Exposição mostra que o tempo é apenas um detalhe

O tempo e espaço são marionetes nas mãos do artista alemão Martin Juef. Ele trabalha fotos jornalísticas e gravuras sobrepostas de uma forma irreverente e com muita crítica, deixando os espectadores com uma saudável dúvida: isto é uma imagem real ou manipulada?Juef estudou na Universidade de Artes de Berlim e já expôs na Rússia, Macedônia e Nova York. Mas hoje inaugura a exposição “8 Minutos” na Galeria Theodoro Braga, no subsolo do Centur.

È a primeira vez que o artista expõe na capital paraense, numa parceria entre a Casa de Estudos Germânicos, Instituto Goethe e Fundação Cultural do Pará.A foto que nomeia a exposição é feita justamente para mostrar duas cenas que se separam pelo tempo em um mesmo espaço. Foi feita em dois cliques sobre o mesmo negativo.

O artista registrou primeiro a passagem de uma mulher pela calçada. Voltou o negativo e 8 minutos depois deu outro clique sobre o mesmo negativo. Dessa vez registrando dois rapazes que passavam pela mesma calçada.

Ao revelar, Juef reuniu na mesma foto os três personagens que se perderam por oito minutos. Uma tentativa de extrair a função original da imagem e reunir na mesma foto personagens de tempos diferentes, proposta que segue em outros trabalhos da exposição, que se propõe a dissolver a dimensão temporal e funcional das obras.

“É uma crítica à leitura da imagem. Quero mostrar que uma imagem pode ser muitas coisas. Além disso a manipulação de imagens é uma questão atual. Muita gente confia no que vê em uma imagem e pode ser tudo diferente”, argumenta o artista radicado em Belém.

A aposta de Martin Juef é no uso de uma estética que é digital, mas com um trabalho que foi todo feito à mão, no caso das gravuras.

“O jeito que faço os desenhos são para parecer que são pixels de uma imagem de computador. Sobre as fotos é como retirá-las do contexto jornalístico e tornando-as livres para uma nova leitura, feita pelo espectador no momento da exposição”, pontua o artista sobre a mostra de doze trabalhos, alguns trazidos de Berlim e outros produzidos aqui mesmo na cidade. Agora, o próximo passo para o artista é mergulhar ainda mais na estética amazônica para dar continuidade à sua obra.

“Sem dúvida é uma nova experiência de vida, uma mudança radical, pois sempre morei em Berlim, e agora estou aqui em um lugar diferente em todos os aspectos. Montei meu atelier e estou trabalhando imergido na Amazônia. Tive que adaptar um pouco, pois enfrentei algumas dificuldades relacionadas à técnica e clima, mas teremos bons resultados”, adianta Juef, que pretende viver pelo menos mais dois anos em Belém.

TIRE UM TEMPINHO

“8 Minutos”, exposição de Martin Juef

Onde: Galeria Theodoro Braga (subsolo do Centur - Avenida Gentil Bittencourt, esquina com Rui Barbosa).

Abertura: Hoje, às 19h

Visitação: 30/01 a 27/02, de segunda à sexta, de 9h às 19h.

Quanto: de graça.

Informações: 3202-4313

(Diário do Pará)