Levou apenas cerca de 50 minutos para percorrer os 1300 metros no entorno da Igreja Matriz ontem pela manhã. Apesar do tempo reduzido, a procissão de Corpus Christi de Capanema, no nordeste do Estado, fez jus à fama e agradou os devotos que percorreram o belo caminho enfeitado por tapetes de serragem colorida. No entanto, uma das mais importantes manifestações religiosas do Estado resiste enfrentando dificuldades financeiras. Frei José Rodrigues de Araújo, pelo primeiro ano à frente da festividade, conta que se a falta de apoio do poder público persistir, o futuro dos belos tapetes de Capanema é incerto.
Ele confessa que se não fosse a ajuda da Prefeitura Municipal de Capanema e de colaboradores, seria difícil estender os tapetes este ano. “A maior parte das pessoas que confeccionam o tapete são grupos de jovens. Eu vou pedir dinheiro pra eles?”, questiona. Apenas para pagar parte da tinta usada para colorir as serragens foram gastos R$ 17 mil. Os motivos que formam imagens nos tapetes deste ano lembravam a Jornada Mundial da Juventude e o Ano da Fé.
Mesmo tendo que superar desafios, a organização da festividade contou com apoio da iniciativa privada local e de eventos que ajudaram a angariar fundos para arcar com as grandes despesas. Este ano, pela primeira vez, uma exposição de arte sacra com cerca de 250 peças integra a festividade de Corpus Christi. Inaugurada no dia 16 de maio, a mostra é uma celebração aos 400 anos dos Capuchinhos no Brasil. Atraindo cerca de 35 mil pessoas, segundo a organização, a festividade de ontem contou com a presença do arcebispo de Castanhal, Dom Carlos Verzeletti, que lembrou em sua homília a importância da família e da eucaristia.
O tema da festa deste ano foi “Eis-me aqui, Senhor! Eu creio, mas aumentai a minha fé!”. A procissão partiu da Igreja Matriz após missa campal que começou por volta das sete horas. Na chegada da romaria, uma nova celebração foi realizada.
A caminhada foi seguida por pessoas de todas as idades. Gabriel Corrêa, 13 anos, mesmo com o calor, estava animado com a romaria. Ele também contribuiu durante o dia anterior na montagem de parte dos tapetes. “A gente trabalhou a noite toda pra deixar tudo bonito. Não tô cansado, não. Jesus fez tanto pela gente, por que a gente não pode fazer um pouco por ele?”, pergunta o menino. Suely Silva, 48 anos, tia de Gabriel, acredita que o envolvimento de jovens na igreja pode ajudar a diminuir problemas como a violência, por exemplo. “O mundo tá muito virado. É importante os meninos se envolverem em eventos como esse. Jesus é paz. Se a gente não pode salvar todo mundo, salva pelo menos quem pode”, fala a devota.
Antônia Roumão, 77 anos, desde 1988 mora em uma das ruas paralelas à Igreja Matriz. Com um pequeno altar adornado com imagens de Jesus e Virgem Maria, a fiel acompanhou tranquila a passagem do Ostensório, a peça utilizada para transportar solenemente a hóstia durante a procissão. Pra mim, é um momento de alegria, mas também de saudade. Sinto Jesus mais perto, mas lembro de quem já foi, como meu marido”, comenta emocionada. Uma missa às sete da noite fechou oficialmente a festa de Corpus Christi de Capanema deste ano.
(Diário do Pará)
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