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POLÍCIA

Qual o preço cobrado (e pago) por uma vida?

Façam as apostas. Qual o preço de uma vida no Pará? Esta pergunta foi considerada difícil para a Polícia Civil, que não tem levantamentos precisos sobre o assunto. Mas, fazendo um levantamento minucioso de execuções praticadas na Região Metropolitana de B

Façam as apostas. Qual o preço de uma vida no Pará? Esta pergunta foi considerada difícil para a Polícia Civil, que não tem levantamentos precisos sobre o assunto. Mas, fazendo um levantamento minucioso de execuções praticadas na Região Metropolitana de Belém, rapidamente é possível chegar a números surpreendentes - e assustadores.

Uma coisa é indiscutível: existe uma tabela básica utilizada por traficantes: a simples quitação de uma dívida com o tráfico inclui matadores que, a partir de R$ 100,00, assassinam sem dó nem piedade indefesas vítimas, geralmente viciados que devem a traficantes.

Há no mundo do crime outros tipos de execuções encomendadas por passionalidade, ambição, rixas e busca pelo poder. Os preços diferem dos matadores contratados para eliminar desafetos tendo como pano de fundo o tráfico de drogas.

Segundo um experiente policial, o respeito à vida está plenamente distorcido em todo o mundo. A vida humana perdeu valor e o reflexo dessa realidade são tragédias cotidianas que mancham o noticiário policial nas grandes metrópoles. Em Belém, não é diferente.
Uma das dez cidades mais violentas do Brasil, a capital paraense convive com matança desenfreada, quase sempre atribuída à disputa no submundo das drogas. Vidas são tiradas em troca de um par de tênis, uma bicicleta, um celular ou qualquer outro objeto.

Diariamente, as páginas policiais divulgam homicídios praticados por motoqueiros que se utilizam deste tipo de veículo para facilitar a fuga e se escondem sob capacetes com viseiras escuras que dificultam uma possível identificação. Eles utilizam sempre armas de grosso calibre para executar suas vítimas, em geral detonando toda a munição em cima de seus alvos.

De cada dez homicídios praticados na Região Metropolitana de Belém, sete envolvem os chamados “motoqueiros fantasmas”, que surgem do nada, matam suas vítimas e depois somem sem que se anotem placas, ou se descreva suas fisionomias.

Mas, a pergunta que não quer calar é: por que se mata tanto em Belém? A resposta, segundo especialistas e policiais, pode estar nos discutidos “problemas sociais” que a cidade enfrenta, com a maioria dos jovens enveredando pelo mundo do crime e se envolvendo com o tráfico de drogas - que é, cada vez mais, passaporte direto para cadeia ou cemitério.

Nas tabelas de crimes, também se faz "fiado"

No quadro dos assassinatos no Estado, surgem situações inusitadas. Sem o mínimo de respeito pela vida, os mandantes de execuções chegam até a contratar “fiado” a morte de desafetos, acreditando que ficarão impunes - o que é quase sempre verdade.

No município de Cametá, motivado por questão pessoal entre a vítima e o mandante, acabou executado com onze tiros o advogado Fábio Teles, tendo como mandante José Maria Mendes.
Nesse caso, houve uma preparação com um agenciador, mas o crime foi rapidamente desvendado. Os executores foram todos presos pela Divisão de Homicídios do Pará.

No inquérito policial acessado pelo DIÁRIO, é possível notar, a partir das investigações do delegado Eduardo Rollo, que este crime acabou não sendo pago conforme o combinado entre o agenciador e os executores.

Segundo o inquérito, as investigações apontaram Rosiverson de Souza Almeida como o agenciador que contratou “fiado” os pistoleiros Gleisson Araújo e Victor Eduardo - que contrataram Luzimar Pereira Miranda com a missão de guardar as armas usadas no crime, para depois entregá-las aos assassinos. Estes foram levados por José Orlando Trindade, que emprestou a moto na noite seguinte, para que o crime fosse consumado.

Outro caso de grande repercussão foi o assassinato dos irmãos Novelino. Segundo a Polícia, um dos executores, José Augusto Marroquim, fez o serviço, mas não recebeu o combinado e acabou preso antes que o pagamento fosse feito.

Mesmo contando na elaboração, agenciamento e execução com homens experientes, esse duplo homicídio triplamente qualificado não ficou impune - e as investigações mostraram “que, por R$ 3 mil reais, Sebastião Cardias e José Augusto Marroquim mataram os irmãos Novelino”, lembra o delegado Gilvandro Furtado, hoje diretor da Divisão de Homicídios, e que na época trabalhava na DRCO.

Pistoleiros urbanos são muito jovens

Embora não exista uma tabela oficial para as execuções em Belém, é fácil chegar aos números. A resposta está na crônica de crimes recentes, que apontam preços entre R$ 100,00 até R$ 2 mil, dependendo da posição social da vítima.

Na maioria dos casos, os assassinos presos pela Polícia Civil não declinam valores pagos pelos contratantes quando prestam os depoimentos nos inquéritos, mas as investigações revelam que os crimes são executados com promessa de pagamento ou até mesmo pagamento antecipado.

Hoje os “pistoleiros do asfalto” diferem daqueles da década de 70 e 80, muito comuns em regiões do sul e sudeste do Estado. Gente que vinha de outros Estados, contratados para eliminar desafetos e com uma destreza impressionante no manuseio de armas e agilidade para fugas.

Atualmente, os motoqueiros que matam na Região Metropolitana são, em sua maioria, jovens na faixa de 16 a 24 anos, que aprenderam a atirar aleatoriamente e em geral usam armas de grosso calibre e chegam a disparar várias vezes para ter certeza de que atingiram seus alvos.

EXECUÇÕES

O DIÁRIO acompanhou em 2010 um crime que teve como vítima uma psicóloga no município do Acará, executada, supostamente, a mando do marido, o engenheiro sanitarista Domingos Sávio de Paula, de 54 anos - que teria contratado para o crime, segundo o inquérito policial, por R$ 2 mil, Misael Lopes Batista, de 20 anos, e um adolescente de 17 anos.

Domingos Sávio foi preso quando tentava fugir de Belém. No depoimento prestado pelo pistoleiro adolescente à delegada Socorro Maciel, na época diretora da DATA, este confessou que o crime foi encomendado por Domingos Sávio com a promessa de pagamento logo após o crime.

Em julho deste ano, um outro homicídio abalou os moradores de uma vila na avenida Tavares Bastos, no bairro da Marambaia. Um homem matou com tiros e facadas a funcionária da Funtelpa Maria Odinéia Correa. Depois de um mês de investigações pela Divisão de Homicídios, o crime foi solucionado. Por trás do crime estaria a filha da vítima, Aretha Caroline Correa Sales, de 20 anos, que, por ambição e em conluio com o namorado, contratou Alexandre Duarte, de 18 anos (o “Subzero”), e Rosivaldo

Gemaque de Lima, também de 18 anos (o “Zeti”), para executarem o crime.
Ao longo das investigações, os policiais da Divisão de Homicídios chegaram à conclusão de que Aretha e o namorado adiantaram R$ 400,00 antes do crime e pagariam mais R$ 600,00 quando tudo estivesse consumado.

O crime foi planejado nos mínimos detalhes, mas os mandantes não contavam com a tecnologia e o trabalho investigativo da Divisão de Homicídios, que acabou desvendando o caso dentro do prazo do inquérito.

MOTOS

Outro homicídio que também teve pagamento e motocicletas utilizadas na execução foi a morte do professor da Universidade Federal do Pará, Raimundo Lucier Marques Leal Júnior, de 59 anos, morto a tiros dentro de seu carro, na avenida Duque de Caxias, entre as travessas Enéas Pinheiro e Pirajás, no bairro do Marco.

O professor foi surpreendido pelo assassino quando se preparava para dar o retorno na pista, na avenida Duque de Caxias, logo depois de sair de uma oficina mecânica. Segundo testemunhas, o homem foi até o carro e disparou contra o professor. Fugiu depois com um comparsa que o esperava em uma motocicleta do outro lado da rua.

Investigações rápidas da Divisão de Homicídios levaram até o mandante, o também engenheiro Carlos Augusto de Brito Carvalho, que alegou motivo fútil: uma suposta desavença com o professor em discussões no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea-PA). O contrato de morte previa pagamento de R$ 500,00 para os dois homens que executaram o crime, à luz do dia, em uma das avenidas mais movimentadas de Belém.

Em Ananindeua, Marituba e mesmo Belém outra modalidade de execução chama a atenção. Viciados que têm pequenas dívidas com traficantes são aliciados para matar desafetos ou ladrões que agem na área da “boca de fumo”. Com isto o traficante resolve dois problemas: quita a dívida e elimina um rival ou desafeto.

(Diário do Pará)

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