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População sofre com as altas temperaturas

O mês de junho será o mais quente dos últimos dois anos em Belém, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). A previsão é de que, com a redução da quantidade de chuvas, os termômetros marquem máximas de até 34°C, e quando isto acontecer a sensa

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O mês de junho será o mais quente dos últimos dois anos em Belém, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). A previsão é de que, com a redução da quantidade de chuvas, os termômetros marquem máximas de até 34°C, e quando isto acontecer a sensação térmica poderá ultrapassar os 36°C.

Nas ruas ou em casa, a população já sente uma prévia do que está por vir, já que a sensação de calor aumentou, consideravelmente, nos últimos dias, obrigando as pessoas a sair de casa com protetor solar, garrafinha com água e sombrinha para se proteger dos raios solares.

Quem trafega pela Avenida Almirante Barroso no horário intermediário, entre 11h e 16h, depara com uma cena comum: dezenas de pessoas tentando se esconder do sol, pois nem todos os pontos de ônibus possuem cobertura para proteção dos usuários. Para quem não consegue encontrar uma sombra, o jeito é aproveitar o que tem em em mãos para amenizar a sensação de calor (revistas, livros, leque etc.).

Sem alternativa, a grávida Alana Souza, 20 anos, precisou se “encaixar” na sombra de um poste para poder esperar o transporte coletivo. “Se não fosse por este poste, eu estaria em situação ainda mais complicada. Não temos como escapar do sol”, se queixou.

Enquanto Alana tentava se proteger do sol, o vendedor ambulante Carlo Alberto Avis, 44 anos, fazia questão de estar exposto aos raios solares para vender água mineral aos passageiros dos ônibus. “O verão este ano será muito pior que o do ano passado. Mas pra mim foi bom porque a venda de água mineral dobrou nos últimos dias”, celebrou.

No início do mês de maio, Carlos conseguia vender, no máximo, seis pacotes de água mineral por dia. “Hoje eu vendo até 13 pacotes somente durante a tarde. De uma às quatro horas, eu vendo tudinho”, frisou. Cada pacote possui 12 garrafas de água mineral.

SENSAÇÃO TÉRMICA
De acordo com a meteorologista Ailce Barros, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), é complexo afirmar que o aumento da sensação térmica signifique a chegada do verão em Belém. “Estamos em uma área equatorial, então não temos uma estação bem definida. O que temos, de fato, é um período chuvoso e outro menos chuvoso”, disse.

No mês de junho, o número de chuvas tende a diminuir em comparação com os meses que o antecederam – março, abril e maio. “Por chover menos, a sensação de calor aumenta”, reforçou Ailce, que disse que a temperatura na cidade das mangueiras vai oscilar entre 31,7°C e 33°C. “No entanto, temos máximas de até 34°C previstas para este mês e a sensação térmica pode ficar um pouco acima de 36°C”, esclareceu.

Em relação à quantidade de chuvas, Ailce Barros informou que também haverá mudanças: o tempo de duração de chuvas será menor que uma hora. “A previsão é de pancadas de chuvas que devem acontecer no final da tarde e início da noite, algumas em áreas isoladas”, acrescentou a meteorologista.

SOMBRINHAS
As vendedoras Ariane Santos e Jéssica Rodrigues, dividiam o espaço embaixo da sombrinha, na manhã da última quarta-feira. “Além da sombrinha trago na bolsa uma garrafa de água, uma toalhinha e recipiente com protetor solar”, enfatizou Ariane.

O montador Alfredo Sérgio do Vale, 49 anos, disse que, em sua casa, o consumo de água para beber aumentou nos últimos dias. “Também aumentou o consumo de água no registro porque, com esse calor, a gente toma banho várias vezes ao dia para tentar se refrescar um pouco mais. Isto sem falar que o ventilador ligado aumenta o consumo de energia”, destacou.

Em Icoaraci, Região Metropolitana de Belém, a sensação de calor é tamanha que alguns moradores passaram a frequentar a praia do Cruzeiro para se refrescar. É o caso dos amigos Paulo Pinheiro, 19, e Jean Ferreira, 15, que moram no conjunto da Cohab e, à tarde, costumam ir à praia apenas para da um mergulho e fugir do calor. “Não dá para ficar em casa, é muito quente!”, exclama Paulo.

Sem arborização, a tendência é o clima piorar
O forte calor também chama atenção para outro ponto: a urbanização desordenada da cidade e a diminuição de áreas verdes na Região Metropolitana. De acordo com Luziane Mesquita, professora de Geografia e Cartografia da Universidade Federal do Pará (UFPA), Belém já apresenta áreas que podem ser consideradas verdadeiros desertos florísticos, ou seja, estão praticamente sem arborização. “Se não houver um planejamento imediato de arborização para a cidade, dentro de 10 anos, será drástico viver em Belém por causa do calor”, alertou a pesquisadora.

A afirmação da professora foi dada com base no mapeamento das áreas verde em Belém, feito pela Faculdade de Geografia e Cartografia da UFPA, ao longo do ano passado, mas que somente agora foi divulgado. Nele, evidencia-se que a redução da quantidade de árvores no espaço urbano da cidade afeta a vida da população e, consequentemente, o aumento da sensação de calor.

As árvores – e também espaços com uma vasta vegetação – funcionam como reguladores térmicos naturais. “Belém é uma cidade localizada em uma zona equatorial, logo a incidência da insolação aqui é muito forte o ano inteiro, com a perda da vegetação (árvores e bosques) a umidade do ar diminui consideravelmente e as temperaturas aumentam”, comentou Luziane.

Para a construção do “Atlas de áreas verdes de Belém”, como o estudo foi chamado, foram utilizadas imagens feitas por satélite dos bairros e distritos de capital, bem como o histórico de formação e urbanização dessas áreas. Ao todo, foram consideradas as áreas verdes de oito distritos urbanos da capital paraense. “Temos distritos que estão extremamente carentes de áreas cobertas por vegetação. Quanto menos verde, mais calor”, frisou a pesquisadora. Ela explicou que o ideal é que cada cidade, distrito ou bairro possua 30% de seu território coberto por vegetação e que, quando a média é menor que 5%, a área passa a ser considerada deserto florístico. Assim, o Distrito Administrativo do Guamá (Dagua), que engloba os bairros da Terra firme, Condor, parte do Guamá, Jurunas, Cremação, Cidade velha, Canudos, São Brás, Marco e Curió-Utinga, foi o que apresentou o pior Índice de Cobertura Vegetal (ICV), com apenas 4,33% de seu território arborizado.

O distrito que apresentou o melhor ICV foi o do Entroncamento (Daent) com 54,28%, isto porque nele estão incluídas as principais áreas de proteção ambiental de Belém, entre elas a do Parque do Estadual do Utinga.

“Durante a nossa pesquisa, saímos a campo com termômetros que, em localidades diferentes, marcaram 33°C e 38°C no mesmo espaço de tempo. Onde tinha uma boa arborização as temperaturas sempre eram menores”, assinalou a pesquisadora.
Como solução para a redução da sensação de calor, Luziane sugere a criação de mais áreas verdes na cidade, utilizando espécies nativas da região amazônica. “Não podemos deixar de perceber que os novos condomínios verticais, em Belém, estão sendo construídos em áreas de florestas. Muito em breve, nem mesmo os parques que temos em Belém darão conta de fazer a ‘regulação térmica’ na cidade das mangueiras”, finalizou a pesquisadora.

(Diário do Pará)

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