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POLÍCIA

A cada hora, oito pessoas são vítimas de roubo

Após ser vítima de cinco assaltos, a consultora de móveis Isa Nascimento da Silva, 40 anos, decidiu tomar uma decisão radical para qualquer mulher: sair de casa sem bolsa. A mudança de hábito inclui esconder o celular na própria roupa e pegar dois ônibus,

Após ser vítima de cinco assaltos, a consultora de móveis Isa Nascimento da Silva, 40 anos, decidiu tomar uma decisão radical para qualquer mulher: sair de casa sem bolsa. A mudança de hábito inclui esconder o celular na própria roupa e pegar dois ônibus, apenas para evitar a avenida João Paulo II, onde ocorreu o assalto mais traumático.

“Fico com medo de qualquer pessoa que se aproxima de mim na rua. Tenho a impressão de que vou ser assaltada novamente”, conta, revelando que um dos assaltos ocorreu na rua em que mora - a travessa do Chaco - na frente da filha adolescente. “O homem armado jogou a bicicleta para cima de mim, me xingou e pegou a bolsa. Minha filha apareceu gritando. Tive medo de que ele disparasse”, relembra.

Embora já tenha se visto cinco vezes sob a mira de uma arma, não se pode dizer que Isa Nascimento esteja ajudando a engrossar as estatísticas da violência no Estado. Muito pelo contrário. Dos cinco assaltos de que foi vítima, apenas dois geraram Boletins de Ocorrência e ainda assim porque houve perda de documentos e o procedimento era necessário para requerer segundas vias.

Não registrar ocorrência após um assalto é comum entre as vítimas. Mesmo assim, os dados oficiais impressionam. De janeiro a julho deste ano, foram registrados 42.899 roubos no Pará. O roubo é o termo usado pela polícia para definir a ação de bandidos que, para tomar um bem do cidadão, usam de violência física, xingamento, ameaça com armas brancas ou de fogo.

A média é de 202 roubos registrados por dia, quase oito e meio por hora. No mesmo período, foram registrados 38.079 furtos, aqueles casos em que o bandido tira bens da vítima, sem que este sequer perceba. Os casos registrados neste ano, entre janeiro e julho, equivalem a 63% do total de registros de janeiro a dezembro de 2012, quando os roubos somaram 67.277. No mesmo período foram 61.129 furtos, de acordo com informações coletadas no Sistema Integrado de Segurança.

REALIDADE

Embora os números sejam altos e deem respaldo à sensação de insegurança de que tanto se fala no Pará, a realidade pode ser ainda mais dramática considerando-se os sub-registros. Os dados a que o DIÁRIO teve acesso foram retirados direto do Sistema Integrado de Segurança do Estado, sem qualquer tratamento dado pela Secretaria de Segurança Pública (Segup) que promete divulgar dados oficiais nos próximos dias.

Para o Sindicato dos Servidores na Política Civil do Pará (Sindpol), contudo, eles expressam com exatidão as estatísticas de ocorrência registradas já que, repita-se, há muitos casos em que as vítimas simplesmente não procuram a delegacia para fazer a ocorrência.

A primeira vez em que se viu sob a mira de uma arma, o contador Ademir Pereira Junior, 28 anos, dirigia pela avenida Augusto Montenegro. Ao parar o carro, em um semáforo, o ladrão se postou em frente ao veículo com uma arma. Contrariando as recomendações dos especialistas em segurança, Ademir arrancou e conseguiu escapar.

Não registrou a ocorrência. Algum tempo depois, ao entrar no carro que estava parado em frente a uma escola na travessa Quintino Bocaiuva, foi abordado por dois homens armados. Feito refém ficou sob a mira da arma e da ameaça dos bandidos por longas três horas.

A certa altura, foi colocado na mala do carro. Os ladrões assaltaram uma pizzaria no bairro da Marambaia e uma farmácia na Augusto Montenegro. Depois o carro foi abandonado com Ademir ainda na mala no bairro do Tapanã. Tão logo percebeu estar livre, o contador procurou a delegacia do Tapanã para registrar a ocorrência, mas conta que no local não havia quem o atendesse.

CORREGEDORIA

O contador usou as redes sociais para reclamar e acabou sendo encaminhado à corregedoria da Polícia Civil. “Lá eu fui bem atendido e consegui fazer o Boletim de Ocorrência, até porque eles fizeram roubos com meu carro, a placa foi anotada e tive que dar explicações”.

A violência não poupa nem mesmo os prestadores de serviço público. Na última terça-feira, uma equipe da assessoria de imprensa de Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa) fazia fotos no canal da Quintino Bocaiuva no bairro do Jurunas. Foi abordada por homens armados que levaram celulares, a máquina fotográfica da Companhia e até a aliança de casamento de uma assessora. O caso foi registrado na delegacia do Jurunas e gerou uma avalanche de críticas aos órgãos de segurança do Pará nas redes sociais.

Diferente do que ocorreu com Isa, Ademir diz que não mudou seus hábitos. O trauma, conta ele, durou cerca de uma semana. “Nos primeiros dias, todo motoqueiro que chegava perto do meu carro, já ficava em alerta, mas depois fui voltando à vida normal”, conta.

Psicóloga alerta para os extremos

A psicóloga Ivany Pinto diz que a violência a que estamos sujeitos todos os dias pode levar a consequências sérias, especialmente para quem já tem uma pré-disposição a desenvolver algum tipo de problema. “Por se tratar de uma situação inesperada, cruel e violenta, muitos não conseguem elaborar isso de maneira adequada, outros superam em pouco tempo”.

A psicóloga alerta para os dois extremos. Por um lado, achar que nunca vai acontecer com você e negligenciar cuidados como o de evitar ruas ermas e consideradas perigosas. O excesso também é perigoso. “Há uma diferença entre reforçar a fechadura da casa e colocar cinco trancas ou subir as escadas dez vezes para checar se está realmente fechado”, explica.

Para quem sobrevive a um assalto fica o desafio de tentar voltar à rotina, o que nem sempre é fácil para quem precisa aprender a conviver com o medo, mas há casos em que a violência pode ser ainda mais terrível.

No domingo passado, o DIÁRIO divulgou os dados de homicídios, também com base nos números do Sistema Integrado de Segurança. De janeiro a julho deste ano foram 2.098 homicídios e 102 latrocínios (roubo seguido de morte) . A Secretaria de Segurança também não confirmou essas informações e promete ainda divulgar as estatísticas.

SEGUP

Indagada sobre os dados do Sistema Integrado de Segurança, a Segup informou, por meio de nota, que os números de roubo e furto, registrados no ano de 2013, “estão sendo sistematizados pela Secretaria Adjunta de Inteligência e Análise Criminal, da instituição”. Ainda segundo a Segup, já é possível adiantar que cerca, de 30% dos casos, tanto de roubo quanto de furto, dizem respeito a roubo e furto de documentos, o que obriga o cidadão a fazer o registro da ocorrência, providência necessária para a segunda via.

Sobre a ausência de registros, que resulta na chamada subnotificação ou “cifra negra”, a Segup afirma não haver estimativas. “É importante destacar que o fenômeno da subnotificação no Pará não difere do que ocorre nos demais estados da Federação e de outros lugares do mundo. A subnotificação é um fenômeno de caráter mundial”, justifica a Segup na nota.

A secretaria afirma ainda que desde janeiro de 2011, são consideradas todas as ocorrências de furto e roubo, inclusive as que são registradas na Delegacia Virtual da Polícia Civil, o que não ocorria anteriormente e que está tomando medidas para reduzir as ocorrências.

“A fim de reduzir estes crimes, há uma atividade de monitoramento permanente dos principais pontos de ocorrências, que o Sistema Estadual de Segurança Pública denomina de “manchas da criminalidade”. A partir deste trabalho, são identificados os locais, os dias, os horários, a frequência e o modus operandi dos casos registrados”.

Números

- De janeiro a julho deste ano, foram registrados 42.899 roubos no Pará.

- A média é de 202 roubos registrados por dia, quase oito e meio por hora ou três a cada vinte minutos.

- Os casos registrados neste ano, entre janeiro e julho, equivalem a 63% do total de registros de janeiro a dezembro de 2012, quando os roubos somaram 67.277. No mesmo período foram 61.129 furtos, de acordo com informações coletadas no Sistema Integrado de Segurança.

- No mesmo período, foram registrados 38.079 furtos, aqueles casos em que o bandido tira bens da vítima, sem que este sequer perceba.

(Diário do Pará)

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