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Vitória do ‘Sim’ reflete falta do Estado

Os números dizem a verdade sobre o abandono do oeste do Pará pelo poder governamental centralizado em Belém. O presidente da Associação Comercial de Santarém, Alberto Oliveira, é quem fala: “Em 2010, o governo estadual investiu ridículos 4,8% de recursos

Os números dizem a verdade sobre o abandono do oeste do Pará pelo poder governamental centralizado em Belém. O presidente da Associação Comercial de Santarém, Alberto Oliveira, é quem fala: “Em 2010, o governo estadual investiu ridículos 4,8% de recursos públicos para atender uma população que representa 16% de todo o Estado. Ora, o investimento deveria pelo menos ser igual ao tamanho da população, ou seja, 16% para satisfazer as necessidades básicas nas áreas de saúde, educação, saneamento e estradas”.

A situação é ainda pior quando os mesmos números apontam para investimentos na malha rodoviária da região. Dos mais de 5 mil quilômetros de estradas do Pará, apenas 127 quilômetros foram asfaltados em todos os 26 municípios do oeste. Para Oliveira, isso não pode continuar, porque solidifica um sentimento de rejeição do povo do Tapajós, que se sente discriminado pelo governo.

O empresário disse que o resultado do plebiscito mostrou que a região está dividida, de fato, do resto do Estado, “mas não de direito”. Com a vitória do “Sim” na região, o governo está diante de um desafio: ou ouve as vozes que pediram a emancipação ou será tragado por elas. “Mais de 90% do povo do Tapajós disse claramente nas urnas que quer romper o isolamento e ser tratado com dignidade pelo governo estadual. As cidades da região saíram fortalecidas no plebiscito e não se sentem derrotadas. Pelo contrário, elas têm nas mãos uma arma poderosa para exigir a implantação de políticas públicas do governo que têm sido adiadas ao longo do tempo. Lutaremos agora por um Pará mais justo e nosso grito não será ignorado porque o Brasil inteiro já tomou conhecimento dele. O governo sabe que iremos cobrar investimentos e estamos prontos para isso”, resumiu Oliveira Outro empresário santareno, Ivair Chaves, integrante do comitê favorável à criação do Estado do Tapajós, condenou a atitude da prefeita Maria do Carmo (PT) de decretar luto oficial de um dia na cidade em protesto contra a decisão da maioria da população paraense, que rejeitou a divisão de seu território. Ele também desaprovou a ideia de alguns empresários de colocar um pano preto na porta de seus estabelecimentos em sinal de luto. “O Estado do Tapajós não morreu. Para que esse negócio de luto? Não tem sentido. Agora é que a criança está nascendo. E o parto foi no plebiscito de domingo”, afirmou Chaves.

Sobre o plebiscito, aliás, o empresário sustenta ter sido “fabricado” para que a criação do Tapajós e de Carajás não acontecesse. Para ele, não tinha por que ouvir todo o Pará sobre a divisão. O argumento do qual se utiliza para rebater a tese da consulta a todo o Estado é de natureza familiar: “Nenhum pai libera o filho para sair de casa. Ele sempre quer que o filho fique”.

Quando o senador Mozarildo Cavalcante – autor do projeto de criação do Tapajós – esteve em Santarém para ver a situação do município e da região oeste, ele foi recepcionado por Chaves. “O senador andou comigo no meu carro. Mostrei a ele a situação de abandono das comunidades mais distantes da cidade de Santarém. Não tem saúde, não tem estrada, falta incentivo aos agricultores e pescadores. A capital do Pará está muito longe de Santarém e do oeste. E o governo do Estado é ausente, pois destina a maior parte dos recursos para Belém e região metropolitana”, criticou.

Chaves lembra que o governador Simão Jatene, meses atrás, chegou a fazer um governo provisório em Santarém, tentando “arrefecer” o ânimo dos separatistas.

LUTO OFICIAL

A prefeita do município de Santarém, Maria do Carmo Martins, oficializou ontem luto oficial de um dia na cidade, após o anúncio do resultado do plebiscito que manteve o Estado do Pará sem divisões. Na cidade, que seria a futura capital do Estado do Tapajós, 98% se declararam a favor da divisão.

As bandeiras de Santarém estão a meio-mastro. E, na fachada do centro comercial, vários empresários estão colocando tarjas pretas na frente das lojas.

Para Olavo das Neves, um dos líderes do Instituto Cidadão Pró-Estado do Tapajós, “as pessoas estão muito tristes, mas conscientes de que a região fez seu papel”.

“Foi muito forte, durante a campanha, [a ideia de] que esse movimento era coisa de meia dúzia de políticos de Santarém, mas, como 98% dos eleitores da cidade disseram ‘Sim’, esse argumento foi desmentido. A capital [Belém] não entendeu as nossas necessidades e isso é o que mais machuca. Esse resultado não é o final da história, é só mais um capítulo”, defendeu o empresário.

Ontem, a Câmara de Vereadores votava uma moção de repúdio ao Estado do Pará, ao governador, Simão Jatene (PSDB), e ao vice-governador, Helenilson Pontes. “Essa moção representa o nosso descontentamento com o governo do Estado e com o vice. Simão Jatene influenciou no processo, fazendo campanha pelo ‘Não’. Já o vice-governador, que é filho de Santarém, se omitiu no processo”, disse o vereador Reginaldo Campos (PSB).

Políticos e lideranças da cidade tinham várias reuniões programadas para ontem com o intuito de avaliar o resultados do plebiscito. Entre as medidas que já estão sendo estudadas, está um projeto para a transferência da capital do Estado para o interior. Outra reivindicação é a descentralização da estrutura do Estado, hoje toda concentrada em Belém.

(Diário do Pará)

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