Arnaldo Antunes e Arrigo Barnabé no Se Rasgum

Cinco atrações nacionais já foram anunciadas para o Festival Se Rasgum 2014: Arnaldo Antunes, Vanguart, o argentino El Mató a Un Policía Motorizado, Silva e Arrigo Barnabé. Quatro atrações locais também já estão definidas: Meio Amargo, A República Imperial, Camila Honda e Ultranova. A largada foi dada durante as Seletivas Se Rasgum, realizadas durante dois dias no Hotel Goldmar. Por lá passaram 16 bandas, muita coisa boa, outras nem tanto, e, claro, acabou como sempre com alguma polêmica quanto ao resultado. Afinal num cenário tão eclético, é difícil agradar a punks e indies na mesma medida quando só se tem quatro vagas a ofertar.

Os critérios de escolha dos jurados eram muito simples, porém determinantes: música, performance e qualidade técnica. Graças a essa combinação, bandas como as sempre elogiadas Dharma Burns e La Orchestra Invisível, ambas de Marcelo Kawage, perderam pontos em erros técnicos daqueles que só apresentações ao vivo explicam. Assim como Juliana Sinimbú, que tem uma base técnica (dela e da banda) inquestionável, mas que teve uma apresentação monótona, nada empolgante. Talvez tenha sido vítima da própria segurança no palco, pareceu sem vida.

O aguardado show de punk da Rádio Ativa se atrapalhou todo na parte técnica, da mesma forma o The Tump, um sopro de originalidade com um eletrorock feito com duo de baixos no palco, tocando sob base eletrônica, se perdeu entre pedais e cabos, o que comprometeu técnica e performance. A sensação que fica é que era a banda certa, no ano errado. Sem dúvida nas Seletivas 2015, com o duo mais afinado e seguro, dará muito o que falar.

Essa maturidade, por exemplo, fez toda a qualidade do show do Meio Amargo. A turma no palco era a mesma do projeto solo apresentado por Lucas Padilha nas Seletivas do ano passado, mas quanta diferença! Com uma “cozinha” em noite inspirada – Planária (baixo), João Lemos (guitarra) e Neto (bateria) – e ligada no 220 volts, Lucas carregou de peso suas baladinhas folk, num contraditório que prende e deixa com vontade de ouvir mais e mais.

Se surpresa fosse critério, o Café N’Amour também estaria dentro. Afinal, que voz é aquela de Thais Ribeiro? Com um timbre alto e potente, daqueles que estamos acostumados a ouvir em cantoras de brega, ela trouxe uma cara diferente ao pop-rock da banda, impossível não se contagiar. Itinerário Boomerang também ficou na beira, com um trabalho muito bacana, mas ainda faltando um molho que talvez mais tempo de palco possa dar.

Iza & Os Agregados deixou a sensação de que a banda Stigma estava de volta aos palcos. Se houvesse um critério de originalidade, teria perdido ainda mais pontos para si própria por não ter reassumido de vez a banda anterior, ou criado uma carreira solo com outra identidade. Originalidade também seria um critério para, quem sabe, desclassificar A República Imperial, que em tudo, até no nome, lembra a Orquestra Imperial de Talma, Moreno Veloso e companhia. Mas, ok, para Belém a banda que tem a filha de Dona Onete como integrante é diferente do que se faz por aqui, com um formato orquestrado, uma alma latina e uma força no palco que colocaram todo mundo para dançar.

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(Diário do Pará)