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Rotatividade no trabalho é grande

A probabilidade de duas pessoas que começam o ano trabalhando juntas terminarem aquele ano na mesma empresa é de apenas 13%, segundo cálculos do economista Gustavo Gonzaga, da PUC-Rio. O percentual assusta e revela o quão alta é a rotatividade no Brasil.

A probabilidade de duas pessoas que começam o ano trabalhando juntas terminarem aquele ano na mesma empresa é de apenas 13%, segundo cálculos do economista Gustavo Gonzaga, da PUC-Rio. O percentual assusta e revela o quão alta é a rotatividade no Brasil.

Na década de 1990, 45% dos trabalhadores com carteira assinada trocavam de emprego em um ano. A taxa acelerou para 53,9%, em 2002, e atualmente chega a 64%, uma das maiores, quando se consideram todos os motivos para a saída do emprego, como demissão sem justa causa, a pedido do funcionário, aposentadoria, morte ou transferência.

A rotatividade se acentuou na última década no país, junto com a melhora do mercado de trabalho. Com a taxa de desemprego em mínimas históricas, o trabalhador passou a ter menor temor de pedir demissão porque acha mais fácil encontrar outro emprego, dizem especialistas.

A maior parte dos desligamentos no país continua sendo por demissão sem justa causa, mas, nos últimos anos, aumentou a parcela de empregados que tomaram a iniciativa de pedir para deixar o trabalho. Em 2002, este percentual era de 16%. Em 2012, passou para 25%. “Há maior rotatividade em virtude das maiores oportunidades de trabalho”, diz Ademir Figueiredo, economista do Dieese.

Fabiana da Costa, de 35 anos, sabe o que é pular de emprego em emprego. Desde que se tornou mãe e saiu da loja em que era gerente, passou por várias marcas femininas, sempre por períodos que não superavam nove meses. Em todos os casos, pediu para sair. Chegou a fazer acordo com o patrão para receber benefícios.

“Não me adaptei às exigências de mudança de coleção. Sempre que conseguia um salário melhor, mudava. Só dava tempo de pegar a carteira para dar baixa e depois levar no novo emprego” diz ela, hoje supervisora de uma empresa.

Gonzaga, que tem se dedicado a uma série de pesquisas sobre o tema, vê um outro componente na alta rotatividade. Ele considera que vem da legislação trabalhista uma série de “desincentivos” à manutenção do emprego. O economista avalia que a rotatividade é vista como geradora de ganhos de curto prazo, como o fácil acesso a seguro-desemprego e abono salarial, e, por isso, poucos investem em qualificação.

O economista chama a atenção para o fato de que existe um salto nas demissões quando o trabalhador completa seis meses de casa, período em que, por lei, passa a ter direito ao seguro-desemprego. A média saltava de 33 mil demissões, entre aqueles com cinco meses de casa, para 58 mil, quando completavam seis meses.

Os números se referem apenas aos trabalhadores que não receberam o seguro-desemprego nos últimos 16 meses. Segundo o economista, salta aos olhos o fato de que, no país, o trabalhador costuma esperar todas as parcelas do seguro-desemprego para voltar a procurar emprego, ao contrário dos EUA: somente 1% se reemprega no Brasil em até cinco meses após a dispensa.

“A rotatividade no Brasil chegou a um nível muito alto. É mais que o dobro de países como EUA e Reino Unido. Isso traz problemas sérios de produtividade”, diz Gonzaga.

O economista da Unicamp Claudio Dedecca também vê problemas para a produtividade com o entra-e-sai das empresas, mas discorda que a legislação estimule a alta rotatividade. Ele defende um endurecimento das regras. Para inibir demissões injustificadas, se diz favorável a que empresas sejam obrigadas a justificar os cortes.

O Ministério do Trabalho estuda medidas para conter a rotatividade. Entre elas, a cobrança adicional de empresas que tenham rotatividade acima da média.

(Diário do Pará)

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