Em sua sala na Transpetro, no Centro do Rio, o ex-presidente Sérgio Machado, 69, mantinha sobre a mesa um bloqueador de sinal de telefones celulares. Durante as 14h diárias que permanecia no escritório, mantinha ligada uma música em baixo volume, o que confundiria conversas ao telefone. Temia ser gravado.
Curiosamente, o presidente mais longevo da estatal -ficou no cargo de 2003 a 2014-, voltou a ser assunto a partir de gravações de conversas suas com o ministro do Planejamento, o senador Romero Jucá (PMDB).
Machado se afastou da presidência da Transpetro em novembro de 2014, a partir dos primeiros depoimentos da Lava Jato que o citaram em um esquema de repasse de propina da subsidiária da Petrobras para o senador Renan Calheiros.
De acordo com Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Machado doou ao PMDB de Alagoas R$ 400 mil oriundos de propina, e o partido repassou o dinheiro a Renan. O lobista Fernando Baiano prestou depoimento semelhante.
À Polícia Federal, Machado admitiu encontros com Baiano. O processo envolvendo o ex-presidente da Transpetro tramita em sigilo no STF (Supremo Tribunal Federal).
A reportagem procurou Sérgio Machado, mas não obteve retorno. O senador Renan Calheiros nega qualquer irregularidade no repasse do PMDB à sua campanha.
(Folhapress)
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