidadania e a identidade de um povo.

“No Arquivo Público do Estado do Pará estão preservados e disponíveis ao público documentações que datam do século 16, por exemplo, o que mostra a importância da informação que ele salvaguarda. De outro lado, os arquivos públicos também estabelecem uma relação com o presente. Uma pesquisa pode dar conta, por exemplo, de direitos trabalhistas, cadeias condominiais podem ser acessadas, mudanças no planejamento do espaço público das cidades e atualmente a memória e a reparação de pessoas que sofreram processos de violação de direitos humanos em tempos de ditadura. Todas essas informações são retiradas dos arquivos, mas infelizmente no Brasil a política de preservação desses ambientes caminha lentamente em comparação a outros países do mundo. Em nosso Estado, a situação é ainda mais precária, com os riscos constantes de incêndio, o clima e a ausência de uma política pública de defesa e divulgação do patrimônio documental”, critica a professora Edilza, presidente da Anpuh-Pará, pontuando que, no arquivo público paraense, o acervo vai até meados do século 20.

“Recentemente, tivemos a passagem dos 50 anos do golpe civil-militar no Brasil e os historiadores foram chamados para manifestar seus pontos de vista. E de onde tiramos informações se não dos arquivos públicos? Nesse momento, nosso Estado sofreu mudanças importantes, políticos paraenses tiveram projeção nacional e seus processos de tomadas de decisão são importantes para entendermos as peculiaridades de nosso Estado. Além disso, onde foram parar as documentações das pessoas que sofreram violações de direitos humanos durante a ditadura militar? O Estado precisa dar essas respostas e a sociedade precisa compreender e se apropriar desse debate, entender que o arquivo público não é o lugar apenas do historiador de ofício ou do pesquisador em geral, esse é um lugar de memória, de produção de conhecimento e, acima de tudo, um lugar de informação”, completa a professora.

LEIA MAIS:

Aniversário de portas fechadas ao público

(Diário do Pará)

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