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Paraenses retratam lembranças em São Paulo

A fotografia em si já remete a este sentimento: saudade. Saudade de alguém, de algum momento que se foi, de uma fração de segundos que não volta mais. Por outro lado “há uma incompletude na fotografia, algo que escapa, que se coloca sempre para além do m

A fotografia em si já remete a este sentimento: saudade. Saudade de alguém, de algum momento que se foi, de uma fração de segundos que não volta mais.

Por outro lado “há uma incompletude na fotografia, algo que escapa, que se coloca sempre para além do mero registro de um referente. Nesse sentido, justamente pela incapacidade de dar conta do momento que em vão tenta capturar, a fotografia paradoxalmente sugere o sentido mais nobre da memória: o sentido de retomada, pela permanente revisão que ela suscita”, considera o fotógrafo Alexandre Sequeira.

A relação tão singela quanto profunda observada pelo paraense é tema da exposição coletiva “A Arte da Lembrança – A Saudade na Fotografia Brasileira”, que fica em cartaz na sede do Itaú Cultural, em São Paulo, de hoje ao dia 8 de março.

Ela propõe um percurso pelas obras – realizadas entre a década de 1930 e 2014 – de alguns dos mais representativos fotógrafos brasileiros. Entre eles, os paraenses Alexandre Sequeira, Walda Marques e Alberto Bitar, representados pela Kamara Kó Galeria; Luiz Braga, Elza Lima e Paula Sampaio; além de Irene Almeida e Wagner Almeida, do DIÁRIO.A curadoria da mostra foi realizada por Diógenes Moura visando levar o espectador a uma viagem por este sentimento, através de obras que vão do pessoal ao universal.

Sobre esta relação entre a saudade e a fotografia, o curador destacou: “Algo de nós está ali, contido na mancha fotográfica: um destino, um desejo, uma perda, uma palavra que pronunciada será incapaz de percorrer o caminho de volta, um suspiro, a garganta das coisas”.

A exposição traz obras de 36 artistas com obras realizadas em diversas regiões do país. Alberto Bitar participa com o vídeo “Vazios”, finalizado em 2012, e que faz parte da série “Sobre o Vazio”.

As fotografias para o vídeo foram feitas em 2010 no apartamento onde o artista morou por mais de 20 anos; e em 2011, nos quartos de hotéis recém-desocupados pelos hóspedes, antes de serem preparados para os hospedes seguintes.

“A série trata do quão pessoal/impessoal podem ser esses dois ambientes completamente diferentes”, diz Bitar. O que foi capturado, ele completa, pode ser tanto uma visão pessoal sobre saudade, quanto universal.

“É um trabalho que trata de memória, e a parte do vídeo que traz o apartamento aparentemente, pra mim, traria mais essa saudade justamente por tudo que vivi lá e das pessoas com quem convivi naquele espaço, mas da mesma forma podemos sentir saudade do que vivemos enquanto estávamos habitando os quartos de hotéis e as lembranças que temos desses espaços”.Já Irene Almeida retrata a saudade através da penumbra, da ausência, do silêncio. Seu trabalho é intitulado “Sombra”.

São imagens produzidas em meados de 2013 e 2014, em Belém e Parauapebas, que passam a ideia de lugares que queremos ou podemos estar. “A série em si me remetia à ausência pela presença do espaço, do tempo. As sombras sempre fazem parte de alguma forma da minha produção pelo fato de você ter a presença de algum elemento que pode sumir a qualquer momento”, diz a artista.

Alexandre Sequeira teve quatro imagens selecionadas pelo curador Diógenes Moura. Três fazem parte da série “Espaços do Afeto”, criada em 2006 com câmera artesanal (pinhole). “Trata-se de um mapa afetivo de determinados espaços de vivência – espaços esses que considero como portos seguros.

Neles costumo ancorar meu barco em tempos de tempestade: a casa de minha família - uma casa da década de 1940, onde vivo ainda hoje; o calor e aconchego do quarto de minha mãe; ou silêncio e a circunspeção que o lugar onde meu pai foi sepultado suscita”.A outra obra, chamada “Cerco à Memória”, foi realizada em 2008.

“Em verdade a imagem foi realizada no nordeste paraense numa noite de finados e registra um incêndio na mata que circunda um cemitério. Faço um empréstimo poético desta imagem para me referir a práticas cruéis e silenciosas de apagamento de vínculos afetivos sofridos por habitantes de alguns quilombos do estado do Pará”, explica Sequeira.

Para ele, os trabalhos já carregavam em si o sentimento abordado pela mostra.O mesmo considera Alberto Bitar, que já vinha trabalhando com o tema “ausências” desde que começou a fotografar e produzir algumas séries recentes. Ele cita “Efêmera Paisagem” e “Imêmores voos”, pensadas a partir das lembranças de momentos dos quais tinha saudade.

Para Irene Almeida, fotografia e saudade são intrínsecas. “A fotografia e a saudade se associam pelo fator tempo. Pelo ato de congelar determinado momento, um desejo, uma perda. Algo que ficou num tempo distante que ressurge no presente”, finaliza.

(Diário do Pará)

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