O grupo de senadores que defende eleições presidenciais como solução para a crise política deverá entregar uma carta à presidente Dilma Rousseff, na manhã desta quinta-feira (28), a fim de sugerir que ela apoie a ideia de eleições presidenciais antecipadas para 2016.
Os senadores vão sugerir três alternativas à presidente: a convocação de um plebiscito, o apoio à PEC (Proposta de Emenda à Constituição) dos senadores que já está em tramitação no Senado ou o envio de uma nova PEC com conteúdo semelhante.
A ideia de enviar uma comunicação foi incentivada, segundo o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se reuniu com os senadores na manhã desta quarta-feira no apartamento da senadora Lídice da Mata (PSB-BA). Embora não tenha se comprometido com a ideia das eleições, Lula estimulou os senadores, segundo Randolfe, a envolverem Dilma no esforço de uma discussão sobre o assunto.
A carta, segundo o senador João Capiberibe (PSB-AP) falará sobre "a inviabilidade" de o governo Dilma prosseguir, tendo em vista o impeachment iminente no Senado, e vai sugerir que "num gesto de grandeza" ela coloque em prática uma consulta popular que encurtaria seu próprio mandato, advogando como "fundamental uma saída pelo voto popular".
Segundo Randolfe, a proposta que os senadores defendem é a de um plebiscito com força vinculante, ou seja, se a maioria da população se manifestasse pelo fim do governo, as eleições antecipadas já seriam marcadas.
Para o senador, o envio de um projeto de decreto legislativo representaria um gesto da presidente de aceitar a vontade popular pelo fim do mandato.
Os senadores passaram esta quarta-feira (27) em reuniões com líderes políticos para tentar convencê-los a apoiar as novas eleições.
À tarde estiveram com Aécio Neves (MG) e outros senadores do PSDB, como Cássio Cunha Lima (PB), Aloysio Nunes Ferreira (SP) e Tasso Jereissati (CE).
No encontro, os tucanos disseram ser "simpáticos" à ideia das novas eleições, mas afirmaram preferir antes uma definição do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), sem data para ocorrer, sobre supostas ilegalidades na chapa de Dilma e Michel Temer (PMDB-SP) nas eleições de 2014.
A Folha presenciou o momento na reunião em que Aloysio defendeu que o PSDB se mantenha no assunto em pauta, o impeachment.
"Hoje, o que está colocado no terreno da luta política é o impeachment ou o não impeachment. Qualquer caminho do meio, nesse momento, nós não podemos embarcar, nós do PSDB. [] Para nós, cria uma ambiguidade política para o nosso objetivo que é esse que está colocado no cenário político", disse Aloysio aos senadores Randolfe, Lídice e Capiberibe.
Aécio comentou em seguida: "Eu estava dizendo, o impeachment nunca foi uma primeira opção para nós. As circunstâncias levaram a ele e agora nós temos que cumprir o que determina a Constituição".
Horas antes, os senadores haviam se reunido com a ex-senadora Marina Silva (Rede-AC). Segundo os senadores, ela defendeu a ideia de uma eleição antecipada e disse que irá "às ruas" para organizar atos em favor do pleito. A ex-ministra do Meio Ambiente disse aos senadores que já está agendado um primeiro ato em Recife (PE) pelas eleições.
O senador Capiberibe disse que no grupo de senadores há os que defendem e os que criticam o impeachment da presidente. "O que nos une na verdade é um diagnóstico de que o impeachment é uma opção pelo confronto e, independentemente do resultado, não resolve a crise.
Essa opção divide a sociedade, aprofunda o sectarismo político, cria enormes dificuldades", disse Capiberibe em entrevista coletiva mais cedo em seu gabinete ao lado dos senadores Randolfe, Lídice e Paulo Paim (PT-RS). Segundo os senadores, o grupo começou com seis colegas e hoje "conta com mais de dez".
(Folhapress)
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