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Médicos pedem cautela sobre anúncio de cura do HIV

A comunidade médica considera precipitado falar em cura para Aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), mas comemora o caso do bebê norte-americano que nasceu com HIV e após dois anos de vida não registra mais o vírus no organismo. A divulgação do cas

A comunidade médica considera precipitado falar em cura para Aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), mas comemora o caso do bebê norte-americano que nasceu com HIV e após dois anos de vida não registra mais o vírus no organismo. A divulgação do caso no último dia 3 reacendeu as esperanças de quem vivem com o vírus, e que já contraiu Aids, para que num futuro próximo poderá se falar, finalmente, na cura da doença que somente em 2011, foi a causa da morte de 505 paraenses, segundo o Ministério da Saúde. Enquanto a suposta cura se trata de caso isolado, é importante que a população continue a se prevenir contra a infecção pelo vírus, principalmente as mulheres grávidas.

A coordenadora municipal de DST/Aids, Flávia Cristina Lima, atenta que o tratamento ao qual a criança foi submetida nos Estados Unidos lembra a metodologia adotada no Brasil nos casos em que os recém nascidos são filhos de mães portadoras do HIV e tomam antirretrovirais.

Essas crianças são consideradas de alto risco de infecção, por isso a partir da sexta semana de vida começam a tomar antirretrovirais e o tratamento segue até o 18º mês de vida, com medicamentos distribuidos pelo SUS.

Contudo, a médica infectologista Helena Brígido, observa que a criança tomou antirretrovirais indicados para o tratamento da Aids e não os de prevenção (profilaxia) que é o receitado pela comunidade médica no mundo inteiro, e adotado pelo Ministério da Saúde. “É importante se ter mais conhecimento sobre este caso. Eu não sei quais foram os testes feitos na criança”, frisou a médica, que também é professora na Universidade Federal do Pará (UFPA). “O meio científico não sabe o que aconteceu e as pessoas devem continuar a se prevenir contra a infecção do vírus HIV e da Aids”, alertou.

A criança, que teve a cura funcional, nasceu em 2010. A mãe não sabia que era portadora do vírus HIV. Com 30 horas após o nascimento os pesquisadores iniciaram o tratamento com doses terapêuticas de antirretrovirais e foi assim até os 18 meses de vida. Dez meses depois de parar de tomar os medicamentos, o bebê foi submetido a novos testes e nenhum deles detectou a presença do vírus HIV no sangue dele.

Mas Helena Brigido reitera que nos casos de recém nascidos infectados por HIV pela mãe, nas seis primeiras semanas de vida as dosagens de antirretrovirais são profiláticas (preventivas). Só, então a partir deste período é que passam a ser ministradas doses teraupêticas. “Na verdade, o acompanhamento e o tratamento com antirretrovirais começam durante a gravidez, mais precisamente a partir da 14ª semana de gestação. Neste bebê dos Estados Unidos não foi feita a prevenção durante este período porque a mãe não sabia que era portadora do vírus HIV”, comentou a médica.

Quando a mãe, portadora do vírus HIV, grávida toma os medicamentos a probabilidade do filho nascer infectado diminui para menos de 1%. Se o pré-natal não for adequado as chances da criança nascer com HIV são de até 40%. “Acho que (este caso) é um grande avanço, faz a gente pensar na possibilidade em assistir a criança por mais tempo”, analisa Helena Brigido.

A preocupação da médica está no fato de que uma notícia como esta pode fazer com que a população acredite que já existe, de fato, a cura para a Aids e por causa disto deixe de se prevenir contra o vírus HIV. “É temeroso falar em cura. Só se têm notícias de um caso. Não se tem estudos que confirmem isto”, desfechou.

Cientistas aguardam mais detalhes

A repercussão da cura funcional do bebê nos EUA também deixou preocupadas as mães portadoras do vírus HIV, que já tiveram um filho e seguiram a todas as recomendações, e sabem da importância em fazer o pré-natal e tomar os antirretrovirais para evitar que o filho nasça com o vírus.

Mãe de um lindo menino de cinco meses de vida, Maria Cristina (pseudônimo) relatou que teve uma gravidez normal, mesmo sendo portadora do vírus HIV. “Fiz o meu pré-natal como toda mãe faz. A partir do 3º mês, tomei todos os antirretrovirais a cada 12 horas e não senti nenhum efeito colateral”, disse.

Maria está preocupada porque muitas mulheres podem relaxar quanto ao pré-natal e não seguir com o tratamento, daí darem à luz uma criança que terá grandes chances de ser portadora de HIV. “O meu parto foi cesariano, que é o mais recomendável nestas situações. Antes de dar à luz, aplicaram o antirretroviral injetável, porque o risco de infecção é maior justamente no momento do nascimento”, lembrou. Mesmo depois de cinco meses de vida do menino, ela não o amamenta. Ele toma leite especial.

CAUTELA

Cientistas de todo o mundo estão pedindo cautela antes de comemorar os resultados. O trabalho ainda não foi publicado em nenhuma revista especializada nem passou pela chamada revisão por pares, quando os dados de um estudos são esmiuçados por cientistas independentes. No Brasil, os cientistas também pedem detalhes mais aprofundados sobre o caso. “Se esse resultado for confirmado, vai ser realmente uma coisa incrível. Mas ainda é cedo para tirar qualquer conclusão. Só o tempo é que vai dizer como essa criança vai reagir, se ela vai ficar indefinidamente sem manifestação laboratorial e clínica do HIV”, avalia o infectologista Caio Rosenthal, do Hospital Emílio Ribas.

(Diário do Pará)

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