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Arraial do Centur permanece indefinido

Todo artista se prepara para seu espetáculo e espera, depois de tantos ensaios, se apresentar ao público. Na quadra junina, não seria diferente. Os grupos de Belém e de várias regiões do Pará sustentam a tradição das quadrilhas com dedicação e muitas veze

Todo artista se prepara para seu espetáculo e espera, depois de tantos ensaios, se apresentar ao público. Na quadra junina, não seria diferente. Os grupos de Belém e de várias regiões do Pará sustentam a tradição das quadrilhas com dedicação e muitas vezes sem nenhuma ajuda financeira de qualquer órgão público, mas tudo isso se tornou pequeno quando os grupos foram impactados com um boato de que o tradicional “Arraial de Todos os Santos”, promovido pela Fundação Cultural do Pará (antiga Fundação Tancredo Neves), não se realizaria este ano.

“Viemos conversar com a presidente da fundação para esclarecer as informações que o arraial não aconteceria mais aqui no Centur e sim no Portal da Amazônia, no mês de julho, em parceria com a Fumbel. Além disso, fomos informados que apenas dois grupos por município iriam participar desse concurso. Em edições anteriores, uma média de 45 grupos de Belém e 40 do interior participavam do concurso adulto. Foi levantada também a possibilidade do concurso mirim ser exterminado, o que seria uma grande perda para nós”, adiantou Edvaldo Magno, conhecido como Vavá, que representa o grupo Santa Luzia, do bairro do Jurunas, durante um encontro que reuniu representantes de vários grupos ontem, para cobrar explicações do Governo.

O presidente da Federação Municipal de Quadrilhas, Maurício Tavares, se dizia preocupado, pois já são poucos os espaços para esse tipo de manifestação junina na capital. “O que nos aflige é que em nenhum momento nos foi comunicado se o concurso iria acontecer este ano. Antigamente, nessa época nós já estaríamos fazendo inscrições e nos organizando para o concurso”, disse.

Depois da reunião com os representantes dos grupos, a presidente da Fundação Cultural do Pará, Dina Oliveira, garantiu que o evento vai acontecer, sem mudança de endereço. “Acabei de receber um laudo técnico dizendo que é possível realizar o evento com um equipamento específico para a geração da energia, de forma que não sobrecarregue o prédio. Com isso, confirmamos a realização do evento aqui no Centur”, assegurou. Mas qual o formato, as datas para início das inscrições e a quantidade de grupos participantes ainda permanecem indefinidos.

De acordo com nota divulgada pela assessoria da Fundação, o “Arraial de Todos os Santos” deve ter 15 dias de duração, mas o órgão vai analisar as possibilidades de orçamento e logística para atender o pedido dos grupos de estender esse prazo para pelo menos 20 dias. Seria exatamente esta reavaliação do formato que estaria atrasando a abertura das inscrições. “Antigamente o Arraial durava um mês. Esse tempo foi sendo diminuído ano a ano”, lamentou Vavá, ressaltando que as quadrilhas se mantêm sem apoio do poder público.

“Apenas quem vence o concurso ganha uma premiação em dinheiro, mas que é uma vergonha: uma média de R$ 1 mil para um grupo de quase 50 pessoas. Nós gastamos em média de R$ 12 mil a R$ 13 mil e não temos patrocinadores. A quadrilha ainda é um movimento desprestigiado e, para que ela aconteça, nós levantamos esse dinheiro nas nossas comunidades, através de rifas, bingos e festas. Em cidades como Moju e Tracuateua, as quadrilhas ganham R$ 10 mil, R$ 7 mil. Mil reais é muito pouco”, avaliou. “Mesmo assim, nem questionamos a falta de apoio financeiro, porque nunca recebemos, mas queremos espaço para dançar e concorrer”, destacou.

(Diário do Pará)

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