Ipespe assume erro e auditará pesquisa eleitoral

O diretor de Planejamento e Atendimento do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), Maurício Garcia, lamentou ontem o que considerou um erro ainda inexplicável na segunda pesquisa de intenções de votos feita pelo órgão em Belém. Ele informou que será feita uma espécie de auditoria para identificar as causas da disparidade entre os números da pesquisa e o resultado das eleições na capital paraense.

O Ipespe foi o órgão contratado pelo DIÁRIO para fazer as sondagens na capital nas eleições municipais deste ano. Ao todo, foram cinco rodadas de pesquisas, sendo três no primeiro turno e duas no segundo. Na pesquisa publicada na edição de domingo, 28, o Ipespe apontava empate técnico entre o candidato do PSol, Edmilson Rodrigues e o candidato do PSDB, Zenaldo Coutinho, com pequena vantagem para Edmilson que aparecia com 51% das intenções de votos válidos contra 49% do tucano.

Finalizada a totalização das urnas, Zenaldo foi eleito com 56,61% dos votos e Edmilson teve 43,39% o que dá uma vantagem de 13,22% para o candidato do PSDB, fora da margem de erro da pesquisa que era de três pontos e meio para mais ou para menos.

A pesquisa do Ipespe foi realizada entre os dias 24 e 26 de outubro e registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob protocolo PA-00342/2012. “Toda pesquisa tem uma margem de erro, além de ter um “intervalo de confiança”, que nesse caso era de 95%. O que isso quer dizer? Dentro de 100 pesquisas realizadas com essa metodologia, com todos os cuidados e acertos estatísticos possíveis, 95 delas coincidem com o resultado real dentro dessa margem de erro (que nesse caso era de 3,5 pontos percentuais para mais ou para menos), e em outras cinco pesquisas o resultado “real” estará fora dessa margem. Lamentavelmente, principalmente para o Ipespe, essa última pesquisa realizada em Belém estava nesse segundo grupo”, escreveu Garcia em carta enviada na noite de ontem à direção do grupo RBA.

A disparidade entre os números do Ipespe e os resultados da eleição geraram uma série de críticas de eleitores nas redes sociais e do próprio candidato Zenaldo que, sem citar nomes, se referiu várias vezes ao que chamou de “pesquisa manipulada”. Garcia admite que houve erro, mas rechaça qualquer suspeita de manipulação. “As entrevistas foram realizadas por equipe de entrevistadores de fora do Pará, sendo 20% delas checadas.

O Ipespe, há 26 anos, trabalha tendo como matéria-prima a isenção, o rigor científico e a credibilidade; e se orgulha de ser um dos mais respeitados institutos de pesquisa do Brasil, o maior com sede fora do Sudeste. “Mas isso não nos isenta de situações de eventuais erros, como esta ocorrida em Belém. Nessa eleição, em 2012, o Ipespe realizou pesquisas em centenas de cidades, divulgando algumas dezenas delas, com elevada margem de acerto, no primeiro e o segundo turnos”, disse o diretor do Ipespe.

Na carta, o diretor do Ipespe ressalta que o instituto assume a responsabilidade pelo erro e isenta o Diário e grupo RBA que, afirma ele, foi “absolutamente imparcial em relação aos resultados, que sempre foram divulgados em sua íntegra, sem qualquer tipo de ingerência e questionamento”.

(Diário do Pará)