Em uma sociedade em que as notícias circulam quase tão rápido quanto os fatos acontecem, investir em boas histórias é essencial. Ao menos é este o caminho que o jornalista Ismael Machado acredita que os jornais impressos devem seguir. Com 21 anos de profissão e repórter especial do DIÁRIO desde 2008, ele mostra que sua filosofia está certa. Hoje à noite, Machado será um dos contemplados com um dos maiores prêmios do jornalismo brasileiro: o Vladimir Herzog. A menção honrosa foi conquistada graças à série ‘Dossiê Curió’, publicada entre 8 e 15 de abril deste ano. O DIÁRIO e a Rádio Nacional do Amazonas foram os únicos veículos de comunicação da região Norte a serem premiados nesta edição.
Em março, o Ministério Público Federal pediu à Justiça a condenação do oficial de reserva Sebastião Curió Rodrigues de Moura, 78 anos. Depois de 38 anos, os crimes cometidos pelo ‘Major Curió’ durante a Guerrilha do Araguaia são novamente discutidos. Era o gancho que Ismael precisava para explorar um dos episódios mais sangrentos e controversos da história recente do Pará. “O período de apuração durou mais ou menos um mês, mas isso é muito relativo. Eu já tinha feito reportagens antes sobre a Guerrilha, sobre Serra Pelada, já tinha estado no local onde se buscavam os corpos dos desaparecidos. Era algo que eu já conhecia. Foi uma questão de redimensionar, mudar o foco e procurar uma nova abordagem”, explica Machado.
Curió é um homem ambíguo que é visto como justiceiro por uns e assassino cruel por muitos outros. No Pará, foi um dos principais nomes do exército brasileiro nos chamados “anos de chumbo”. Ele é acusado de ordenar e comandar sequestros, torturas e homicídios. Um homem tão influente que foi escolhido para controlar Serra Pelada, no auge do garimpo, e teve um município batizado em sua homenagem: Curionópolis.
Por trás de um grande personagem, há sempre uma boa história. É isso que Ismael busca profissionalmente. “Quando nós contamos a história, acabamos fazendo parte dela também. Temos a oportunidade de entrar naquele universo, participar daquilo. Uma boa história é boa em qualquer lugar”, fala o repórter.
Para o jornalista, o retorno do público e a possibilidade de se fazer presente na vida dos leitores são dois grandes motivadores. “O meu interesse é fazer com que o leitor acompanhe a matéria até o final. E, para prender a atenção, é necessário que o texto seja bem escrito, interessante e agradável. Esse é o grande desafio”, completa. O jornalista ressalta o trabalho do paginador Márcio Alvarenga, além da confiança de editores e direção, como fundamentais para que a série ganhasse as páginas.
Premiação coroa trabalho sério e competência de profissionais
Desde 1979, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo concede a premiação a profissionais e veículos de comunicação que se destacaram com trabalhos na defesa dos Direitos Humanos e Sociais e da cidadania. O nome é uma homenagem ao jornalista iugoslavo Vladimir Herzog (1937-1975).
Sobrevivente do nazismo, Herzog dedicou a vida à luta pela liberdade em um regime ditatorial que cultivava caraterísticas como as daquele que devastou seu país. Preso e torturado, a família do jornalista só conseguiu provar que seu suposto suicídio foi um assassinato três anos após sua morte. Graças à dedicação, o compromisso e a importância de seu trabalho, Herzog virou símbolo da luta contra repressão em defesa da verdade e da dignidade humana.
A 34ª edição do prêmio superou todos os recordes no número de inscrições. Mais de 500 trabalhos disputaram prêmios nas áreas de arte, fotografia, internet, jornal, revista, rádio, documentário e especial. Ao todo, 17 foram premiados. O DIÁRIO ficou entre os quatro finalistas na categoria jornal, em uma disputa com 93 concorrentes, e ganhou umas das oito menções honrosas. O vencedor na categoria foi o jornal de Minas Gerais “O Tempo”, com a série “Quando a ditadura entrou em campo”. A cerimônia de premiação, em São Paulo, será antecedida por uma roda de conversa com todos os ganhadores. Entre eles, estará outro paraense: o jornalista Lúcio Flávio Pinto, que será homenageado ao lado de Alberto Dines pelo conjunto e relevância de seu trabalho.
Para o diretor-presidente do DIÁRIO, Jader Barbalho Filho, receber uma premiação disputada por grandes veículos de comunicação do país é uma honra. “É a coroação de um trabalho sério e contínuo que a redação vem fazendo ao longo destes anos. Com muito esmero, perseverança e análise, nós estamos investindo cada vez mais em bons temas e na qualidade da informação que veiculamos. Agora nós estamos começando a colher os frutos destes investimentos”, afirma. O diretor-presidente ressalta a valorização da reportagem através de iniciativas como a Escola Diário de Jornalismo e completa: “Nós entendemos que o grande capital do jornal são seus colaboradores e que os resultados são frutos do trabalho deles”.
(Diário do Pará)
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