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Espetáculo baseado em Saramago chega a Belém

Steven Spielberg bem que tentou, mas José Saramago quis que um de seus romances mais apaixonantes tomasse vida através da forma mais simples e, ao mesmo tempo, mais surpreendente de se contar uma boa história – o teatro. Assim, a Igreja de Santo Alexandre

Steven Spielberg bem que tentou, mas José Saramago quis que um de seus romances mais apaixonantes tomasse vida através da forma mais simples e, ao mesmo tempo, mais surpreendente de se contar uma boa história – o teatro. Assim, a Igreja de Santo Alexandre e o Palácio Episcopal, no Complexo Feliz Lusitânia, recebem pela primeira vez no Brasil a encenação de “Memorial do Convento”, que terá duas apresentações, hoje e amanhã, sempre às 19h.

O espetáculo conta a história da construção do Convento de Mafra, em Portugal, pelo rei D. João V. “Era uma vez um Rei que fez a promessa de levantar um convento em Mafra. Era uma vez a gente que construiu esse convento. Era uma vez um soldado maneta e uma mulher que tinha poderes. Era uma vez um padre que queria voar e morreu doido. Era uma vez”, diz a sinopse do livro, mostrando que essa construção envolveu pessoas, personagens apaixonantes. A apresentação feita em Belém busca agora, além de apresentar tais personagens, fazer uma ponte luso-brasileira.

Curiosamente, D. João V é o mesmo rei que ordenou, em 1719, o desmembramento da Diocese do Maranhão e pediu para que Belém passasse a sediar a recém-criada Diocese do Pará. “Por isso, a escolha do Complexo Feliz Lusitânia como palco foi a ideia mais apaixonante quando pensamos em trazer o espetáculo para Belém, ela proporcionou uma série de analogias. Representou muito bem essa ligação entre a história dos dois lugares”, afirma Vera Barbosa, diretora do espetáculo.

Segundo Bene Martins, assistente de direção da peça e vice-presidente do Instituto de Ciências da Arte da Universidade Federal do Pará (UFPA), a obra de Saramago faz crítica com humor e inteligência. “Através de uma narrativa histórica, que é a construção do Convento de Mafra, em Portugal, ela coloca vivamente a exploração dos povos, a corrupção religiosa e no sentido geral. E o mais interessante: mostra que isso é parte do ser humano. O Saramago é extremamente atual”, afirma.

Sonho de Voar

“Ele já era um espetáculo muito bonito, mas que virou de uma exuberância amazônica”, exalta a diretora. A montagem local da peça incorporou elementos da cultura amazônica no figurino, assinado pela Professora Ézia Neves, e nos adereços cenográficos produzidos pelo Professor Bruce Macedo, ambos da Escola de Teatro de Dança da UFPA. Entre eles, o miriti empregado na Passarola, uma criação do personagem Padre Bartolomeu na tentativa de realizar seu sonho de voar.

Segundo Vera Barbosa, nada mais justo do que a Passarola tomar ares de invento paraense. O pesquisador Júlio Cezar Ribeiro, nascido em 1843, na vila do Acará, é o autor da primeira tentativa de desenvolver o projeto de um dirigível no Brasil. Poucos sabem, mas a avenida Júlio Cezar é uma homenagem à esse paraense. “O Saramago conheceu a história dele e adorou, incorporando em seu romance através do personagem Bartolomeu de Gusmão”, conta.

Montagem

“O bonito é atravessar o oceano”, declara a diretora do espetáculo. Três dos atores que estão nas apresentações em Belém vêm de Portugal. Cláudia Faria (Blimunda), Sérgio de Moura (Baltasar) e João Brás (Padre Bartolomeu), do grupo ÉTER - Produção Cultural. Eles encenam a obra desde 2008, no Palácio Nacional de Mafra, em Portugal. A outra parte do elenco, formada por mais de 50 artistas, inclui alunos e professores da Escola de Teatro e Dança da Ufpa, vivendo uma troca intensa com aqueles que atravessaram o oceano para trazer Saramago à Belém.

Músicos da Orquestras de Violoncelistas da Amazônia, sob a regência do Professor Áureo DeFreitas e um coral com vozes da Schola Gregoriana “Ad te levavi”, um projeto de extensão da Escola de Música da UFPA, com arranjo e regência do Professor André Gaby, também irão compor o espetáculo. “Steven Spielberg em certa ocasião tentou comprar os direitos da obra. Mas Saramago recusou”, conta Vera. E a atriz que faz Blimunda brinca ao completar: “Ele queria que fosse encenado por Sérgio Moura, João Brás e Cláudia Faria”.

(Diário do Pará)

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