Alcyr Guimarães revela CD com valsa e carimbó

Os discos já estão em casa desde dezembro, mas Alcyr Guimarães achou a data da chegada muito natalina e não queria misturar seu lançamento com as festas de final de ano. É, o público terá que aguardar o retorno do músico a Belém - que passou as últimas semanas realizando shows ao lado dos amigos no Rio de Janeiro - antes de finalmente conhecer “Todas as Cores”, o 27º disco do cantor e compositor gravado no Brasil e que, como o nome sugere, trará um pouco de tudo, como é marca do artista.“Trafego muito. Fui do Manga Verde, do samba, do Pavulagem... Acredito que minha vida é um pouquinho mais que razoável pelo ecletismo que assumi.

Assim este disco tem de tudo um pouco: valsa, salsa, música latina, sambas, marabaixo, carimbó. São, na verdade, as cores que a minha música assume, todos os ritmos, e tem brega também”, enumera Alcyr. São 14 músicas, 11 recentes e inéditas e outras três já “bem adultas”, como o músico sugere.

E mesmo na diferença de idade, todas as composições são atuais, um retrato de tudo que cerca sua vida. São uma crônica onde o lado humano predomina e onde nem sempre a inspiração vem de uma experiência própria, mas de alguém que o compositor conheceu e cuja história lhe encantou. “Às vezes, uma letra mais apaixonada nem é do marido apaixonado que eu sou. Estou cantando a paixão de outra pessoa, as perdas de outra pessoa e por aí vai”, explica.Com mais de 500 composições autorais gravadas, ele diz que todas são como filhos e não conseguiria ter predileção maior por uma que por outra. Alcyr diz que todas lhe dizem muito e nelas há um pouco de sua alma. “Mas nesse disco, me chama atenção ‘Alfenim’. Ela é especial porque foi feita para a minha companheira, Cika, e você pode por isso na matéria porque assim vou fazer o maior bafo com ela”, brinca Alcyr, enquanto Cika, ao seu lado, apenas ri.Além dos 27 discos gravados em terra brasileira, Alcyr Guimarães já gravou três na Alemanha, dois na Holanda e dois CDs e DVDs na Inglaterra.

Ele diz que tem muito a comemorar no novo projeto, quando o compara aos demais: “Gravei no estúdio do Ziza Padilha e, apesar de já ter gravado no estúdio que dizem ser o melhor do mundo, na Holanda, depois de 50 anos de música, entendi que mais do que o conforto, é o som e a liberdade que importam. E isso eu consigo no Ziza, que é um músico alegre, de boa vontade”, elogia.Há cerca de dois anos e meio sem gravar, ele acredita que tudo foi feito com muita leveza e ao mesmo tempo com intensidade. “Eu estou muito feliz! Embora seja o 27º, ainda vejo como se fosse o primeiro disco, porque são coisas novas, é um pouco do coração da gente que está ali”.

Produzido em cerca de um mês, o álbum recebeu masterização em São Paulo. Por tocar vários instrumentos musicais, como cavaquinho, violão, piano, gaita, contrabaixo, guitarra e tamborim, o músico foi responsável por boa parte da gravação de “Todas as Cores”. Mas destaca a colaboração dos músicos Lenilson (teclados), Maurício Nery (percussão), Betinho Taynara (baixo) e o próprio Ziza Padilha, além de Sagica (bateria), que esteve em todos os outros álbuns de Alcyr gravados no BrasilE sabendo que vender discos não é objetivo fácil nos dias de hoje, Alcyr está ansioso mesmo é pelas vendas pirateadas. “Toquei 12 anos com o Sivuca, o Geraldo Azevedo, toquei na Europa, África... Deus foi muito bom comigo. Mas um dos momentos mais emocionantes da minha carreira foi quando vi um disco meu pirateado no aeroporto. Puxa vida, piratearam integral!”, conta o músico. A intenção de Alcyr é levar o lançamento de “Todas as Cores” para o Teatro Margarida Schivasappa e esperar que o sucesso faça muita gente querer ouvir seu trabalho – mesmo que seja copiado em casa.

(Diário do Pará)