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Crack se alastra por toda a Amazônia

O crack, a pior das drogas da atualidade chegou de forma avassaladora ao Pará. Está presente em 98 dos 144 municípios. Em 20 deles sua incidência é considerada muito alta, sendo a droga mais vendida nas principais esquinas, oferecida no meio rural e princ

O crack, a pior das drogas da atualidade chegou de forma avassaladora ao Pará. Está presente em 98 dos 144 municípios. Em 20 deles sua incidência é considerada muito alta, sendo a droga mais vendida nas principais esquinas, oferecida no meio rural e principal causa da destruição de milhares de famílias. O mal que está droga vem causando à população foi revelado há pouco mais de um mês, quando um paraense de Redenção virou manchete nos principais telejornais do país.

A história do marceneiro Adeílson, um pai de família de 37 anos, comoveu Brasília, sempre tão acostumada a escândalos políticos, a assassinatos brutais de mendigos. Ele fugiu de Redenção onde morava com sua mãe, segundo ele, por vergonha do vício e por não te mais crédito junto à comunidade local para conseguir emprego e ter dinheiro para os momentos de fraqueza em que precisava comprar a droga.

Pegou um ônibus e foi para Brasília morar nas ruas, junto com dezenas de viciados em crack. Foi então que ele encontrou o estudante universitário Felipe Dourado Paiva, de 22 anos, que, depois de um surto psicótico, ficou desaparecido de sua família por 14 dias. Adeilson avisou a família de Felipe sobre seu paradeiro e cuidou dele até que os parentes chegassem. Como recompensa, a única coisa que aceitou foi um pedido pessoal: que o levassem a um centro de internação para se curar do vício do crack. Ele está lá, onde resiste bravamente à abstinência. Vai ficar por seis meses.

A história de Adeílson despertou para uma avaliação mais profunda sobre o alcance do crack em território paraense. A realidade exposta pelo Observatório do Crack cuidadosamente feito pela Confederação Nacional dos Municípios é espantosa. A droga mortal que avança como epidemia por todo o território nacional, já chegou a 86% dos municípios da Amazônia.

O relatório da CNM é o único levantamento feito no país sobre o avanço desta droga devastadora. Não há registro de nenhum trabalho feito pelo governo federal para avaliar a disseminação do crack entre os mais de 200 milhões de brasileiros.

A CNM repetiu a pesquisa por três anos seguidos – 2010, 2011 e 2012, e a evolução do consumo da droga é alarmante. Na contramão estão os investimentos dos governos federal e estadual.

Os investimentos públicos para combater o avanço do crack nos estados não condizem com os dados levantados pela CNM. O governo federal lançou, pelo Ministério da Justiça, o Programa “Crack, é possível vencer”, prometendo investir R$4 bilhões até o ano de 2014. De acordo com o governo, até agora foram investidos R$ 1,2 bilhão ou 30% do total.

O programa é para ajudar municípios acima de 200 mil habitantes. Do Pará, aderiram Ananindeua, Belém e Santarém. Para cada um destes estão previstos investimentos de R$ 1.856 milhões. Os recursos são do governo federal.

Mas, apesar do crack estar se disseminando muito rapidamente pelo estado do Pará, principalmente nas regiões Sul e Sudeste, na macrorregião de Marabá, a cidade polo ficou de fora do programa do governo federal.

Os dados da Confederação Nacional dos Municípios mostram que os índices são muito altos em pequenos municípios da região como Redenção, Itupiranga, Canaã dos Carajás, Xinguara, entre outros, além da cidade polo, Marabá, que já foi a cidade mais violenta do Brasil, segundo o Mapa da Violência.

Programa exclui pequenos municípios

O presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Paulo Ziulkoski, vem alertando o governo para a exclusão de 97%, ou 5.433 dos municípios brasileiros que vão ficar de fora do Programa Crack é Possível Vencer ou terão uma rede de assistência defasada, não atendendo a demanda da integralidade nas ações de proteção ao dependente químico, parte estruturante do programa. Ele lembra que o programa dá apoio somente aos municípios com mais de 200 mil habitantes.

Para os menores, segundo ele, somente são oferecidos serviços e equipamentos para o desenvolvimento de ações voltadas para o tema. “O crack não escolhe grandes ou pequenos centros urbanos e está se espalhando em mais de 98% dos municípios pesquisados (pelo Observatório do Crack). Essas regiões enfrentam realidades alteradas pelo consumo e tráfico de drogas, seja na Saúde, na Assistência Social, Educação ou Segurança. Os pequenos vêm enfrentando as consequências do consumo e da circulação de drogas”, adverte Ziulkoski.

A Confederação Nacional de Municípios chama a atenção para o atendimento de pessoas com necessidades decorrentes do uso de crack e com transtornos mentais. Os Centros de Atenção Psicossociais (CAPS) foram criados com esta finalidade, mas só existem em municípios com população acima de 20 mil habitantes.

Da mesma maneira, os Centros de Atenção Psicossociais para crianças (CAPS I) são implantados em locais com população acima de 150 mil habitantes. Assim, os municípios de pequeno porte - maioria no País (3.895) - ficam de fora das políticas públicas desenvolvidas pelo governo federal, na opinião da CNM, construídas sem o conhecimento real da situação municipal.

Esse atendimento especializado está previsto na Portaria 3.088/2011 do Ministério da Saúde. Ela institui a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). E tem como objetivo a ampliação do acesso da população a esses serviços, no entanto, como alertou a CNM, não engloba os pequenos municípios.

Jatene deixa Marabá de fora

Marabá, por ter mais de 200 mil habitantes já teria que ter aderido ao programa. Mas por falta de apoio do governo do Estado, o prefeito João Salame não conseguiu ainda fazer a adesão.

“Peguei uma prefeitura desestruturada, não temos leitos para internação, não temos a estrutura mínima para a adesão ao programa (Crack, é possível vencer). Mesmo assim, com todos esses problemas recebemos zero de apoio do governo. O Estado não tem contribuído com absolutamente nada. Enquanto isso vemos o crack avançando em nosso município e na região”, reclama o prefeito João Salame.

Simão Jatene garantiu a adesão apenas das prefeituras do PSDB ao programa: Belém, Ananindeua e Santarém aderiram no final do semestre passado. Os recursos serão totalmente assegurados pelo governo federal. As ações preveem o aumento da oferta de serviços de tratamento aos usuários de crack e o enfrentamento do tráfico de drogas ilícitas, além de capacitação, ações de prevenção nas escolas e fortalecimento e ampliação das redes de atenção de saúde e assistência social para atendimento integrado e de longo prazo. A previsão é de investimentos de até R$ 38 milhões nestes municípios.

O governo de Simão Jatene não informou ao DIÁRIO qual é o montante de recursos próprios do Tesouro Estadual que está sendo investido em políticas de combate ao tráfico. O DIÁRIO tentou contato com Marilda Couto, responsável pelos programas de combate às drogas, mas não obteve retorno.

O crack é considerado a mais avassaladora das drogas. Seu uso contínuo acelera os batimentos cardíacos, aumenta a pressão arterial e causa arritmias, enfartes, hemorragias cerebrais e em consequência a morte. Além disso, degenera os músculos e os ossos, e dá aparência esquelética ao usuário. Os ossos da face ficam salientes, braços e pernas finos, costelas aparentes e dentes podres. O crack causa lesão nos pulmões que resultam em pneumonia, tuberculose, infecções nos brônquios e paradas respiratórias. Estômago e intestinos também são afetados, além de rins e fígado atacados.

A droga invadiu grandes e pequenas cidades, periferias e lugares de baixa e alta classe social. Invadiu municípios, povoados, zona rural e já chegou às aldeias indígenas, transformando seus usuários em uma geração de zumbis ou mortos vivos andarilhos pelas florestas e campos.

Ainda assim e apesar de todo este quadro visível, as políticas públicas ainda são excludentes. Recente estudo feito pela Universidade Federal de São Paulo revelou que o Brasil é o maior consumidor de crack do mundo. Mas apesar de toda esta dura realidade, o governo federal não abriu os olhos para a gravidade do problema.

(Diário do Pará)

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