Ceasas relatam volta à normalidade no décimo dia de greve dos caminhoneiros

Com o arrefecimento do movimento dos caminhoneiros, centrais de abastecimento como Ceasa Minas, em Belo Horizonte, e o Ceagesp, em São Paulo, relataram volta à normalidade nesta quarta (30).

A paralisação, que está no seu décimo dia, começou a perder força com a chegada do Exército em rodovias pelo país. Alguns focos de protestos ainda resistem, e alguns manifestantes têm coagido caminhoneiros, o que fez o governo anunciar a criação de um canal para denúncias do tipo.

A Centrais de Abastecimento do Pará (Ceasa/PA) registrou, até às 17h desta quarta-feira, a entrada de 13 caminhões no complexo, com hortigranjeiros que não têm mais valor comercial. As cargas de alho, banana, chuchu, laranja, melancia, pimentão, pepino, batata doce e berinjela vieram de Santo Antônio do Tauá, Juazeiro (BA), Guadalupe (PI), Tianguá (CE), Várzea de Palma (MG) e São Paulo. O descarte desses produtos deve ser feito nas compactadoras existentes dentro da Ceasa, para que a empresa responsável pela limpeza dê o destino adequado aos resíduos.

No Ceasa Minas o abastecimento foi melhor do que nos últimos dias, com 53 caminhões de alimentos chegando na parte da manhã escoltados pela Polícia Militar.

Durante a tarde, caminhões de cereais chegaram sem necessidade de escolta. "Ainda está escasso, mas está começando a regularizar. Deve levar dez dias para voltar tudo", diz Emílio Brandi, diretor-presidente da Associação Comercial do Ceasa Minas.

Ainda havia falta de batata, ovo, abacaxi, alho, maçã e uva, por exemplo. O preço do pimentão disparou 60% desde a semana passada. Os ovos subiram 38%. O reflexo da alta de preços e escassez de produtos foi sentido no Mercado Central, onde o movimento caiu 25% de acordo com o superintendente Luiz Carlos Braga.

Emerson Marcelo, que comercializa ovos de uma granja de Santo Antônio do Monte (MG), estava com a loja fechada desde sábado (26). Nesta quarta, conseguiu metade das 80 caixas de ovos que costuma receber diariamente.

"O prejuízo vai ser enorme", diz. A granja teve que usar parte dos ovos para cozinhar e dar de alimento às galinhas, que já estavam comendo umas às outras devido à fome por falta de ração.

"Está faltando dinheiro e freguês", diz Vitor da Silva, ao ser questionado sobre o que estava faltando na sua loja de frutas nesta quarta. O comerciante diz que os produtos começaram a chegar, mas os clientes não.

Os comerciantes especulam que as pessoas estejam economizando gasolina. "As vendas caíram", diz Marlene Canelone, que comercializa queijos. As lojas de queijos também sentiram o baque, zerando estoques dos produtos que vêm da Canastra, por exemplo.

SÃO PAULO

Em São Paulo, a Ceagesp informou que as atividades do Entreposto Terminal São Paulo (ETSP) estão em processo de normalização. Até por volta de 9h, foi registrada a entrada de cerca de 500 caminhões carregados de produtos diversos vindo de regiões próximas.

Para auxiliar nesse processo, a diretoria da central determinou que os portões do entreposto da capital fiquem abertos para carga e descarga de mercadorias durante 24 horas, até o dia 9 de junho.

A programação do Entreposto Terminal São Paulo (ETSP) para o feriado e final de semana será realizada normalmente.

O Frigorífico São Paulo (FRISP) suspenderá nesta quinta (30), feriado nacional, a venda atacadista de pescados, retornando suas atividades no dia seguinte.

(Com informações da FolhaPress)