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Fãs falam sobre versões de desenhos clássicos

Desde os tempos de Hanna-Barbera, que crianças do mundo todo ficam apaixonadas por desenhos animados como ‘Corrida Maluca’, ‘Manda Chuva’ e ‘A Formiga Atômica’. Novos desenhos surgem e os clássicos voltam à tona em novas versões – tem adulto que não gosta

Desde os tempos de Hanna-Barbera, que crianças do mundo todo ficam apaixonadas por desenhos animados como ‘Corrida Maluca’, ‘Manda Chuva’ e ‘A Formiga Atômica’. Novos desenhos surgem e os clássicos voltam à tona em novas versões – tem adulto que não gosta e muita criança capaz de apontar os melhores de 2013. São os clássicos que eram melhores ou as crianças que mudaram?

Hanna-Barbera foi uma empresa de animação criada pela dupla de cartunistas norte-americana William Hanna e Joseph Barbera, cuja propriedade agora é da Time Warner, tornando-se alimentadora de um dos canais infantis mais conhecidos do mundo: o Cartoon Netwook. Ela foi responsável por clássicos da TV como: Zé Colméia, Pepe Legal, Os Flintstones. E no final da década de 1960: Scooby-Doo.

O nome ‘HB’ hoje é usado apenas nas produções anteriores à compra da empresa e em algumas exceções como ‘O Laboratório de Dexter’, ‘Johnny Bravo’ e ‘A Vaca e o Frango’. Alguns acreditam que desde essas mudanças, o mundo dos desenhos não foi mais o mesmo e que novas versões já não conseguem cativar o público como antes. Ainda assim, projetos continuam a tentar resgatar os tempos de HB.

O Cartoon Network já anunciou: fará novas versões de Tom & Jerry, Pernalonga e Scooby-Doo. Intitulado ‘The Tom & Jerry Show’ a animação teria o seu visual mantido, mas agora, a perseguição gato-e-rato será em alta definição. Já Pernalonga voltará em curtas-metragens cômicos, enfrentando vilões também consagrados, como Eufrazino e Coiote. Em episódios de 22 minutos, ‘Be Cool, Scooby Doo’ trará a turma xereta desvendando mistérios em suas últimas férias depois do fim do ensino médio.

TRAÇOS BONITOS PARA DESENHOS SEM ALMA

“Eu tenho autorama. Eu tenho Hanna-Barbera. Eu tenho pera, uva e maçã. Eu tenho Guanabara. E modelos revell”, cantou Legião Urbana, fazendo referência a uma infância diferente da que encontramos hoje. Henry Barros, 20, considera-se parte dessa geração mais antiga, também é fã e colecionador de itens de desenhos animados. Sua opinião é simples e direta sobre as novas versões e criações: “São bem fracos”.

Com roteiros mais simples e projetos não tão ambiciosos, Henry acredita que as versões HB de Tom & Jerry e outros títulos tinham uma história mais cativante. “O He-Man de hoje, por exemplo, apela mais pra ação e não pelos personagens. Até hoje assisto justamente pra conferir as novas versões e desenhos”, influenciados, ele acredita, pelo “politicamente correto”.

Já Sérgio Fiore, 31, também colecionador, acredita que as pessoas deveriam ficar menos “com o pé atrás” em relação às novidades. “Os fãs já ficam preocupados, sempre acham que não vai ser tão bom quanto o original. Também já fui assim, mas aprendi que às vezes você tem que dar uma chance e (o desenho) pode sair com qualidade e mais bem acabado. É claro que nem tudo funciona com uma roupagem moderna”.

Entre os exemplos citados por Sérgio, está o novo Pica-Pau. “Parece que falta algo. Acho que é isso mesmo, nos anos 80, as pessoas não ficavam tão preocupadas, havia espaço pra tudo, coisas destinadas ao ‘politicamente correto’ e também para o mais livre. Acho que a diferença está na abordagem. O Pica-Pau das primeiras versões não tinha lugar fixo, estava sempre viajando entre lugares e tempos, brincava-se muito mais com o personagem. Hoje está em um universo pequeno, as piadas passam por uma censura óbvia”.

Henry concorda ao dizer que a mentalidade mudou. “Antigamente era mais fácil ver Tom & Jerry se matando. Nessa nova versão que o Cartoon pretende fazer, tenho certeza que, no máximo, ele [Tom] vai bater e sair correndo, não tem mais faca, panela, arma. Concordo que o Thundercats ganhou um traço mais bonito, mas não tem a alma do antigo, os personagens parecem mais fracos. Parece que a nova geração foi criada em um mundo diferente, que pra gente é difícil se adaptar”, completa.

PAIXÃO TRANSFORMA MENINOS EM FUTUROS COLECIONADORES

Os fãs acreditam que manter em exibição desenhos como ‘Caverna do Dragão’, ‘Superamigos’ e ‘Homem-Pássaro’ é uma boa iniciativa, mas que as “novidades” retiraram das crianças a oportunidade de curtir um desenho “sem frescuras” e apaixonar-se por ele até o ponto de tornar-se um colecionador.

“Eu fui ver a nova versão do Papa Léguas em 3D e não gostei, perdeu o impacto do 2D e é mais censurada. Antes era uma perseguição de vida ou morte e hoje quase não tem isso. Acho engraçado porque vi tudo isso e sou uma pessoa supertranquila, já essas crianças de hoje parecem ter uma violência reprimida e descontam é na vida real mesmo”, brinca Henry.

Sérgio Fiore conta que encontrou todo um cenário para colecionadores de miniaturas em uma caçamba de lixo, na travessa Rui Barbosa. “Reconheci porque tinha visto um pra vender em Salinas, e não comprei porque era muito caro. O porteiro viu quando eu tava olhando na caçamba e falou ‘quer levar? O pessoal vive jogando coisas assim fora’ e me mostrou um Nintendo DS sem a bateria que ele encontrou”.
Além dos actions – miniaturas dos personagens – Henry tem camisas montou e mandou confeccionar, além de algumas camisas oficiais. “Trouxe uma do Pernalonga de uma viagem aos Estados Unidos. Pelo que eu vi quando estive lá, da venda das lojas, eles parecem mais fanáticos. Aqui ainda é um pouco difícil encontrar, talvez porque as pessoas não se interessem mais tanto”.

Como para contradizer as palavras de Henry, um bom grupo de homens se reuniu em torno da coleção de Sérgio Fiore enquanto ele era entrevistado para esta matéria. Entre os itens colecionador, estão velhas e novas versões de He-Man, Mulher Maravilha, Thundercats e um de seus primeiros bonecos: um Chaves, que vale lembrar, também teve um nova versão ainda pouco apreciada em relação ao programa original.

(Diário do Pará)

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